Bom dia!

Uma estreia tardia mas uma estreia do Kyoto Animation, e quem é que não ama o estúdio, não é?

Bom, não sei, acho que muita gente não ama, na verdade. Mas eu amo e essa é a graça. Mesmo que seus animes sejam infalivelmente oito ou oitenta, ou te puxam pelo coração e te emocionam ou te parecem os mais bonitos minutos desperdiçados da sua vida, eu amo o KyoAni.

E os dois motivos estão expressos no parágrafo anterior. Um é que sempre são muito bem produzidos, um colírio para olhos cansados. O outro, mais importante, é que quando não estão fazendo Amagi Brilliant Park ou Myriad Colors Phantom World e me matando de tédio, fazem Hibike! Euphonium ou Kobayashi-san Chi no Maid Dragon e me deixam nas nuvens.

Vamos ignorar Violet Evergarden, ok? Ainda não consegui fazer as pazes com aquele anime.

Animes bons ou entediantes, porém, uma coisa é quase certa quando se trata de Kyoto Animation, especialmente se o elenco for adolescente: seus personagens serão muito estereotípicos.

Isso não é algo ruim em si. Bem usado, é um recurso utilíssimo para poupar tempo e colocar o espectador imediatamente em contato com os personagens. Tsurune não escapa disso. Em seu clube de arquearia estilo japonês temos:

 

 

E o protagonista, Minato, que escapa de pertencer a uma classificação específica. Dessa forma o anime tem um grupo de personagens mas só precisa se focar em desenvolver um deles, não por acaso o mais importante. Percebe a importância de estereótipos?

Não que seja a única forma de se contar uma história, é claro. Outros animes se viram muito bem sem isso, e há dois exemplos excelentes disso nessa temporada: Kaze ga Tsuyoku Fuiteiru e Irozuku Sekai no Ashita kara.

Kaze Fui é uma adaptação de um livro de Shion Miura, a mesma autora de Fune wo Amu. Ela não pode contar com os estereótipos de animes porque ela não escreve animes para começo de conversa. O mercado literário (e não são light novels que ela escreve) é outro bicho.

Irozuku é um anime original do estúdio P.A. Works, que entre outros originais tem animes slice of life como Shirobako e Sakura Quest e animes de ação como Kuromukuro e Sirius the Jaeger. O que originais do estúdio costumam ter em comum, independente do gênero, é um trabalho cuidadoso de caracterização de personagens sem depender de estereótipos.

A desvantagem desses casos? É mais demorado para conhecermos seus personagens. Os episódios iniciais (e às vezes arcos intermediários) são “gastos” apenas nisso. Via de regra, os animes mais chatos do Kyoto Animation são aqueles que gastam os primeiros episódios caracterizando seus personagens, o que costuma apenas confirmar os estereótipos – e esse é o problema.

Ainda não dá para saber se Tsurune terá esse problema, à ver. O protagonista tem um background atraente e que pode se tornar cativante.

 

 

Minato se interessou em arquearia ainda criança, quando sua mãe o levou para assistir um torneio. Ele parece ter se encantado com tudo, os movimentos cuidadosos e precisos dos arqueiros, a flecha voando certeira no alvo, e principalmente o zunido característico do arco ao disparar.

Segundo aprendemos, esse som possui um nome, que vem a ser o nome do anime: Tsurune.

Encantado que ficou, Minato passou a praticar arquearia japonesa na escola. E parece que se tornou muito bom nisso, porém…

Entre o Minato criança, o Minato arqueiro, e o Minato do começo do anime, não sabemos o que aconteceu. Em algum momento sua mãe morreu. Em algum momento ele participou de um torneio pela sua escola, errou, e aparentemente não consegue mais praticar o esporte por ficar muito nervoso na hora do disparo e acabar sempre errando.

A morte da mãe tem algo a ver com seu erro e consequentemente sua insegurança com o arco? É possível. Estaria pois caracterizado um ciclo vicioso em que um trauma leva a outro e a pessoa só faz ficar cada vez pior. Ele ainda gosta de arquearia, porém, e sempre andar com sua luva é um sinal disso, então nem tudo está perdido. Boa parte, senão a totalidade, desse anime deve focar na recuperação do Minato.

O que muitas pessoas devem ter pensado assim que Tsurune foi anunciado, ou bem, o que pelo menos eu pensei quando Tsurune foi anunciado, foi: Será Tsurune um Free de arquearia?

Free é um anime esportivo com um clube escolar de natação, produzido pelo Kyoto Animation. É um sucesso enorme, provavelmente seu maior sucesso desde que foi lançado. K-On! provavelmente foi um sucesso maior, mas é adaptação de um mangá, não é uma marca que pertença ao estúdio, ao contrário de Free, um original do KyoAni.

E agora assistimos Tsurune, um anime esportivo com um clube escolar de arquearia japonesa, produzido pelo Kyoto Animation. O original é uma light novel publicada pela editora pertencente ao estúdio, como a quase totalidade de seus lançamentos recentes – esse tem sido o modelo de negócio do KyoAni. Estarão tentando replicar o modelo de sucesso?

Não sei. Eu não assisti Free para poder comparar para além desses parágrafos. Mas com certeza terá bem menos fanservice, a não ser que comecem a praticar arquearia seminus, o que é bem pouco provável. E há garotas no clube, embora elas tenham uma participação bastante reduzida.

 

 

Então vamos à derradeira pergunta, aquela que realmente importa e que não poderia ficar de fora. Quero dizer, ok, pode ou não ser como Free, mas:

E como ficam as fujoshis?

 

 

Felizes, acredito.