A primeira impressão sempre é a que fica, isso é um fato – por vezes infeliz, em outros casos nem tanto. Senryuu Shoujo nos mostra o dia a dia de uma dupla dinâmica extremamente incomum e que foge a essa regra tão maldosa, mostrando que o que vale é o que se descobre com a convivência e não o que as aparências demonstram.

Eu costumo sempre dizer que pessoas de valores iguais tendem sempre a se unir, seja pelo romance ou pela amizade. Elas podem ter essências, personalidades ou gostos diferentes, mas existe um ponto onde elas se igualam e é a força disso que as une – parece louco, mas na prática isso simplesmente ocorre, assim como acontece com os protagonistas dessa história.

Nanako é uma garota simpática e fofa, cujo raciocínio parece limitado quando lhe surgem muitas opções ou complicações quando em contato com alguma situação. Como consequência disso, ela prefere não falar, optando por escrever e gesticular como uma forma de comunicação mais viável e prática – sendo ela bem proficiente nisso, chega a ser impressionante.

No começo não consegui entender perfeitamente a dificuldade dela, mas partindo do princípio de que talvez ela não fosse muito habituada ao diálogo quando pequena, isso faça algum sentido.

Busujima Eiji em compensação, anda na contramão da protagonista. A aparência dele é a de alguém que passa longe de ser amistoso, um homem de poucas palavras e muita porrada – quando na verdade ele é mais falante e gentil do que se espera.

Diferente do que a maioria faz, Nanako não o lê pelo que aparenta, mas ela cria um vínculo com ele porque se deu a chance de conhecer o lado bom do suposto delinquente. Me chama atenção também que a relação deles é tão completinha, que Busujima consegue ler as expressões de Nanako sem muito esforço – na verdade parece até que ele tem um dicionário de Nanakês na mente.

Pelo que percebi, Nanako vai funcionar como um veículo para quebrar a casca do amigo. Pelo seu jeito de ser ela conquista, já ele espanta – ainda que seu desejo não seja esse -, mas com as ferramentas certas acho que o garoto pode avançar para o próximo nível, assim tendo a chance de formar novos amigos.

A dinâmica entre eles me lembra um pouco a dos protagonistas de ReLIFE, onde os dois tem lá seus problemas internos, mas um serve de apoio para a deficiência do outro, sendo Busujima muito similar a Hishiro pela falta de um tato social.

O clube de senryuu também é interessante porque a capitã embasa o que eu disse sobre dar a Busujima a oportunidade de mostrar seu melhor lado. Ela também tinha seus receios inciais, mas repensou e agora está sempre exercitando a capacidade dele de se comunicar, assim como a “necessitada” protagonista.

Busujima é um rapaz bom e gentil, cujo interior se identifica e assemelha ao de Nanako, por isso gosto bastante da sinceridade e do empenho que emprega em defender o que é real e importante para ela, no momento em que o amigo se sente um obstáculo para a vida tranquila dela.

De modo geral a história conseguiu me agradar pela leveza e peculiaridades dos dois protagonistas. Senti um pouco a falta de uma introdução sobre o “senryuu” enquanto arte literária, mas isso não compromoteu minha diversão.

O formato dos 12 minutos ajuda bastante no resultado final do anime, utilizando o tempo necessário para envolver quem assiste e evitando tornar a comédia maçante no processo – já que o humor da série é mais sútil e se pauta em cima de um tema específico.

Não sei se desse mato sai coelho, porém quanto ao quesito romance – se tinha alguém procurando -, nesse primeiro episódio a garota deu uma deixa mesmo que por acidente. Ele por sua vez já é bem inexperiente e bobão, só que ainda sim entra no negócio na maior.

Quero ver até onde Senryuu Shoujo pretende me levar e continuarei acompanhando bem de perto as mudanças de Busujima e Nanako. Até o próximo artigo!

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