Hello pessoas, como estão? Espero que estejam bem.

De novo é a Bruna falando, minha semana foi altamente maluca e eu já estou pensando no artigo da próxima semana, pois estou incrivelmente apaixonada por um certo mangá. MAS não será dele que conversaremos hoje, para ser franca a indicação é sobre uma narrativa pela qual fui surpreendia de um jeito bom; se vocês gostam de um bom drama e universos paralelos com fendas no tempo irão se sentir bem enquanto leem. Uma curiosidade interessante é que a obra possui uma adaptação para live action de mesmo nome produzida em 2007.

Quando decidi ler Kimi ni Shika Kikoenai fiquei com a impressão de que seria mais um mangá, de certa forma, apelativo. Não sei explicar exatamente o motivo de me sentir assim, apenas li enquanto ficava com um pé atrás. Porém, conforme fui entendendo a proposta do autor Otsuichi, comecei a me encantar e simpatizar com as histórias entrelaçadas por meio de uma ligação.

Não vou mentir para vocês, este mangá me lembrou do livro Ligação da Rainbow Rowell (leiam ele se sentirem vontade, é realmente bom apesar de ser um romance; os personagens têm vidas próprias e a complexidade deles é algo fascinante), acho que, por usar um telefone e existir esse lance de fendas no tempo, a narrativa me trouxe a mesma sensação. Conforme lia, também me veio a lembrança do filme Kimi no Na wa, acho que essa memória apareceu pelos personagens estarem em momentos diferentes e coisas do tipo.

Kimi ni Shika Kikoenai é um mangá que conta a história de Ryou Aihara, uma estudante tímida e isolada por todos os outros colegas. A garota não possui um celular apesar de desejar muito, porém, não é como se alguém fosse ligar para ela de qualquer forma, tendo em vista que a colegial não possui amigo algum e, por mais ciente que estivesse disso, Ryou idealiza um celular em sua mente com todos os detalhes possíveis, desde a cor ao toque de chamadas. Num determinado dia, seu telefone imaginário recebe uma ligação e para sua surpresa tinha alguém do outro lado da linha.

A narrativa criada por Otsuichi e desenhada por Kiyohara Hiro, me surpreendeu pela forma que trata a solidão, amizade e a compreensão literal das coisas. A partir do momento que nos é apresentada a relação de Ryou com sua turma, onde ela, por ser incrivelmente tímida, não consegue se comunicar adequadamente com os demais, já percebemos o quão sozinha a garota é, e a maneira como isto afeta a sua vida.

Recorrer para sua imaginação como uma fuga da realidade é algo muito comum, mas este fato não diminui o sentimento de solidão e inutilidade quando não consegue se relacionar com os outros. Na verdade só torna as coisas piores por saber que a sua única fonte de entretenimento e conexão é com a sua mente. Vocês conseguem notar o quão triste é isso? Não sei vocês, mas se pararmos para observar ao nosso redor, encontraremos muitas pessoas solitárias fugindo para sua imaginação.

Não existe somente a questão da pessoa se esforçar para interagir, é necessário que haja gente interessada em se comunicar de volta.

O foco do mangá não é o romance, para ser bem franca com vocês não existe espaço para um relacionamento amoroso entre Ryou Aihara e Nozaki Shinya, por entre as ligações mentais só há brecha para um carinho e solidariedade mútua, baseados em uma crescente amizade que não permite o sentimento de solidão penetrar tanto na mente quanto no coração. É isso que irão encontrar nesta narrativa, então, vale a pena muito ler para poder enxergar isso.

Outra coisa que gostaria de falar sobre Kimi ni Shika Kikoenai é sobre o personagem Nozaki Shinya, nós só o conhecemos pelas ligações e existem pouquíssimas partes que são destinadas somente a ele, porém, apesar disso, eu particularmente me afeiçoei bastante ao garoto. Ele perdeu a audição e a voz num acidente e por causa disso é excluído na escola, o rapaz gosta de consertar coisas e fez algumas reflexões muito bonitas na história.

Quando acontece uma fatalidade com ele no final do mangá, bateu uma dorzinha no coração pelas palavras que ele disse à Ryou; Nozaki estava feliz por não ter ficado sozinho e ter conseguido encontrar Aihara, alguém que o escutasse e se sentisse bem ao seu lado, acredito que isto é algo que não precisa ser explicado ou compreendido em mais palavras, pois é tão simples e verdadeiro que já se faz entender.

A vontade de ter alguém que não se importe com quem você é ou do lugar que veio, pode ser encontrado com facilidade neste mangá. Se vocês decidirem lê-lo preciso que tenham em mente que não há explicação do porquê de existir um telefone mental muito menos o universo paralelo, ele apenas existe e ponto final. Talvez por eu ser acostumada com coisas do tipo não estranhei, mas gostaria de alertá-los antes de mais nada, então, não se prendam às perguntas sobre como tudo acontece, apenas sigam em frente observando os personagens e como a amizade é algo muito importante na vida de uma pessoa.

Kimi ni Shika Kikoenai é um mangá de volume único que já foi lançado aqui no Brasil pela JBC, mas vocês podem encontrá-lo para ler online também. Ou seja, não existe desculpa para não lerem. De qualquer forma, esta história me fez pensar mais uma vez sobre a relação entre amigos e o quanto precisamos que alguém nos escute, apesar de muitas vezes dizermos que estamos bem sozinhos isto não pode ser considerado totalmente real, pois precisamos de alguém ao nosso lado para nos dar força nos momentos difíceis e para nunca estarmos solitários.

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