The Akiba Labyrinth: A Little Trip with My Little Big é uma light novel de autoria de Maho, ilustrações de Chiwawa Iwasaki e que, tal como Alice’s Tale e Whether It Rains or Shines Tomorrow, tem poucas páginas para o padrão das novels e foi lançada no ocidente em uma iniciativa da Conyac, empresa de tradução colaborativa sediada no Japão. Você é o little ou big de alguém? Vamos sair desse labirinto?

O livro conta a história de dois colegiais, uma senpai, termo adaptado para “big”, e seu kouhai, termo adaptado para “little”, que partem em uma viagem ao paraíso otaku – quais as chances de você estar lendo isso e não ser um? – na terra, Akihabara.

Se conhecer um pouco da cultura otaku certamente o nome não lhe é estranho. O que era para ser só uma viagem de grandes amigos que desde o início da leitura davam a entender que tinham tudo para ser mais, vira um perigosíssimo evento sobrenatural!

Nessa novel a adaptação é a mais “pesada” entre todas as três lançadas pela Conyac, pois as palavras “senpai” e “kouhai” foram transformadas em termos incomuns, mas que representam o contraste de hierarquia existente entre elas de uma forma boa.

Com a explicação do glossário – não pule ele, sério – a tradução faz sentido e apesar de um termo incomum soar repetitivo – anda seria se fosse veteran ou se não traduzissem a palavra – é divertido o trocadilho da ‘little big”, pequena senpai. Pelo menos eu achei que foi.

De toda forma, o importante é que a light novel apresenta uma história bem curta e simples que acerta justamente na boa e não tão comum relação entre os protagonistas dessa história que no final apresenta sim um elemento fantástico.

Sim, isso age apenas para fazer o romance andar, não era necessário, mas vai por mim, se a amizade/quase namoro não engrena pelo motivo que for a ficção, principalmente a relacionada a animes e mangás, sempre dá um jeito de forçar essa mudança.

Questiono até se a relação deles é algo de tão especial assim, ou no caso, bem escrito, mas a química apresentada entre os personagens é suficiente para que o leitor consiga torcer pela concretização do romance.

O problema é que mesmo quando a coisa parece que vai andar nada acontece e isso eu até entendo devido as circunstâncias dela – ela se formará no colegial e se afastará do amado –, mas não é conveniente demais que apareça uma maid que os leve a outra dimensão para forçar uma situação em que eles tenham que perceber o que buscam, o que no caso é um ao outro?

Estava na cara deles, literalmente, o tempo todo e é fácil perceber que se trata de mais que amizade, mas era necessário a vida deles ser posta em risco para isso? A história tenta abordar de maneira realista os medos que os dois têm sobre o futuro, mas acho que forçou um pouco uma situação que foge justamente a isso.

Eu sei que se tem algo de sobrenatural, ou um avanço tecnológico que para nós ainda pareça fantástico, uma história deve vender mais fácil, então consigo dar um desconto também por isso.

Além disso, no que tece ao café AKIBA e a personagem Katie, a inserção desses elementos ocorre de maneira a fazer o leitor duvidar de que se trata realmente de algo sobrenatural até o instante em que os próprios big e little experimentam uma situação inexplicável.

Okay, que um cardápio sem preços já era por si só o mais estranho em uma sociedade capitalista movida a dinheiro como a nossa. Mas, como a senpai diz e repete, a possibilidade de ser um golpe parecia bem real.

Enfim, uma característica do romance são as piadinhas e, apesar de ter sua função narrativa, a insistência da escrita com o contrasta entre seios pequenos e seios grandes me pareceu algo um pouco deslocado.

Um fetiche típico de um otaku cujos gostos não precisávamos saber, mas se lembrarmos que o protagonista, e o próprio autor, são otakus – não à toa a história envolve Akiba – consigo entender a escolha, que também serviu para reforçar o quanto ele gostava da senpai, já que era tarado por seios fartos, mas amava é ela que era uma tabua.

Desculpe se pareci maldoso, às vezes sou maldoso mesmo.

Por fim, preciso dizer que realmente curti a interação entre os dois e também a forma como ele, que também é o narrador da história, reflete e se questiona a partir de certo momento.

O problema é que esse momento é justo quando ele falha, e convenientemente sai ileso por ter achado a resposta ainda que tardiamente, o que tira boa parte da seriedade com a qual o jogo dava a entender que precisava ser encarado. Era um jogo moral, mas ser o protagonista permitia burlar as regras?

Até posso enxergar por outro ângulo, considerar que AKIBA e suas maids não tinham intenção de matar humanos se estes fossem honestos com o que sentiam, e dar um desconto porque o que parecia ser o objetivo daqueles por trás do evento sobrenatural, fazer as pessoas perceberem o que era mais importante para elas, foi alcançado.

Encarar dessa maneira ou não depende da leitura de cada um e confesso estar tentado a considerar o segundo caso. Agora que parei para escrever e isso me veio à mente a situação não me pareceu mais tão conveniente, mas, de toda forma, deixarei a crítica “objetiva”, que pode fazer você analisar com mais cuidado o que achou.

Se ainda não leu esse e-book dê uma chance a ele. A obra tem mais páginas que os outros da Conyac, mas não por muito, pois há páginas e páginas de glossários e comentários dos autores e tradutores, o que significa uma leitura rápida e que, apesar de certos defeitos, é prazerosa, ainda mais se gostar de romance. Dê uma chance as light novels digitais lançadas aqui ou não. Creio que não se arrependerá!

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