Eu fico impressionado com a habilidade que esse anime tem de fazer milagres com o pouco que lhe é dado. Quando você pensa que os protagonistas não tem o que fazer, eles vão lá e lançam uma revolução, mudam a vida de indivíduos que de algum modo estão amarrados pelo sistema. Com a dupla é “abaixo o poder!”, principalmente se esse poder se opõe ou interfere nas viagens e diversão deles.

O episódio começa chamando atenção para dois pontos, sendo o primeiro a permanência do fanservice que já está rodando há três episódios e em segundo, o que acontece em função disso. Se repararmos bem, é comum nesse tipo de anime os personagens não terem lá muito respeito um com o outro – até para gerar a comédia através das picuinhas – e Ikku é uma vítima constante de seus companheiros, mas dessa vez o comentário dos dois meio que mostra a discriminação velada que existe nas pessoas quando o apontam como alguém que não devia retrucar a espécie que o criou.

Não sei se foi um ato consciente do robozinho como devolução – pelo fato de ele não demonstrar muita surpresa -, porém como castigo divino pela audácia de seus colegas, a parada da vez é Mulberry 8 – que fica escondido logo atrás do planeta vizinho e oposto -, um planeta estação dominado por mechas e onde humanos são escravos.

Chegando lá eles veem a vida normal que levam esses mechas, junto com o tratamento hostil e grosseiro que é dispensado as formas de vida humana, principalmente por parte da liderança. Apesar do momento se concentrar nesse conflito, a presença do príncipe robô tem uma pista subliminar bem interessante, que fica jogada com a fala de Robi sobre o fato de caras ricos não serem gente decente.

Se catarmos o que vem sendo apontado em outros episódios, já deu para entender que Hachi é um desses riquinhos e sua família obviamente tem uma posição importante – que ainda não sabemos qual é -, daí ele ter dito “não diga isso”. Fica implícito que ele se preocupa com a imagem que seu amigo possa criar a seu respeito quando a hora da verdade chegar, mas como isso foi tratado de forma superificial, ainda não se tem muito a dizer, vamos adiante.

Levando em consideração a situação em que se meteram e racismo do povo mecânico, eles vagam pelo lugar dentro do nosso querido Hizakuriger, que finalmente faz seu retorno triunfal, mas quem surpreendeu foi Yang que ao invés de usar o seu poder financeiro, acabou construindo manualmente e sozinho seu próprio mecha – chamando atenção de um conde local.

Do outro lado nossos protagonistas acompanham de perto como as pessoas sobrevivem naquele lugar, sendo bem curioso que além de ser o local de trabalho escravo dos humanos, a área da praia se configura como uma espécie de periferia isolada para eles – fazendo bastante sentido se considerarmos o desprezo dos robôs, bem como o extra do risco que a água salina representa para seu corpo metálico -, o que mostra que se dependesse dos mechas, os humanos nem naquele planeta estariam.

O fato é que Hizakuri Sanjurou, vulgo Hizakuriger, assim como Yang foi recrutado pelo rei para lutar em seu nome contra o conde opositor, em nome de uma recompensa bem gorda. Antes de partirem para a batalha, o time retorna a zona humana para usar um banheiro e acabam reencontrando o aldeão Hoshiro. Nessa hora eles fazem o que mais sabem: semear a discórdia e incitar nos corações escravos o desejo de revolução.

A luta entre os mechas já traz uma referência histórica, quando mostra a influência do período feudal mesmo no nome, com a “Batalha de Sekigahara” agora sendo a de “Se-mecha-hara”, numa disputa de poder entre as forças leste e oeste para selecionar as peças mais fortes.

Esse é o ponto alto do episódio, a guerra onde os times Yang e Robi entram em vantagem justamente por serem os únicos humanos no meio das armações. Robi estava lutando no padrão shounen, gritando o nome do ataque e depois de tantas repetições a direção faz uma ótima sacada, fazendo o maluco atacar em forma de rap.

O fechamento da luta traz o resultado da sementinha plantada antes, com os revolucionários chegando ao melhor estilo Star Wars, com armas, tanques e tudo o que conseguiram pegar dos mechas, salvando a si mesmos da escravidão e a Robi das mãos de Yang – que tinha uma força e velocidade horrorosas.

A parte engraçada desse final é justamente a contraposição de papéis, já que na condição de supostos heróis e responsáveis pela mudança de mentalidade nos humanos, Robi e Hachi apenas fogem seguros do campo de guerra com o dinheiro que receberam – já que pretendiam fazer isso e Hoshiro ainda os dispensa da luta.

Yang por sua vez não só fica, como ainda quebra tudo ao lado dos aldeões, me fazendo rir bastante e rendendo a melhor imagem do episódio, aquela capa shounen de batalha com uma garota figurante que nem mesmo sabe o que tá fazendo bancando a santa protetora ali – a prova disso é a interrogação no pensamento dela.

RobiHachi segue seu curso tranquilo, mas imagino que o trio principal já esteja se aproximando de Isekandar, pois segundo o protagonista esse foi o planeta de número 42, então partindo da teoria de que eles estão se guiando pela história antiga do Tokaidochu Hizakurige, faltam cerca de 10 planetas estações – e como eles pularam vários, essa contagem pode encurtar ainda mais. Espero ansioso pela próxima parada e maluquice que irão inventar.

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