Ame-o ou o odeie. Não tem como eu usar esse ultimato para definir uma forma de encarar Zenitsu, o novo, mas nem tão novo assim, personagem de Kimetsu no Yaiba. Por que eu afirmo isso? Porque sei que o personagem é mais do que a primeira impressão que ficou dele. Mas, como estou comentando o episódio em específico, é com ele que devo me contentar para prosseguir minha análise.

Ele sequer foi o único novo personagem a dar as caras, é verdade. Mas o único que já é um personagem de fato, pois o cabeça de javali apenas foi introduzido de uma forma meio incomum, mas legal. Em todo caso, o anime continua ótimo e de agora em diante terá novos elementos. É hora de Kimetsu, no Anime21!

Toda essa construção inicial do Zenitsu é no mínimo exagerada, mas dependendo do senso de humor e da paciência do telespectador ela pode ser incômoda, até destoante do que apresentaram até aqui no anime. Ele é o primeiro personagem mais espalhafatoso e que parece ter saído de uma comédia e não de um battle shonen sangrento.

Entretanto, mesmo battle shonens sangrentos têm personagens assim, isso não é um problema, o importante é que o personagem mostre ser mais que somente isso, o que só poderemos ver ou não com o prosseguimento de sua participação na história, mas há algo a ser observado desde já em seu comportamento.

Se ele fosse mesmo tão mulherengo, um cafajeste, e medroso não saberia falar com uma mulher nem teria acompanhado Tanjiro, ou teria fugido antes de adentrar a mansão – apesar de ter tentado fugir depois de estar lá dentro, não há garantia de que ele não voltaria, né.

O que eu quero dizer é que, por bem ou por mal, ele é um exterminador de onis. Ter medo da morte não é algo irracional, pelo contrário, mas que também não ajuda, porque ele terá sua vida posta em risco a cada nova missão e precisará agir de acordo com isso.

Há espaço para Zenitsu ir além de sua covardia e mostrar não só seu poder, mas seu amadurecimento, afinal, o garoto será um personagem recorrente na trama e continuar escandaloso e medroso assim não vai agradar ninguém – ou ao menos não é costume que o faça.

Nesse primeiro episódio as situações que receberam o teor cômico proporcionado pela participação do personagem até aliviaram a única passagem mais tensa e séria do episódio, a cena em que um humano cai do segundo andar, somente para morrer nos braços de Tanjiro.

Acho até que tanta comédia antes e depois daquele momento o fez destoar da pegada do episódio, mas não acho isso necessariamente ruim, não após episódios mais tensos como os últimos, além disso, mortes devem permear o caminho desses personagens. Essa foi somente um pouco mais dolorosa dada a situação.

O Tanjiro deve ter se sentido bastante impotente por não ter sido capaz de fazer nada, mas se tratava de um personagem que apareceu e sumiu naquela cena. Seria diferente, a morte seria bem mais impactante, se o personagem tivesse tido algum desenvolvimento.

Essa serviu. Eu só vi essas serventias, apenas para nos lembrar da brutalidade da morte, da violência dos onis, e a seriedade com a qual uma luta entre um exterminador e um oni deve ser tratada.

Zenitsu dava todos os indícios de que seria inútil em batalha, ao menos nesse primeiro momento. E com o aparecimento, estranho que só ele, do Inosuke – sim, esse é o nome dele –, se apresentando para a batalha, não é como se ele fosse ser necessário mesmo.

No final das contas, a situação é mais séria e dificultosa do que as caras e bocas e gritos do Zenitsu fazem parecer, e elas já a fazem parecer aterradora, pois se trata de um oni que já comeu muito e tem um Kekkijutsu que não parece ser simples de lidar.

Tanjiro lutará a sós com o monstro ou terá ajuda? Essa é a pergunta que fica, porque a abertura dá a entender que o protagonista o enfrentará, mas o desenho da batalha ainda não conhecemos, e ele pode ser bastante influenciado pela presença do Espadachim Executor portador de duas Nichirins e uma exótica cabeça de javali.

Aliás, mais incomum que ele mesmo é como o personagem foi introduzido. Ele apareceu do nada e rumou para a luta, o que indica que também tinha recebido a missão de ir enfrentar o oni dos tambores.

Sendo assim, esse oni é tão poderoso que precisa de três Espadachins Executores para ser derrotado? Deve ser um ótimo teste de força e inteligência para o Tanjiro encontrar uma forma de derrotá-lo, e de quebra propiciou um encontro entre personagens não tão “ortodoxos” e aqueles que protagonizaram o anime, porque está na cara que eles formarão um grupo, a abertura deixa isso bem claro.

Ainda é cedo para ter alguma impressão do Inosuke, mas e do Zenitsu, o que você achou?

Se Zenitsu é o mais cauteloso por ser medroso, será Tanjiro o mais sensato porque ele reflete sobre a situação antes de agir e Inosuke o mais esquentado porque apenas age em um rompante? Com essas características até complementares, como não esperar que o grupo formado seja interessante?

Não é inadequado nutrir boas expectativas, não mesmo. Ainda há a Nezuko que pode muito bem agir como um elemento surpresa. Aliás, ela deve ser um ponto de tensão entre Tanjiro e seus novos parceiros e também estou ansioso para ver como a situação será tratada.

Esse episódio foi mais simples, mais de transição entre uma batalha e outra e, apesar da personalidade única de Zenitsu, manteve qualidade, quer seja narrativa ou visual.

Como último adendo, você percebeu que o Zenitsu parece ter a audição aguçada? Então Inosuke teria o paladar aguçado? Acho bobo que cada um dos três tenha um sentido mais aprimorado, mas esse é um detalhe menor e não é como se o caminho do homem que resolveu exterminar o mal maior não fosse ser cheio de coincidências aparentemente predestinadas, não acha isso?

O importante é que tanto ele quanto seus companheiros amadureçam e que o universo da obra se expanda de forma gradativa e consistente. Eu vejo isso ocorrendo e tenho gostado muito do que o anime tem entregue nesse sentido, além de ser um primor em animação e ter uma ótima trilha cujos usos nesse episódio considerei de acordo.

Ao que tudo indica o anime terá dois cours, então não nos despediremos de Tanjiro e sua turma tão cedo. Eu não poderia ficar mais feliz com isso.

Até mais ver!