Dungeon ni Deai wo Motomeru no wa Machigatteiru Darou ka – ou também Dungeon, ou DanMachi – é uma light novel de autoria de Fujino Ohmori e ilustrações de Suzuhito Yasuda. A obra já passou a casa das 12 milhões de cópias no Japão.

Além de jogos, segunda temporada anunciada para julho de 2019 e adaptação para mangá, a obra também conta com vários spin-offs, inclusive o principal deles já teve sua própria temporada de anime, e um filme que saiu faz pouco no Japão, mas ainda não deu as caras no ocidente.

Dungeon é uma franquia consolidada e é sobre seu início que escreverei agora!

Se você já tiver assistido a primeira temporada do anime, que saiu lá em 2015, talvez esse artigo não seja tão interessante para você, mas como quase todo fã de light novel diz que o original é melhor, e concordo discordando, acho que Dungeon funciona melhor em uma narrativa escrita.

Há desenhos e eles nem são feios, mas também não roubam a cena; e isso se deve mais a personalidade dos heróis, ao detalhamento das situações que são desenvolvidas e as sacadas do autor.

Nem diria que a escrita do autor é limitada, mas ele compensa suas limitações com boas ideias, e situações bem-humoradas.

Então a light novel é melhor que o anime? Cada macaco no seu galho e é até covardia comparar cada volume a uma adaptação que comprimiu 5 livros em 13 episódios. O melhor a fazer é apreciar ambas as mídias, pois cada uma tem seu charme próprio.

Se foge de harém como o Yukiteru foge da Yuno, o que duvido se está lendo esse artigo, e não sabe nada sobre Dungeon vai aqui uma sinopse sucinta.

A cidade de Orario se estabeleceu às custas de um labirinto subterrâneo, uma masmorra da qual vários monstros são gerados continuamente, o que dá a oportunidade para que aventureiros tirem dela seu sustento, assim como conheçam a glória, e quem sabe vivam um romance? É buscando um pouco de cada que Bell Cranel chega à cidade e após ter a porta batida em sua cara várias vezes, encontra uma Deusa, Hestia, disposta a aceitá-lo em sua Familia. É uma relação de cooperação entre um Deus e um humano, algo necessário para que todo aventureiro possa encarar a masmorra e viver uma aventura.

Na verdade, mais que a glória, Bell deseja as garotas. É claro que ele também quer tirar o sustento da masmorra, mas se fosse só para ter o que comer ele teria ficado no interior, né? Após a morte de seu avô o garoto parte em sua jornada e encontra Hestia, a simpática deusa loli linda e peituda.

A história começa poucas semanas após o início do Mito da Familia deles e já com um ponto de virada para Bell Cranel, uma situação de risco de morte na qual é salvo por uma garota. O autor foi bem esperto, pois inverte os papeis mais comuns – o herói salvando a heroína – e usa essa situação para atiçar o desejo do jovem aventureiro por ficar mais forte.

Não por complexo de inferioridade com relação a ela, mas vontade de estar ao seu lado, porque, assim como nos clichês, ele se apaixonou à primeira vista após ser salvo. Só essa pequena brincadeira com uma narrativa mais comum para mim compensa o pouco criativo universo que Fujino cria.

Na verdade, não é nem que ele seja pouco criativo, mas ele é muito influenciado por narrativas contemporâneas ou fantasias mais genéricas; ao menos é essa impressão que sua escrita passa.

Outro detalhe que compensa bastante isso é o conceito de Familia. Nem sei se é criação exclusiva dele ou se esse conceito já ronda a fantasia de antes, mas a ideia de unir Deuses e humanos em uma organização familiar que pode tomar qualquer forma; dependendo da quantidade de integrantes e os objetivos do Deus, o cabeça da Familia; é bem interessante.

Mas vamos lá, se ele não é tão criativo pelo conceito em si, se você ainda considerar que não é, dá para elogiar o bom uso dele, afinal, a Familia que acompanhamos é de dois integrantes, dois que ainda estão se conhecendo e solidificando o laço que os une, mas são mostrados exemplos de outros grupos, sejam aventureiros ou aqueles que oferecem suporte.

Grupos grandes, médios, pequenos; mesmo que nem todas sejam mais que descritos, já é o suficiente para que o leitor entenda como se dispõe a organização social de Deuses e humanos em uma Familia.

Voltando ao Bell Cranel – dá vontade de fazer piada com o nome dele, né –, ele é o tipo de protagonista inocente e esforçado que tem uma skill de crescimento rápido perfeita para ajudá-lo a realizar seus objetivos no menor tempo possível.

É o poder do protagonista e isso nem é exatamente um problema, visto que mesmo evoluindo rápido isso não o poupa de levar a dose de dano necessário para que o garoto vá ganhando experiência, traquejo.

Seria até sem graça o cenário em que ele alcança tudo de mão beijada. DanMachi não vendeu 12 milhões de cópias à toa e é de se esperar que o autor vá pouco a pouco fazendo esse personagem evoluir mesmo, não só para aproveitar a crista da onda do sucesso, mas também porque isso expande o mundo que ele criou e é o que o dá a possibilidade de desenvolver personagens, e dramas instigantes.

Não que nesse volume um ele faça ambos tão bem, mas já é suficiente para que o leitor consiga se apegar um pouco a seus personagens, a enxergar pontos positivos e interessantes neles.

Bell em si não é tão interessante, só que se você lê a novel ou vê o anime e gosta do que consome é praticamente certo que queira ver o caminho que ele vai trilhar, até onde ele vai e quantas belas moças ele vai encontrar.

Porque se tem uma coisa que não falta em Dungeon é mulher bonita, isso já dá para perceber nesse volume inicial, mas com o tempo só melhora.

É ainda mais engraçado que um bom número delas demonstre certo interesse no garoto. Há a onee-san conselheira, a garota da mesma idade que toma a iniciativa, tem a segunda heroína da história que aparece bem pouco, mas parece querer se aproximar do garoto – nem que nesse início seja só para se desculpar –, a Deusa da beleza cujo hobby é homem; aliás, ela é o mais próximo de uma vilã que se pode ver nesse começo; e a própria Deusa de Bell, Hestia.

Eu não quero me estender muito mais, então vou focar na personagem mais legal desse primeiro volume, a Deusa loli e peituda que desde as primeiras páginas em que aparece demonstra ter sentimentos por Bell, sentimentos românticos que não são percebidos pelo jovem, pois tem uma barreira de respeito entre os dois, esta construída na cabeça dele, que o garoto não consegue ignorar e a Hestia também não se ajuda já que não deixa nada claro para ele, apenas fica nas indiretas.

E, diferente do que seria até compreensível, ela não é egoísta, pois percebe que o crescimento dele está ligado ao desejo que ele sente pela Aiz Wallalgumacoisa, ajudando a criança a evoluir cada vez mais rápido.

Aliás, é isso o que mais gosto na Hestia, pois todo sentimento romântico tem sua dose de malícia, o que fica claro quando ela se questiona sobre o que fazer, mas ela é madura o suficiente, apesar de não parecer, a ponto de priorizar o bem-estar do garoto, mesmo que isso arrisque o próprio.

O que espero de uma figura familiar como ela é para ele – não exatamente uma mãe ou uma irmã, ou um pouco dos dois, o importante é que ela não pensa apenas em si.

Fujino faz o serviço de casa direitinho, pois o drama do garoto nesse primeiro episódio; tirando seu desejo de pegar mulher, o que não é drama porcaria nenhuma já que ele só fica no zero a zero porque é muito denso; diz respeito a isso, a família que o deixou, o que o tornou solitário, e a nova família que ele construiu e quer proteger.

Repare que não usei o itálico e acentuei ao escrever família agora, pois se trata justamente da família de verdade, o que não significa que toda Familia deve sim ser uma família.

Mesmo que já tenha assistido o anime não sei se afirmaria isso, e não afirmaria apenas pela leitura do volume um da light novel.

Enfim, se tem algo bacana nesse começo da jornada é a relação dos dois, o dobrado que ela tem que cortar a fim de ajudar ele, e todo o carinho e dedicação que ele demonstra para com sua Deusa loli peituda.

É errado tentar pegar garotas em uma masmorra? Não é errado fazer isso, ao menos não se houver mais história a ser contada, e uma divertida, com uma pitada ou outra de carisma e belas mulheres.

Não que belas mulheres sejam sinônimo de boa história, mas se ela for ruim ajuda a passar o tempo, o que também vale para belos homens – se você for mulher duvido não ter achado o Bell bonito, né.

Até a próxima!

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