Given – ep 3 e 4 – Formação completa
Estava morrendo de saudades desse anime, acabei não conseguindo ver o terceiro episódio na semana de lançamento, não à toa o artigo atrasou, mas cá estou eu para reparar meu erro perante os deuses da música.
A história de Uenoyama e Mafuyu ganha covas cores, contando com alguns preocupantes tons de cinza, mas principalmente novos sons, os de uma banda que agora está com sua formação completa. É hora de Given no Anime21!
Quem diria que o Mafuyu não aceitaria de cara o convite para entrar na banda? Não esperava por isso, mas dada a personalidade dele e o que ele expõe no clímax do terceiro episódio até que faz sentido.
E não é como se eu estivesse querendo dizer que ele realmente não é expressivo, mas a gente sabe que as pessoas julgam e taxam todos que são diferentes da maioria, né? Pessoas “letárgicas” passam por isso também e não é estranho que isso as faça perder um pouco da confiança em si mesmas.
O importante é que deu tudo certo no final, mas só deu certo por causa de algo que não poderia faltar em um anime que trata sobre uma forma de expressão, a comunicação.
Música é expressão artística e a expressão artística individual, e até mesmo coletiva, reflete a personalidade da pessoa; quem ela é, do que gosta e como; sendo assim, para que as palavras de Uenoyama alcançassem Mafuyu os dois precisariam transmitir seus sentimentos de forma apropriada.
Não é estranho que o Haruki e o Akihiko tenham percebido tão fácil onde o Uenoyama falhou, eles são mais velhos e têm mais experiência de vida, e foi bacana ver o garoto se esforçando para se comunicar melhor, era preciso, pois o Mafuyu claramente tem dificuldade em dar o primeiro passo nesse sentido.
Enfim, eu até poderia questionar o estopim para a conversa franca entre os dois, mas não vou fazer isso, visto que não foi forçado um conhecido do passado do Mafuyu aparecer na casa de shows, afinal, se ele também faz música faz sentido frequentar esse tipo de lugar.
Além disso, ainda que a resistência em entrar para a banda não tivesse a ver com o passado envolvendo a guitarra do Mafuyu, por que não aproveitar para trazer o assunto à tona? Não precisa forçar esse diálogo, aliás, como nem foi feito, mas por que não dar algo com o que se preocupar para o Uenoyama?
Eventualmente ele vai descobrir toda a verdade mesmo e conhecê-la deve vir da vontade dele, pois se o Mafuyu não se importasse em contar já teria o feito. É algo que o entristece e não poderia ser diferente, afinal, o dono da guitarra morreu e ele está aprendendo a tocar guitarra em “tributo” a ele.
O Hiiragi revelou o nome da pessoa que morreu e o Mafuyu fugiu, então só consigo pensar em uma coisa, que esse garoto loiro formava uma banda com o Yuuki e que ele deve ter alguma relação com a morte dele. Talvez os companheiros de banda tenham criado um ambiente nocivo ao redor dele? Será?
Se não tivesse algo aí o Mafuyu não teria fugido, né. De toda forma, foi bom o Uenoyama ter aproveitado a oportunidade para dizer o que o motivou a convidar o aprendiz para a banda. Foi uma “declaração” mais apropriada, difícil de se rejeitar.
Uma coisa levou a outra e no final o Mafuyu acabou entrando em uma banda independentemente do que ele acha de sua capacidade de se expressar. De quebra o Akihiko ouviu a voz dele e com certeza teve um vislumbre melhor da situação.
Mas os conhecidos do Mafuyu não devem deixá-lo em paz e com eles o drama vai bater nos pratos de novo, é só questão de tempo e infelizmente Given não tem muito já que o anime vai ter apenas 11 episódios.
Sobre o quarto episódio, foi só impressão minha ou o Haruki é um pouco mais sensível que o Akihiko ou até mesmo o Uenoyama, e que ele tem um certo interesse no baterista? Não sei se esse interesse entra no aspecto romântico, mas dado o gênero da obra não vou estranhar que seja exatamente isso.
Isso não é uma reclamação, é mais uma constatação, e diria até que é o contrário, visto que seria bacana ter alguém na história que conseguisse se colocar no lugar do Mafuyu, ou seria do Uenoyama?
Acho que seria do Mafuyu, pois, sendo sincero, quais as chances dele ter perdido um irmão e não alguém mais “intimo”? O monólogo do terceiro episódio me fez pensar que ele perdeu alguém que ele amava romanticamente, alguém com quem ele poderia se abrir e ficar mais à vontade. Não que um irmão não seja capaz disso, mas eu acho que a abordagem seria diferente se fosse uma perda familiar.
Ao meu ver tudo indica que o Mafuyu perdeu o namorado e ficou com a guitarra dele para nunca esquecer de quem ele amava. É triste, é belo, e também corrobora com a minha impressão de que ele está em um constante luto, que ele ainda não superou a perda.
Porém, se envolver com o Uenoyama e aprender a tocar, além de cantar em uma banda, é algo que está aos poucos fazendo o garoto sorrir, chorar, se comunicar mais, se expressar melhor. A música está devolvendo a vida a ele. Não concorda?
Fico realmente feliz de ver o Mafuyu assim, pois aprendi a gostar do personagem e acho que esses dois últimos episódios me fizeram gostar mais de todos eles.
O Uenoyama reacendeu a sua paixão por fazer música e os outros dois aos poucos também vão se tornando mais interessantes, mais complexos, principalmente o Haruki, mas não é como se o Akihiko não estivesse pensando em algo. Aliás, aposto que ele é o mais observador dos quatro!
Acho que o anime fez um ótimo trabalho em tornar cada um desses personagens mais interessante e gostável. Entretanto, não consigo dizer o mesmo das colegas de classe do Uenoyama, mas é porque está na cara que a Kasai vai ser um problema para a relação dos protagonistas.
Não gosto muito da ideia de uma “rival”, mas não é algo necessariamente ruim, não se a autora tratar a situação de uma maneira madura. Ela gosta do garoto, sente ciúmes e vai “disputar” a afeição dele com alguém do sexo oposto. Tudo normal, ou ao menos deveria ser assim…
Não é considerado “normal” por boa parte da sociedade, a forma como a amiga da Kasai fala deixa claro isso, é verdade, mas apenas expor o fato não torna o anime preconceituoso, vai depender de como esse “triângulo” amoroso se desenrolar.
E questiono se vai ser um triângulo mesmo, porque até agora a Kasai não parece ter qualquer chance. Aliás, o Uenoyama sequer está pensando em relacionamento. Se ele tiver mesmo algo com o Mafuyu me parece que as coisas vão fluir de forma natural, o máximo possível dentro de apenas 11 episódios.
Por fim, fiquei chateado por terem deixado os rumores para o episódio seguinte, mas já imagino quais sejam, então nem vou fazer outras suposições. Fico triste pelo preconceito descarado na voz da figurante de cabelo curto, mas é a realidade, seja aqui ou lá no Japão.
Só o que posso fazer é esperar que a homoafetividade seja tratada com respeito quando esta ficar mais clara. Deve ficar, tem tudo para isso. E quanto ao romance, vou tratá-lo da mesma forma que trataria um romance entre dois héteros.
Fico de coração partido pela perda do Mafuyu, mas espero que o drama se limite a isso ou ao que derivar disso. Sem caso de doença ou de preconceito determinante, pois se o Yuuki era mesmo namorado do Mafuyu e outras pessoas sabiam, então ele é gay assumido e se ele se apaixonar pelo Uenoyama isso é algo que só dirá respeito aos dois.
Certa resistência do Uenoyama pela ideia de se apaixonar por um cara deve acontecer e, repito, se for bem escrito não terá problema. Given deu os melhores sinais possíveis para que eu espere um drama e um romance de qualidade, sem elementos apelativos, então é isso que vou fazer.
A título de curiosidade, creio que Somebody Else se refira a uma música do The 1975 e Florescent Adolescent só pode ser a música do Arctic Monkeys. E essas duas bandas são o quê? São o rock inglês que o Uenoyama tanto adora, e eu também. E por que esses títulos? Porque praticamente temos só a visão do Uenoyama. Será que em algum momento isso mudará? Veremos!
Ademais, foram dois episódios bem divertidos, leves em sua maior parte, mais tensos nos momentos em que era preciso, com boa trilha sonora, animação e roteiro. E quanto ao drama, esse também está sendo bem construido. Vamos ver como esses tais rumores e os conhecidos do Mafuyu vão mexer com a trama daqui em diante e quais serão os passos da banda cujo nome ainda desconhecemos.
Não consigo dizer adeus, ainda estou à deriva com seus ecos.
Até a próxima!