Bom dia!

Qual o episódio mais recente de Carole & Tuesday? O 16, né? Pois é, estou um pouco atrasado 😅

Mas já chegou a hora de trabalhar para consertar isso.

 

 

Em retrospecto, aconteceu muita coisa nos episódios finais do Mars Brightest. Não foram só semifinal e final, com suas seis performances respectivas (na prática foram 5, a do Pyotr aconteceu a maior parte do tempo fora da tela, coitado).

Teve o atentado da Cybelle contra a Tuesday, com as consequências disso para as duas e para a Angela também. Teve o Ertegun como jurado, o que adicionou um pouco de tensão para as protagonistas. Uma troca estratégica de música na última hora para a Angela ter vantagem sobre a GGK. A captura da Tuesday pela mãe e a consequente operação para libertá-la. A final em si, na qual as protagonistas foram desclassificadas por atraso mas ainda assim se apresentaram no que foi sua melhor performance até então – até o Ertegun se emocionou.

Ufa!

Infelizmente, escrever depois de tanto tempo e sobre os três episódios de uma vez só me obriga a ser mais sintético, e talvez tenha deixado passar alguns detalhes importantes por causa disso.

Mas o que não tem remédio, remediado está. Tentei o meu melhor.

 

 

A Cybelle desde o começo tinha cara de problema, se comportava como um problema, falava como problema, e, veja só, ela era um problema mesmo!

Pessoas perturbadas, com problemas mentais, capazes de fazer mal para outras, existem. E algumas dessas são fãs de artistas, e, infelizmente, às vezes os atacam.

Mark Chapman, o assassino de John Lennon, havia sido seu fã. Cantoras como Madonna e Beyoncé já foram ameaçadas por fãs loucos e violentos – felizmente a polícia nem os deixou chegar perto delas. Menos sorte teve Mayu Tomita, viciosamente esfaqueada por um fã. As idols japonesas em particular têm que lidar com muitos fãs perigosos, pelo menos desde que a ideia de “uma idol que você pode conhecer” tomou conta do mercado.

Parece um tema que não poderia ficar de fora de Carole & Tuesday mesmo. Aliás, nos episódios mais recentes foi a Angela quem começou a sofrer com isso, não é? Mas não posso me adiantar.

O que o caso da Cybelle tem de particular é que ela não é apenas uma fã, mas se tornou uma artista para seguir Tuesday – de quem não era mera fã, mas parecia nutrir alguma forma de paixão perversa mesmo. Ou talvez ela já fosse artista quando descobriu a Tuesday? Bom, a ordem em que as coisas aconteceram não importa.

 

 

E é uma pena de verdade porque ela é uma cantora muito boa. Não tivesse competido contra Angela teria grande chance de chegar pelo menos nas semifinais. Enfim, creio que essa peculiaridade do caso da Cybelle tenha servido apenas para “facilitar” a escrita do anime.

Por parte da Tuesday o problema é que ela não está preparada ainda nem para lidar com fãs normais, que dirá com uma dessas. Ela é uma pessoa muito bondosa e inocente que ficou até o final preocupada com a Cybelle, ao mesmo tempo em que guardava todas as preocupações para si porque achou que iria incomodar a Carole.

Lembremo-nos da casa em que ela cresceu. Sempre menosprezada por sua sua mãe, Valerie, sempre considerada um “fracasso” (mesmo? por quê? espero que o anime explique isso um dia). A mãe política é controladora e deve ter repetido muitas vezes o que a vimos dizer depois quando a Tuesday foi trazida à força de volta para casa: que não atrapalhe.

 

 

É claro que, com a Carole, ela poderia dividir o que estava passando. Ela devia ter dividido. Mas é sempre mais fácil falar do que fazer. A Tuesday acaba sendo atacada e os resultados foram múltiplos:

As duas se atrasaram para a apresentação, o que rendeu uma bronca em cadeia nacional – só passaram pelo Pyotr porque são protagonistas, convenhamos.

Carole ficou frustrada com a Tuesday por não ter dito nada antes e consigo mesma também, por não ter conseguido proteger a amiga. Por causa disso elas acabam discutindo.

Angela ficou preocupada que o ataque tivesse sido planejado por alguém próximo a ela, por medo de que ela não consiga derrotar Carole e Tuesday na final. É uma preocupação justa. Mais justo ainda é que ela tenha ido tirar satisfação primeiro com Dahlia – e foi interessante ver como ela se sentiu aliviada ao descobrir que ela era inocente. Mas acabou desconfiando e descontando na sua secretária, a quem magoou profundamente. A Angela precisa dar um jeito na sua personalidade.

 

 

Mas enfim, Carole & Tuesday venceram Pyotr, avançaram para a final e Cybelle foi presa. Tudo está bem quando acaba bem.

Exceto que não acabou. Quero dizer, acabou, mas imediatamente começou outro problema ainda maior, ainda que menos violento: capangas da Valerie capturam Tuesday e a levam de volta para casa.

Não tem conversa com a mãe que, publicamente, discursa dizendo que quer ser a “mãe de todos os marcianos”. Se os eleitores soubessem no que estão se metendo. O pior é que alguns ainda assim votariam nela, né? Talvez alguns votariam exatamente por causa disso. O mundo é um lugar bizarro.

Quando discutiram após a semifinal, Carole diz a Tuesday sobre como, se tudo der errado, ela pelo menos ainda tem para onde voltar, ao contrário dela. Ouch! Golpe baixo isso daí.

E eu acho que ela falou só para machucar mesmo. Somos estúpidos e às vezes machucamos os outros de propósito quando estamos nós mesmos machucados.

 

 

Ainda que ela não tenha falado a sério, a questão se impôs: não seria melhor para a Tuesday voltar para a família? Carole não tem maturidade para responder essa pergunta.

Gus, o doidão, tem. Ele conta sobre como já passou por uma separação antes e nunca correu atrás, achando que assim era melhor para a outra pessoa. Vários episódios depois descobrimos que ele falava de Flora, mas isso não vem ao caso agora.

O agente malucão ajudou a Carole a desanuviar a mente. Ele estava certo: não assuma coisas. Vá arrancar a resposta da pessoa. Se a própria Tuesday disser daí que é melhor assim, e estiver sendo sincera, bem. Mas não tinha como ser verdade, tinha? No fundo, a Carole já tinha essa resposta também.

Em casa, Spencer, irmão de Tuesday, tem uma conversa com a garota. Ele conta como, quando mais novo, ele teve o sonho de ser músico também, mas desistiu. Ele viu a Tuesday tentando e quer que ela continue tentando. Spencer ajuda Tuesday a fugir de casa.

Já temos o vencedor do prêmio de melhor irmão do ano. Claro que não é sem consequências, e é certo que ele está tendo que se dedicar à campanha da mãe para compensar por isso. Para proteger a irmã, ele está ajudando a eleger uma populista do pior tipo. Carole & Tuesday está de olho no que acontece no mundo real, mas isso também é assunto para outro artigo, sobre outros episódios.

 

 

Como no caso contra a Cybelle, no final Carole e Tuesday dão um jeito. Não chegaram a tempo, infelizmente, então não puderam competir, mas conseguiram permissão para se apresentar mesmo assim. Angela pessoalmente pediu para que isso fosse concedido às duas.

E talvez dessa forma tenha sido para a melhor. Para Carole & Tuesday, eu digo. A Angela que cantou naquela final foi simplesmente a melhor Angela de toda a série até agora.

Carole e Tuesday são muito boas, mas Angela está crescendo em velocidade meteórica. As protagonistas fizeram sua melhor apresentação naquele dia também, mas eu fico muito dividido para dizer quem foi melhor.

Se qualquer coisa, Angela mais uma vez se reinventou na final com a fantástica Light a Fire. Enquanto isso, Carole e Tuesday fizeram sua melhor apresentação de Loneliest Girl, mas essa música já não era novidade a essa altura.

O que quero dizer é que a chance é grande de que as protagonistas tivessem simplesmente perdido, caso tivessem competido, apesar de terem feito até Ertegun aplaudir de pé, com lágrimas lhe escorrendo pelo rosto.

 

 

Como não competiram, ficou mais fácil para a Catherine inventar a solução intermediária em que a Angela venceu, mas Carole e Tuesday também receberam o direito de estrear. O que a gente descobriria depois que é só o direito de assinar um contrato com a companhia dela mesma, e como o Gus rejeitou, elas se lançaram como independentes – ou seja, continuaram na mesma, apenas incrivelmente mais populares.

Tudo considerado, não poderia ter sido um final melhor apesar de tudo. Até mesmo as dificuldades acabaram jogando à favor das garotas, com seu estilo fortemente sentimental. O Lost My Way da semifinal não existiria sem a Cybelle, e o Loneliest Girl da final não teria sido tão bom sem tudo o que aconteceu às duas nas semanas que antecederam a histórica performance televisionada.

Um final de cour fantástico para um anime fantástico. Até o próximo artigo!