No futuro, humanos vivem enclausurados em ambientes claustrofóbicos. Tudo é tão apertado que esmaga os pensamentos. A história se perdeu e o único resquício do passado são arquivos com fragmentos do que outrora foi o mundo.

A vida proporciona umas coincidências muito interessantes (vai ver não é coincidência): ultimamente tenho refletido muito a respeito da relação entre tempo e vida e de como lidamos com o futuro. E calhou que fui acabar assistindo Pale Cocoon, um OVA que fala justamente sobre isso.

 

 

Ura trabalha na seção que investiga arquivos antigos e contam um pouco sobre como foi o mundo antes de chegar na catastrófica situação atual. Por algum motivo não explicado, a história se perdeu e a única forma de aprender sobre o passado é através desses arquivos que foram deixados por pessoas que viveram anteriormente.

No início, esse local que investigava os arquivos era lotado de pessoas que vibravam a cada nova descoberta. Contudo, quanto mais se sabia do passado, mais pessoas deixavam de procurá-lo.

É um claro desânimo ao realizar a comparação entre a vida anterior (com o céu azul, natureza infinda, liberdade, espaço) e a vida atual (locais pequenos, sem nenhuma natureza, apenas o cinza das paredes da instalação onde sobrevivem), e ao chegar à conclusão de que a realidade passada nunca mais existirá.

 

 

Quando o futuro irá chegar?

A vida é sempre em prol do futuro: estuda para, no futuro, entrar na faculdade; faz faculdade para, no futuro, ter um bom emprego; tenha um emprego ruim para, no futuro, ganhar mais; trabalhe muito para, no futuro, poder aproveitar esse dinheiro…

Nessa lógica, que boa parte da sociedade acaba caindo, o futuro é algo inalcançável. No presente, a pessoa está sempre fazendo algo para o amanhã, enquanto o hoje fica esquecido. O hoje é sempre um trampolim, um caminho a seguir para chegar no futuro. E o agora, que é onde acontece a vida e é o único momento que você tem certeza que existe, é relegado ao último plano.

 

 

Em Pale Cocoon, apesar dos personagens acharem que estão na Terra, na verdade, eles vivem na Lua. Aconteceu que a humanidade destruiu o planeta e foi obrigada a viver em uma colônia lunar.

O homem, não valorizando o que tinha, pensando sempre no futuro, achando que poderia devastar o planeta em prol de lucros e que a Terra iria estar ali para sempre, acabou perdendo o meio em que vivia.

E, atualmente, na Lua, acontece o mesmo: Ura teve um relacionamento com Riko (mulher que também trabalha com análise dos arquivos) e acabou perdendo-a por conta de sua obsessão com o passado, por conta de uma possibilidade de futuro que poderia nunca existir (ele queria descobrir uma forma de trazer, pelo menos um pouco, a realidade anterior de volta).

 

 

Tanto os homens da Terra, como os homens da Lua cometeram o mesmo erro: não valorizaram o que eles tinham de certo (hoje) em prol de algo completamente incerto e que poderia nunca chegar (futuro).

 

 

Pale Cocoon é um OVA de baixo orçamento, então, não espere grandes coisa da parte técnica. O ponto fortíssimo fica por conta da narrativa, que vai soltando as informações num timing muito bom e construindo um enredo bem organizado.

O tempo também foi muito bem trabalhado, afinal, em 23 minutos ele conseguiu explicar bem o universo, desenvolver os personagens e passar uma mensagem bem importante.

Animê bem interessante, que foge da mensagem clichê de “a humanidade é uma porcaria e está destruindo a Terra” (apesar de também falar sobre isso). E prova que é possível fazer obras muito boas mesmo com baixo orçamento.

 

(〜 ̄▽ ̄)〜 O amor move estações lunares… ou não…

 

 

Comentários