Bom dia!

Ao final desse episódio tudo parece estar indo para o vinagre. Não que os episódios anteriores tenham sido muito positivos, mas o sétimo foi positivamente negativo.

Até então as garotas estavam apenas angustiadas, mas agora surge no horizonte mais de uma ameaça a própria amizade entre elas. Amizade que, sabemos, é muito importante para essas meninas.

 

Sugawara anormalmente irritada com Onodera

Talvez a Sugawara quisesse uma oportunidade para falar tudo? Talvez quisesse escutar de Onodera o pedido para que fique longe do Izumi?

 

A Hongou foi a mais insana nesse episódio, tendo não apenas dado em cima do Professor Yamagishi, mas fazendo mesmo o pedido indecente de ir para a cama com ele. Na verdade para o futon. Bom, você entendeu.

Ela parece ter despertado desejos claramente sexuais pelo seu professor. Bom, esse é o tipo de coisa que surge nessa idade mesmo, não há problema nenhum em si.

O problema, claro, é que as circunstâncias provavelmente a fizeram queimar várias etapas (nem dá para saber se ela gosta do Yamagishi, e parece que ela nem pensou nisso) e, óbvio, ele é um adulto, e seu professor.

Ainda bem que nem todos os adultos nesse anime são horríveis. Na verdade acho que poucos são horríveis. “Todos os adultos são horríveis” (ou ausentes) é um clichê que raramente (se é que alguma vez) vemos em animes da Mari Okada.

O Professor Yamagishi conseguiu lidar com o fogo no rabo da Hongou. De forma não convencional, o que pode ser criticado, sim, mas será que uma abordagem convencional teria funcionado com ela?

 

O Professor Yamagishi faz que vai beijar agressivamente Hongou, e para em cima da hora, para assustar a garota

 

Em Koi wa Ameagari no You ni, se Kondou tivesse desde o começo adotado uma abordagem que constrangesse a Tachibana, será que a garota teria ido tão longe em seu amor proibido?

Eu sei que são situações muito diferentes e o que especulo essencialmente tiraria todo o motivo para Koi wa Ameagari sequer existir. Claro que não quero que Koi wa Ameagari deixe de existir, só estou fazendo uma comparação para entendermos melhor a situação da Hongou, já que não há exemplos em Araburu para isso.

Ou há, né, Saegusa? Mas esse é outro caso, vou tratar dele por último.

Além da Hongou, outra garota que está cometendo erros de julgamento em penca é a presidente do clube, Sonezaki.

 

Amagi está sendo alienado pela Sonezaki

 

Está tão satisfeita consigo mesma, com o amor que recebe, que não percebe que não está dando atenção para o Amagi.

Pessoas diferentes têm necessidades diferentes. Talvez a Sonezaki seja feliz só de saber que alguém a ama, mas para o Amagi isso claramente não basta. E ela o está alienando.

Não estou dizendo que ela está errada, porque nesse caso não existe certo ou errado. Eles precisam descobrir como fazer esse relacionamento ser bom para os dois, mas talvez isso seja impossível. Talvez o que um absolutamente precise seja algo que o outro não possa oferecer de forma alguma.

Se for esse o caso, seria triste, mas o único caminho é o fim da relação.

 

Sonezaki está afogada em seu amor

 

Enquanto a Sonezaki aliena o Amagi, a Momoko faz o mesmo com o Sugimoto, mas seus motivos não poderiam ser mais diferentes.

E nesse caso a gente nem acha triste porque o Sugimoto nem é tão legal mesmo. Ou talvez seja? Para a pessoa certa, ele com certeza é. Quero dizer, ele foi meio ególatra no primeiro encontro, e às vezes é meio grudento, mas alguma garota por aí talvez ache que esses são justamente seus charmes.

Não é o caso de Momoko, mas que se reconheça que, ao que parece, não há garoto com charme suficiente para ela.

É seguro dizer, após todos os sinais dados nesse episódio, que a Momoko gosta mesmo é de garotas. Nem a rota da bissexualidade parece aberta para ela – exceto, talvez, com garotos excepcionalmente andróginos?

 

 

Ok, a Momoko com certeza gosta de garotas e talvez de coreanos de boy bands.

Já a Onodera gosta de garotos mesmo, e nem precisam ser estrelas internacionais. Ela se contenta com muito menos, algo como um famosinho da escola já está ótimo para ela.

Estou brincando, claro. Ela gosta do Izumi, como bem sabemos, e talvez desde muito tempo.

 

Onodera diz para Sugawara que vai se declarar para Izumi

 

Ela mesma reconhece que sempre gostou dele, só o que mudou foi a forma de gostar. De amigos de infância à amor.

Mas sabia que isso é biologicamente improvável? Para favorecer a diversidade do pool genético crianças que crescem juntas ou elas e adultos com quem convivem raramente desenvolvem desejo sexual um pelo outro.

O velho clichê dos amigos de infância apaixonados só é tão comum em ficção mesmo. Por outro lado, se irmãos ou pais e filhos são separados muito novos e se reúnem depois de velhos sem saber que são parentes coisas complicadas podem acontecer.

Atração e paixões avassaladoras podem surgir nesses casos. Quem é mais geneticamente compatível com você do que alguém com quem você compartilha a maioria de seus genes, não é?

Puxando exemplo de outro anime mais uma vez, isso provavelmente explicaria, se os criativos quisessem dar alguma explicação, porque Carole ficou tão fascinada por Dann em Carole & Tuesday. Ela ainda não sabia, mas ele era seu pai. Ele já sabia, era por isso que estava lá.

Enfim, isso foi uma grande digressão. De volta ao que importa, Onodera está apaixonada por Izumi e, superadas suas inseguranças a respeito de Sugawara, ela se sente mais corajosa do que antes e decide se declarar.

De uma forma indireta, o que talvez tenha até efeito maior. Ela se candidata a fazer a leitura dramática do pequeno conto escrito pela Hongou. Um conto em que a garota se declara para o garoto.

 

O olhar de Sugawara ao escutar de Onodera que ela pretende se declarar para Izumi

 

Sugawara também superou seu mal-estar com Onodera. Ela estava com rancor da amiga desde que descobriu que ela desconfiava que talvez Sugawara e Izumi tivessem sentimento um pelo outro.

Mas mesmo Sugawara já havia reonhecido, no episódio anterior, que ela entendia que a situação da Onodera não é como aquela que ela sofreu várias vezes. Por que, então, não obstante estava tão irritada?

A irritação passa, mas não a inquietação. É aí que ela começa a desconfiar que talvez esteja, mesmo, apaixonada por Izumi. E ela havia acabado de brigar com a Onodera por ela se atrever a cogitar isso que obviamente “não era verdade”…

Para ter certeza de seu sentimento, ela procura seu ex-abusador. A forma como a Sugawara falou sobre ele para o Izumi já havia deixado claro, mas esse episódio cimenta a questão: a relação entre abusador e vítima não é simples e não acaba tão fácil, em um estalar de dedos.

 

Sugawara procura Saegusa para aconselhar-se

 

Mesmo sabendo que o Saegusa é um pedófilo, e um que em certa medida leva à termo suas perversões (ainda que, felizmente, não até as últimas consequências), Sugawara ainda confia nele. Ainda tem algum carinho por ele. Não foi por outro motivo que ela o defendeu perante o Izumi.

“Ele nunca me tocou”, jura Sugawara. Não tenho dúvida de que ele nunca a levou para cama ou sequer fez menção nesse sentido ou qualquer coisa equivalente, mas tocar ele tocou, não é? O flashback dela começa com ele esfregando o rosto no pé dela, afinal.

E não ficou por aí. A naturalidade com a qual ela vai até ele pedir um beijo e com a qual ele aceita indica que aquela não é a primeira vez que eles se beijaram.

É para essa pessoa, esse adulto horrível, que Sugawara vai pedir conselho em um dos momentos mais importantes de sua vida. E, por acaso, um dos momentos que o próprio Saegusa mais espera de suas vítimas, conforme ele já deu a entender na conversa que tiveram no salão de ensaio sozinhos, no flashback.

Não duvidaria que ele seja voyeur de adolescentes fazendo sexo, muito especialmente suas vítimas.

 

O olhar predador de Saegusa enquanto conversa com Sugawara

Eu quase tenho certeza disso, na verdade

 

Por isso ele inflama Sugawara, a urge para que traia a confiança da amiga e invista em Izumi. E a forma como faz isso é instrutiva do comportamento abusivo.

Não importava o que ele dissesse, Sugawara estava determinada a guardar seus sentimentos apenas para si por conta de seus valores morais a levarem a respeitar os sentimentos da amiga – muito especialmente após elas terem brigado por causa disso.

Mas então Saegusa usa as palavras mágicas: “sem graça”. Sugawara é bonita e sabe que é bonita. Ela se orgulha de sua aparência e, em certa medida, de sua personalidade também – por isso gosta do clube de literatura, porque lá ela pode ser quem ela quer ser.

E eis que o Saegusa a ameaça de se tornar uma pessoa “sem graça”. Se ela não fizer o que ele diz que ela tem que fazer, ela vai ser sem graça, diz Saegusa. É método. Vemos ele usar isso pouco antes com a sua, provavelmente, nova vítima criança durante ensaio.

 

 

Parece ter convencido Sugawara. Onodera está com problemas, porque não parece que o Izumi goste dela da mesma forma.

Quero dizer, ele já sabe que ela está apaixonada por ele, mas não o vemos frustrado ou agitado ao redor dela. No começo do anime ele estava agitado, mas era por uma boa razão. Agora ele está apenas contemplando algo friamente a informação de que sua amiga de infância gosta dele.

 

Izumi pensando, algo melancólico, sobre como Onodera gosta dele

 

Será que no final tudo vai terminar bem?

Se “bem” significar “Onodera e Izumi juntos”, eu não apostaria nisso.

Esse é um anime da Mari Okada. É raro que os casais principais terminem juntos em seus animes. Pense em Hanasaku IrohaKokoro ga Sakebitagatterunda, Hisone to MasotanAnohana.  Ok, no último a garota do casal principal estava morta desde o começo, mas todo o resto era um imenso polígono amoroso e cada um seguiu seu rumo no final.

É cedo para ter certeza, claro, mas essa não é uma história sobre romance. É uma história sobre um grupo de amigas conforme elas passam pela transição da puberdade.

O clube de literatura vai sobreviver aos terremotos que se avizinham? Essa é a pergunta central do anime. E eu aposto que vai, sim.

 

A guerra de travesseiros das garotas

Talvez elas só precisem de mais uma guerra de travesseiros

 

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