Bokura no Ketsumei (Our Blood Oath) é outro mangá da nova safra da Shounen Jump, igual Burn the Witch (que já encerrou a primeira temporada), e Honomieru Shounen. O mangá é de autoria de Kazu Kakazu e na história acompanhamos Ko, irmão mais novo, e Shin Hizuki, irmão mais velho; eles são conhecidos como os irmãos vampiros que protegem os humanos com o poder de um laço que excede barreiras de sangue.

A primeira ideia que me veio a mente ao ler a estreia desse mangá foi a da importância da família, e uma família que não é bem a “tradicional”, pois tem a base sustentada por amor que foi cultivado no convívio e não por laços sanguíneos inerentes. O mais bacana é essa ideia ser usada com vampiros, criaturas que se alimentam de sangue humano para sobreviver. Kazu é criativo ao moldar os conceitos primários da obra.

Contudo, isso por si só não garante “sobrevivência” e se a relação dos irmãos me cativou um pouco, não é como se a sequência de eventos do enredo tenha me surpreendido, chamado a atenção. As circunstâncias de Ko e Shin não eram difíceis de prever, o que acaba sendo bom, porque o autor dá pistas antes do clímax, tornando a revelação crível, mas ao mesmo tempo é ruim, afinal, expõe certas limitações que o autor tem.

Por exemplo, a cena de ação foi um tanto pobre e ela não indica nada muito animador nesse aspecto, além dos designs e do estilo visual em si existir e ser belo, mas ter carecido de marcas visuais pungentes. Acho que apostar no irmão menor como aquele que luta e seu vestuário em si não ajudaram muito com isso, as bestas dão uma compensada, mas não sei se será o suficiente para ficar visualmente assim tão atraente.

Até foi no piloto, mas será a longo prazo? O traço não é exatamente primoroso, mas segura o piano e se há falta de visão em como fisgar o leitor fácil, o roteiro é um ponto de segurança já que trabalha bem nuances da relação dos irmãos e cria todo o contexto em que faz sentido contar a história deles (um resumo dela), relacionar ela a da pessoa sendo ajudada e explorar a ideia que quer ser vendida, da força de uma família.

O desprezo da família do Shino marca essa situação problema com a qual os irmãos têm que lidar no dia a dia, mas por que fazem isso se moram em mansão e vêm de uma família abastada de vampiros? Porque Shin é humano, é um filho adotivo, e isso muda toda a forma como seu irmãozinho, Ko, poderia enxergar o mundo a sua volta. Além disso, um deseja proteger o outro e por isso fazem o contrato de servo e mestre.

O amor é mútuo, assim como o esforço, os ricos e os ganhos. Sendo assim, fica bem clara a profundidade e importância dessa relação, que guiará a narrativa e precisa ser cativante a fim de prender o leitor. Eu não sei se isso vai acontecer, obviamente, mas tenho boa vontade justamente pela consistência do todo, é nos detalhes que o mangá me cativou e me deixou tendo um pouco de esperança de um não cancelamento…

O problema, um dos, certamente é o mundo da obra, não que não tenha gostado das bestas vampirescas, achei a ideia criativa, mas se desejo de vingança não ficou claro e o pouco mostrado indica uma possível estrutura episódica, temo que seja difícil se apegar a algo mais que a relação dos protagonistas na trama. Porque, convenhamos, nem gosto tanto de vingança ou um mundo complexo, mas isso prender leitor, né?

Um objetivo forte e a sensação de novidades a vista, proteger um ao outro não me parece o objetivo mais específico ao qual me refiro e a luta ou os monstros não deram indícios de tanta complexidade assim. O que não impossibilita nada também, é só a estreia, o problema é que na Shounen Jump o autor precisa ter cartas boas na manga para lançá-las o quanto antes, se a estreia tem potencial e peca em detalhes é duro.

Mas tudo bem, sei que não posso nortear o artigo só pelo que o mangá faz ou não para não ser cancelado e se o público tiver bom gosto, com uma boa dose de paciência, há real possibilidade da série emplacar. Os personagens trabalhados no piloto não são originais nem nada do tipo, mas ao mesmo tempo também se viram bem na trama, principalmente interagindo uns com os outros e há outros detalhes de forma legais também, como os dizeres proferidos pelo caçula ou os golpes. O battle shonen precisa dessa mecânica.

Nada que melhore ou piore muito a impressão geral, mas faz sentido haver em um mangá da demografia. Minha impressão geral é de que Bokura no Ketsumei só é um pouco inferior a Honomieru Shounen nesse aspecto de “vender o peixe”, porque se duvidar tem a chance de contar uma história mais interessante que o parceiro de leva. Você pode ler a obra no aplicativo Manga PLUS em inglês ou espanhol. Dê uma chance!

Até a próxima!

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