O que você faria se fosse amaldiçoado com o infortúnio de destruir tudo o que tocar? Bem difícil imaginar tal situação, mas é nesse grande dilema que vive o protagonista dessa simpática história de amor, que por sua vez não é nada convencional.

Bocchan – como é chamado, e o nome que usarei agora – é um rapaz que quando criança sofreu com a maldição que citei acima, carregando desde então o fardo de viver condenado a solidão, sendo desprezado até por aqueles que deveriam permanecer ao seu lado diante de uma circunstância tão difícil.

Diante da tristeza que lhe cerca, ele encontra apoio nas únicas pessoas que decidiram lhe fazer companhia, o mordomo Rob – que infelizmente não deu as caras nessa estreia – e a empregada Alice, alvo de sua maior preocupação dentro da mansão em que foi confinado.

Misture Nagatoro, Takagi e Uzaki – talvez até outras que não me recordo agora – e você terá a Alice, uma garota franca, doce e ao mesmo tempo muito ousada, que gosta de passar o seu tempo instigando seu jovem mestre das formas mais variadas possíveis, para a aflição constante dele.

Pessoalmente não cheguei a me incomodar com o assédio da personagem, mas entendo quem não comprar, até porque as personagens que falei já fizeram o teste drive antes da Alice, ao testar as preferências de cada um quanto a esse tipo de “brincadeira” romântica. Se muito, tenho que questionar a coragem da Alice de ser tão assertiva, mesmo correndo o risco de se deixar tocar e sobrar por isso.

Ao longo do episódio eu me dividi entre o riso com as peripécias da dupla, e com aquele leve sentimento de angústia ao acompanhar os pensamentos do Bocchan, que mesmo tentando encarar da melhor forma possível seu destino, ainda sente o peso dele – como vimos no encontro com o ex-amigo.

Eu confesso que na cena em que o Phillip aparece, a vontade que dá é tirá-lo dali na base da porrada, porque o show de insensibilidade que ele dá ao visitar o garoto é imensa. Bocchan esperava rever o amigo que não via a muitos anos – e a primeira pessoa de fora que não seus funcionários -, e encontrou um tolo que ao invés de entender o entorno e demonstrar o mínimo de empatia, apenas trouxe mais melancolia ao coração do outro.

Felizmente se as demais pessoas não tem esse cuidado, isso não podemos nos queixar quanto a Alice que o defende como pode. Algo que fica muito claro nesse episódio é que ambos tem um sentimento forte em relação ao outro, esse que não vai para frente apenas por conta do problema do protagonista – o que até ajuda na dinâmica toda entre os dois.

A cada investida a empregada exibe o quanto se importa com ele, e é interessante que mesmo parecendo apenas um assédio qualquer da parte dela, se nota que a intenção da moça é muito maior do que só incitar o outro lado dele.

Na verdade diante do sofrimento ao qual ele é exposto constantemente desde criança, me parece que a Alice vê em suas brincadeiras, uma forma de fazê-lo esquecer que a morte lhe persegue, ao mesmo tempo lhe deixando perceber que é amado por ela e não um monstro como todos dizem.

Ele é recíproco e justamente por isso tenta mantê-la em segurança dele mesmo e é aqui que temos um grande ponto, como eles vão conseguir consumar esse amor guardado, uma vez que ele mata tudo o que possui vida? O anime além da parte mais engraçadinha e fofinha, tem um caminho bom a fazer pegando na outra ponta dramática do enredo.

A tensão familiar existe, e no episódio tive a impressão do anime querer mostrar que de algum jeito, a mãe parece se importar com o que acontece ao filho, e isso se reflete no fato dela pensar sobre ele e ter mandado o Phillip verificar o seu estado. Talvez ela nem ligue, mas ainda assim estou bem curioso para ver como as coisas caminham, especialmente por conta dos irmãos, que dado o pouco que vi parecem querer estar perto do Bocchan – mesmo com o perigo existindo.

Visualmente o anime está decente, muito embora o 3D possa matar um pouco da experiência. Como já me acostumei ao estilo artístico que foi entregue em High Score Girl e está presente em Kiyo in Kyoto – remanescente da temporada anterior -, tirei esse aqui de letra e acho que no geral dá para aproveitar sim.

Se você curte um romancinho açucarado com umas pitadas de provocação feminina, somados a um leve drama que permeia seus protagonistas, esse anime definitivamente é para você. De todo modo acredito que mesmo não sendo fã do gênero, vale ao menos a olhada.

Agradeço a quem leu e até a próxima!

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