Seirei Gensouki (Spirit Chronicles) é um anime do estúdio TMS Entertainment (Dr. Stone, ReLIFE, Orange, Karakai Jouzu no Takagi-san, Megalo Box, Youkai Apartment no Yuuga na Nichijou) que adapta a light novel escrita por Yuri Kitayama e ilustrada por Riv. A produção é da temporada de verão de 2021 e possui a seguinte sinopse:

 

“Rio é um órfão marginalizado que retoma as memórias de sua vida passada. O garoto era Haruto, um universitário de 20 anos que morreu em um acidente de ônibus sem conseguir cumprir a promessa de casar com sua amiga de infância, Mii-chan. Rio descobre seu talento para a magia e salva a princesa do reino, evento que o tira de sua vida miserável. Como Rio usufruirá de seus poderes e se reconciliará com seu passado?”

 

Esse lance de reaver memórias de uma vida passada já em uma idade avançada tem acontecido cada vez mais com os protagonistas de isekai, né? E tem diferenças nesse fenômeno, por exemplo, a Myne de Ascendance of a Bookworm traz consigo a pessoa que ela era quando japonesa, mas o protagonista de Seirei não, ele apenas recebe essa carga de memórias, mas não sobrepõe o garoto do mundo de fantasia, o Rio.

Não sei se faz sentido essa minha impressão, mas imagino que tenha relação com experiência de quase morte ou morte mesmo. Não que todos os autores pensem nesse detalhe, nem que seja assim tão relevante, só acho interessante frisar esse ponto porque essa confusão do herói dá um pouco a medida de como a história deve ser construída a partir desse ponto, com informações desencontradas que se organizarão aos poucos.

Até porque o contraste entre a vida que levava no Japão e a vida nesse mundo de fantasia é enorme. Haruto era um adulto versado em artes marciais, enquanto Rio parecia um galho prestes a quebrar a qualquer momento, mas isso antes de descobrir sua magia devido a um encontro que a gente pode chamar de predestinado, mas também de conveniente. É um isekai, né, não dá para esperar nada mais sofisticado que isso.

Ao menos a maneira como ele usa esse poder mágico para executar os movimentos recém-fixados ao seu cérebro foi boa, até pela interferência do espírito que o ajudou e se eu não tiver entendido errado é a versão da amiga de infância nesse outro mundo. Porque começar o anime com esse trecho do passado para o garoto morrer depois, ainda mais após frisar que a protegeria mesmo após a morte, deixa tudo muito na cara.

Ele vai conseguir concretizar esse amor, só que agora em outro mundo, e provavelmente com uma penca de outras pretendentes que vão compor seu harém, quer ele fique com outra mulher além dela ou não. Aliás, por que os dois não estavam juntos se ele já era um adulto? Essa estreia foi mesmo meio “desajeitada”, tanto que não deu para pegar mais pistas de como deve ser a trama, e não vou entregar o que li por aí.

Ainda assim, uma coisa ficou clara nesse princípio, que após essas memórias retornarem o protagonista obteve mais recursos para lidar com as adversidades que aparecessem em seu caminho. Ele conseguiu lutar devido as lembranças da arte marcial que praticava, acho que foi meio bobo em voltar ao esconderijo dos sequestradores, mas talvez sua ideia fosse justamente checar o que eles tinham, se não era a princesa raptada.

Por sorte foi salvo pela grana que a maga o deu, mas vai precisar mais que isso para sobreviver no ninho de cobras no qual deve se enfiar, e deve ter sido justamente por prever isso que ele pediu aulas de etiqueta para se apresentar ao rei e assim obter sua simpatia. Se tudo na vida é uma questão de preparo, então Rio se preparou adequadamente para lidar com as adversidades que apareceram em seu caminho.

E digo mais, ele acabou as transformando em oportunidades para ascender na vida e cumprir seu objetivo de vingança. Vingança do Rio, pois o Haruto só quer amar. Mas perdeu a pretendente a esposa? Esse lance do passado dele como japonês certamente voltará à tona, só espero que a coisa não fique mais bagunçada do que já foi nessa estreia, afinal, em meio a esses objetivos ele deve ter que estudar magia e daí já viu, né…

Seirei Gensouki realmente não é nada demais dentro do território fértil de isekais que têm ganhado campo nos últimos tempos. Inclusive, acho que o anime poderia ter apresentado uma estreia um pouco mais dinâmica, com maior equilíbrio entre as informações que queriam passar e a forma de fazê-lo. A gente acaba a estreia sem saber o que rolou com a amiga de infância, além do lance do rapto ter sido meio “desengonçado”.

Em todo caso, o que importa é que o protagonista pode ainda ter o corpo de uma criança, mas não mais a mente, esta já bem mais safa, até por estar amparada por um poder mágico que levará o herói longe, levando consigo as várias garotas que aparecem na abertura e no encerramento também, este cantado pelo talentosa Aguri Onishi, que interpreta Ayumu Uehara, a protagonista de Love Live! Nijigasaki High School Idol Club.

O que mais posso escrever? Que a parte técnica não entregou nada demais, já deixando claro que não dá para esperar nada muito rebuscado, ou que, apesar do início um pouco acelerado e confuso, Seirei também não se jogou totalmente a galhofa justamente pelo aparente senso de propósito do protagonista (afinal, por um lado ele quer vingar a mãe e por outro reencontrar seu amor da outra vida)? É, acho que é isso.

Seirei Gensouki é só mais um dos muitos isekais dessa temporada e se me permite a ousadia, duvido que será o melhor deles. Ainda assim, se você curte isekais mais genéricos, garotas fofas (ao montes aqui) e não se importa tanto com a animação ou uma história que poderia ser melhor apresentada/contada; acredito que esse anime seja para você. Tudo na vida é uma questão de preparo, vá preparado se for mesmo assisti-lo.

Até a próxima!

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