ReLIFE é uma das minhas obras favoritas – tanto em anime quanto em webtoon – e quando soube desses 4 OVAs que seriam lançados para adaptar o que faltava do material original fiquei bastante feliz, pois acreditava que a obra merecia um final digno em ambas as mídias.

Apesar desses quatro episódios cortarem muitas partes do webtoon, mudarem outras e simplificarem as adaptadas, ainda assim foi um bom trabalho que encerrou bem uma obra tão gratificante. Foi bem escrita em sua maior parte, mas principalmente foi satisfatória quanto a sua mensagem e à forma que optou por transmiti-la.

Se ainda não leu, leia a resenha do anime para a TV de ReLIFE também.

A história retoma do momento em que é revelado que a Hishiro também é uma cobaia, o que não foi um plot twist tão surpreendente assim do primeiro anime, mas que tornou ainda mais significativa a interação entre ela e o Kaizaki, já que as especificações do experimento não permitiriam que eles se lembrassem um do outro.

Todo o processo de “passagem de bastão” do Ryou para a Onoya ocorre sem problemas, exceto pela desconfiança da Hishiro de que o Kaizaki também é uma cobaia – chega a ser engraçado como ela é esperta para umas coisas e burra para outras.

Isso não apresenta um efeito negativo em Hishiro ao ponto de fazê-la evitar o envolvimento com o Kaizaki ou com os outros, porém, a deixa angustiada sobre o seu próprio experimento e sobre a possibilidade de estar apaixonada por alguém mais novo.

Esse primeiro episódio não se aprofundou em nenhum ponto em especial, entretanto, com a cena final em que o Kaizaki admite para si os sentimentos que nutre pela Hishiro e com a cena em que ele aconselha o amigo sobre a situação envolvendo seu irmão recluso e sua namorada, a semente de algo que estava por vir foi plantada, e assim a história pôde seguir para outro de seus muitos “relatórios”.

A Hishiro fazendo cara de desgosto não tem preço!

É uma pena o conteúdo adaptado nesses 4 OVAs não ter sido lançado em uma temporada de pelo menos 12 episódios.

Pois, por exemplo, há situações envolvendo o temor do Kaizaki de se envolver ainda mais com seus amigos porque eles iriam esquecê-lo e a Hishiro tentando fazer tudo sozinha, mas aprendendo a contar mais com as pessoas.

Além disso, há arcos inteiros – existe um longo arco da Kariu com o Ooga relacionado ao problema do irmão dele, coisa que aprofunda os personagens e dá ainda mais base para o penúltimo trecho do anime – que até foram pincelados em momentos pontuais de forma razoável, mas não deram à história a profundidade que poderia ter tido.

Contudo, essa é uma análise do anime então me atentarei somente a ele. O que posso dizer é que mesmo como as coisas ocorreram – com mudanças e simplificações – a mensagem do original não foi desperdiçada.

Mesmo tendo dificuldade para sorrir, ela sorriu tanto nessa parte da história e eu adorei isso!

O segundo episódio foca no Festival Cultural e se encarrega de desenvolver o que ainda precisava ser desenvolvido sobre os sentimentos da Hishiro. Mais uma vez várias mudanças são feitas para tornar tudo mais simples – e elas continuam sendo boas –, fazendo com que a protagonista também admita para si os sentimentos que tem pelo Kaizaki e com que ela pense cada vez mais na possibilidade dele ser outra cobaia do experimento.

Todos vão esquecer dos dois, eles não irão com seus amigos para a universidade, mas isso quer dizer que o esquecimento vai apagar todos os momentos incríveis pelos quais passaram juntos? De forma alguma, pois o Kaizaki vai se lembrar, a Hishiro se vai lembrar, e, mesmo que se esqueçam um do outro, eles não vão esquecer como aquelas crianças os ajudaram a se tornar pessoas melhores e como a presença deles também marcou profundamente todas aquelas crianças.

Esse momento foi muito fofo, tanto no webtoon quanto no anime!

Chega a ser ingenuidade da parte do Kaizaki ele pensar, mesmo que só por alguns segundos, que poderia continuar sendo um adolescente para sempre em um ReLIFE sem fim. Isso demonstra a preocupação necessária da obra em ter um final decente e minimamente coerente, que, mesmo usando clichês, não force situações que se choquem diretamente com o que foi acordado ao se fazer o experimento.

Ter feito isso só provou o quanto o Kaizaki se envolveu com os amigos que fez, o quanto toda aquela situação passou a ser especial não só para ele, mas também para a Hishiro, já que os dois sentem o peso que é desaparecer da vida daqueles que conheceram naquele ano. Sobra o alento de que, mesmo que aquelas pessoas não se recordem deles, o impacto que causaram não desaparecerá.

Chega a ser engraçado como os pensamentos dos dois estão em total sintonia nessa cena.

Toda a base dos personagens e da trama foi construída na primeira temporada, esses especiais só tocaram nos principais pontos que precisavam ser abordados para concluir a história, e um deles, sendo um dos mais importantes, era o desenrolar amoroso entre os protagonistas, Kaizaki e Hishiro.

Outra coisa interessante a se observar sobre esse momento é que, mesmo quando se diga que uma pessoa evoluiu, isso não quer dizer que ela nunca mais agirá de uma forma que já agiu antes, só que a forma como ela vai lidar com a situação será diferente.

Foi exatamente isso que a Hishiro fez, pois, mesmo confusa sobre seus sentimentos em um primeiro momento, ela foi capaz de agir – do jeitinho próprio dela – a fim de entender o que sentia pelo Kaizaki e então dar vasão a isso. Ela foi corajosa!

Quem diz que palavras com sufixo ismo são um erro é porque nunca conheceu o Hishiroismo!

O Kaizaki também foi corajoso, pois, mesmo com todas as implicações morais que tanto tiravam seu sono, conseguiu se declarar para a pessoa pela qual se apaixonou, e foi correspondido, não de forma tão direta – com um beijo ou algo do tipo –, mas com a noção que cada um tinha de que suas barreiras morais os impediriam de ir além de certo ponto.

Senti falta de um questionamento maior sobre isso ao menos da parte da Hishiro, mas era muita coisa para acontecer em pouco tempo, então relevo a questão. Pelo menos mantiveram a cena dos pingentes – que era importante para acabar bem a história.

Uma declaração que não pode faltar em qualquer romance escolar que se preze!

Não gostaria de comparar o anime ao webtoon, porém, a leitura dos momentos finais foi tão angustiante que tive de parar por um momento, pois não aguentava esperar tanto pelo final. Já com o anime isso não aconteceu por tudo ser bem mais rápido.

Mas também há beleza e tristeza em todo aquele clima de despedida advindo do fim do ano letivo no anime – que também marcaria o fim do experimento ReLIFE para ambas as cobaias. A cena em que a Hishiro reverencia a escola que tanto lhe proporcionou boas memórias e na qual o Kaizaki a acompanha é a reafirmação de uma característica presente em toda a obra e que é muito abordada em histórias japonesas.

O respeito à instituição, o apreço aos superiores, as coisas que outras pessoas fazem por você e como elas cuidam de você de diversas formas – assim como você cuida delas. ReLIFE é uma história sobre olhar para o fim da adolescência, e, ali naquele pecadinho, tentar encontrar o que lhe faltou para “dar certo” na vida adulta.

Sendo assim, um respeito e uma atenção a diversas coisas – às quais muitas vezes nem damos nomes – era preciso. Na mesma cena do adeus do Kaizaki e da Hishiro jovens, há um momento carregado de satisfação pelo incrível e inesquecível ReLIFE que tiveram e de tristeza por saberem que seus caminhos seguiriam rumos diferentes a partir dali.

Pode ser que parte do peso da cena seja perdido devido à enxuta adaptação, mas se você se lembra bem da primeira temporada ou se a reviu antes dos OVAs, creio que essa cena pode sensibilizar você bastante ao rememorar como foi belo o caminho para se chegar até ali.

A Hishiro tentar “trapacear” para não esquecer seu amor é de cortar o coração, mas o final que vem a seguir é gratificante e faz jus a uma obra que, entre lágrimas e sorridos, quis dizer tanta coisa boa.

Kariu, Ooga, Tamarai, Inukai, Nobu-chan. Obrigado por terem sido tão incríveis!

Com o experimento ReLIFE finalizado, o que sobra agora é a vida adulta de Kaizaki Arata e de Hishiro Chizuru – vidas que têm seu valor e que nunca poderiam ser jogadas fora.

Como o tempo desses especiais foi curto, as duas cenas mais importantes logo ocorrem, e, na primeira, mesmo sem o longo arco envolvendo a sua família e a Kariu, a exposição da situação problemática do irmão do Ooga já foi suficiente para deixar claro que uma ótima forma de fechar essa história seria justamente dar a ele a oportunidade que o Kaizaki teve.

Para ele deixar de ser recluso, deixar de ser NEET, para voltar a encarar a vida adulta ao “voltar no tempo” e para experimentar sua vida colegial mais uma vez.

Essa é talvez a mensagem mais importante dessa história, a mensagem de que as pessoas têm que ser capazes de recomeçar, de que elas têm que se esforçar para tentar alcançar o melhor da vida e de que não há vergonha nenhuma em pedir ajuda ou receber ajuda – e é ainda mais gratificante poder ajudar.

Tanto é isso que ambos, Kaizaki e Hishiro, concluem seus experimentos com um agradecimento, com plena certeza de que o ReLIFE foi uma experiência única por meio da qual eles foram capazes não só de mudar, mas também de se aceitarem e de se perdoarem por meio do esforço e da perseverança.

Eu quero, e um carregado de muitas emoções e memórias inesquecíveis, por favor!

No webtoon, o final é invertido, vindo primeiro o final apresentado no anime e depois a cena com o irmão do Ooga, e há algumas diferenças entre os acontecimentos, mas em essência é o mesmo. É um final clichê? Bastante. Mas que outro final seria possível senão esse?

Um final triste em que a chance de se formar um casal tão bonito é desperdiçada? Não, ReLIFE trata de adversidades da vida e de como encará-las como adulto. Nunca foi uma história sobre perdas e sim sobre conquistas, sobre dar o melhor de si para conseguir superar seus maiores problemas.

Como o trauma pelo suicídio da senpai do Kaizaki, algo que infelizmente não foi explorado nesses OVAs, ou a dificuldade de interação social da Hishiro. Perceba que a Onoya deu sua mãozinha para que a Hishiro trabalhasse na empresa e que o Kaizaki se envolveu tanto com o ReLIFE a ponto de não conseguir deixá-lo.

Mesmo que aparentemente não pudessem fazer nada, o Ryou e a Onoya fizeram algo e confiaram no amor que seus kouhais sentiam um pelo outro. Um amor capaz de superar o esquecimento, um amor capaz de nos permitir enxergar como a vida pode ser bonita, como nunca devemos desistir até encontrarmos a felicidade.

Tudo está bem quando acaba bem! E esse é o fim do ReLIFE de nossas vidas!

  1. Matheus - O Presidente

    Vi que escreveu bastante, gostei do início, mas vou parar aqui. Tambén curti muito esse anime e tava sem condição de assistir.
    Mas vou assistir again. Depois volto aqui xD

Comentários