Sabem por que escolhi acompanhar esse anime aqui com vocês? Foi pelo fato de que, apesar de abraçar seu lado “zoeiro”, ele tenta ir além e provocar reflexão no telespectador, só que não forçando isso goela abaixo, mas de um modo sutil que faz a forma parecer que está se distanciando do conteúdo, quanto na verdade está é muito bem alinhada a ele. Não é um milagre esse anime ser bom e agora falarei o porquê acho isso!

Gosto quando fica claro que uma obra deixou algo bem de lado em um momento para trabalhar isso no momento seguinte, e foi o que aconteceu aqui, já que a universitária apagada do primeiro episódio ditou o ritmo desse, sem, contudo, roubar toda a atenção para si, já que outros personagens também foram trabalhados. Também acho bom quando se começa um anime já apresentando os personagens principais e a relação que eles têm para depois ir destrinchando algo a partir dali.

Esse protagonista é zoado por natureza!

E quem é a Miyako? Ela é uma universitária que foi colega do Itsuki por apenas seis meses e mesmo não tendo nada a ver com o mundo das light novels ou com o protagonista acabou se tornando amiga dele e não querendo mais sair do seu lado. Ela gosta dele? Talvez, mas o fato é que isso não é o foco aqui e diria que ela é mais como uma “irmã mais velha” que gosta de cuidar do Itsuki e até parece apoiar o amor incondicional da Nayuta por ele. Espero que a história não acabe se tornando um harém e que ela não acabe nele, o que por esse episódio deu para não temer tanto.

O bacana aqui foi ver como a personagem é diferente do protagonista e mesmo assim acabou se afeiçoando a ele, mostrando o poder que a amizade tem para unir pessoas aparentemente sem nada em comum. Também foi legal ver que a Miyako é uma universitária diferente do estereótipo imaginado pelos seus amigos e que, apesar do Itsuki ser escroto logo de cara, ele sabe reconhecer quando erra e valoriza as amizades que faz mesmo que não seja com uma imouto superfofa.

Pelos relatos dela e os flashbacks que houve deu para entender porque ela faz parte da turma, e também deu para vislumbrar melhor porque essas pessoas se reúnem em volta de um siscon pervertido e sem noção como o protagonista é. Ele tem um “algo a mais” que cativa as pessoas, que faz com que elas queiram se aproximar dele.

A Nayuta foi “salva” pelos livros dele, o Haruto foi incentivado pelo apoio dele, a Miyako admira o esforço dele e vê algo de bom no desmiolado. O fato é que ele tem algo “especial” que conecta as pessoas, o que foi mostrado de forma minimamente satisfatória nesses dois primeiros episódios e meio que justifica ele ser o protagonista desse anime – não era só pela piada da imouto, eu sabia!

A literatura salva vidas!

Outra coisa boa foi ver as garotas conversando e entender como elas se aproximaram. É verdade que foi muito por causa do passado triste da Nayuta, só que isso não foi usado como uma muleta na qual o telespectador pudesse se apoiar e sim como uma forma até natural de aproximar duas pessoas desconhecidas. O roteiro e a direção foram ótimos aqui porque eles entenderam que ainda não era o melhor momento para trabalhar com toda a força o drama da personagem e souberam usar ele de forma pontual sem destonar muito do clima geral do episódio até aquele momento.

Em animes assim o melhor é mostrar primeiro algo divertido e até raso para só depois dramatizar e aprofundar histórias e personagens, mas sem esquecer de dar indicações de que há mesmo algo a ser aprofundado e de que isso deve acontecer em algum momento – coisa que o anime está fazendo muito bem, diga-se de passagem.

Espero que o público também queira abraçá-la quando conhecer melhor a sua história

Outro ponto positivo do episódio foi o fanservice – sim, por incrível que pareça –, já que ele não foi gratuito, pois realmente faz todo o sentido um autor procurar referencias realistas para o seu trabalho. Se pensarmos que ambos, Itsuki e Nayuta, moram sozinhos, não é estranho um dramatizar em frente ao espelho e a outra pedir a ajuda de uma amiga para escrever algo caliente.

Claro que o anime aproveita as situações para gerar comédia e ecchi – do qual muito japonês e brasileiro gosta –, mas não deixa de haver sentido naquilo. Bato na tecla de que obras assim, com personagens bastante excêntricos e temas peculiares, perdem muito do seu potencial para divertir se forem sérias o tempo inteiro. Coisa que essa não é, felizmente.

A Nayuta também foi trabalhada dessa vez, só que ela deixou de ser o foco, como foi em parte do episódio passado, para dar a vez à Miyako e até dividir o tempo de tela com ela de forma leve e descontraída, interação essa que passou uma sensação de intimidade entre as personagens e deu força própria à amizade das duas – elas se conheceram por causa do Itsuki, mas não são amigas só por causa dele. No final, achei que o Itsuki é o próprio milagre ou representa um para as garotas.

Tenho um fraco por amores obsessivos… Eu preciso me tratar, meu deus…

Por outro lado, meio que vimos porque o Haruto é amigo do Itsuki e que ele tem nele um apoiador, um amigo e até um rival(?). Talvez, mas por ora só podemos afirmar que para ele é gratificante ver alguém sendo tocado por algo que ele criou, e ele usar isso para se motivar a seguir em frente sempre com o intuito de melhorar, e nunca de se acomodar, é uma ótima forma de encarar a vida como escritor. Assim podemos ver que o Itsuki meio que representa um milagre para ele também.

Acho ótimo como o anime levanta bons questionamentos quanto ao ato de escrever

Não poderia esquecer da cena do Chihiro-chan no final. Será que ele é apaixonado pelo Itsuki? Será que ele na verdade é “ela”? Sei que a cena não descarta a possibilidade nem a embasa, mas, de toda forma, foram coisas que passaram pela minha cabeça e acredito que até por ele agora ser o personagem mais “apagado” da história até aqui é que deve ser melhor trabalhado em um momento futuro. Confesso que quero saber se o Itsuki também representa um milagre para ele.

Admito que estou ansioso para conhecer mais desse personagem!

Foi bom ter um episódio focado na universitária, mas que ainda assim deu um bom tempo de tela para a escritora pervertida e para o escritor de sucesso. Digo isso porque essa era a melhor forma de dar profundidade àquele final, onde a reflexão do Itsuki se ligou perfeitamente bem ao que foi apresentado nos vinte minutos anteriores e deu vida a um ótimo momento, momento esse que incrementado pelo belíssimo encerramento não poderia me deixar mais feliz por ter visto mais um episódio desse anime divertido, aparentemente verossímil quanto a produção de light novels e tocante por passar uma bela mensagem enquanto entrega algo que pode tanto ser visto tanto como raso quanto pode ser visto como profundo. Basta ao telespectador escolher como quer encarar o anime.

Acho que por hoje é só! Por último, só queria dizer que adorei a abertura e o encerramento desse anime, e que gosto ainda mais de sua história, de seus momentos engraçados e de seu potencial para ser mais que uma piada, sem, contudo, deixar de ter a piada como um de seus pontos fortes.

Até a próxima pessoal!

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