Imouto sae Ireba Ii – ep 2 – Escrever pode ser um milagre
Sabem por que escolhi acompanhar esse anime aqui com vocês? Foi pelo fato de que, apesar de abraçar seu lado “zoeiro”, ele tenta ir além e provocar reflexão no telespectador, só que não forçando isso goela abaixo, mas de um modo sutil que faz a forma parecer que está se distanciando do conteúdo, quanto na verdade está é muito bem alinhada a ele. Não é um milagre esse anime ser bom e agora falarei o porquê acho isso!
Gosto quando fica claro que uma obra deixou algo bem de lado em um momento para trabalhar isso no momento seguinte, e foi o que aconteceu aqui, já que a universitária apagada do primeiro episódio ditou o ritmo desse, sem, contudo, roubar toda a atenção para si, já que outros personagens também foram trabalhados. Também acho bom quando se começa um anime já apresentando os personagens principais e a relação que eles têm para depois ir destrinchando algo a partir dali.
E quem é a Miyako? Ela é uma universitária que foi colega do Itsuki por apenas seis meses e mesmo não tendo nada a ver com o mundo das light novels ou com o protagonista acabou se tornando amiga dele e não querendo mais sair do seu lado. Ela gosta dele? Talvez, mas o fato é que isso não é o foco aqui e diria que ela é mais como uma “irmã mais velha” que gosta de cuidar do Itsuki e até parece apoiar o amor incondicional da Nayuta por ele. Espero que a história não acabe se tornando um harém e que ela não acabe nele, o que por esse episódio deu para não temer tanto.
O bacana aqui foi ver como a personagem é diferente do protagonista e mesmo assim acabou se afeiçoando a ele, mostrando o poder que a amizade tem para unir pessoas aparentemente sem nada em comum. Também foi legal ver que a Miyako é uma universitária diferente do estereótipo imaginado pelos seus amigos e que, apesar do Itsuki ser escroto logo de cara, ele sabe reconhecer quando erra e valoriza as amizades que faz mesmo que não seja com uma imouto superfofa.
Pelos relatos dela e os flashbacks que houve deu para entender porque ela faz parte da turma, e também deu para vislumbrar melhor porque essas pessoas se reúnem em volta de um siscon pervertido e sem noção como o protagonista é. Ele tem um “algo a mais” que cativa as pessoas, que faz com que elas queiram se aproximar dele.
A Nayuta foi “salva” pelos livros dele, o Haruto foi incentivado pelo apoio dele, a Miyako admira o esforço dele e vê algo de bom no desmiolado. O fato é que ele tem algo “especial” que conecta as pessoas, o que foi mostrado de forma minimamente satisfatória nesses dois primeiros episódios e meio que justifica ele ser o protagonista desse anime – não era só pela piada da imouto, eu sabia!
Outra coisa boa foi ver as garotas conversando e entender como elas se aproximaram. É verdade que foi muito por causa do passado triste da Nayuta, só que isso não foi usado como uma muleta na qual o telespectador pudesse se apoiar e sim como uma forma até natural de aproximar duas pessoas desconhecidas. O roteiro e a direção foram ótimos aqui porque eles entenderam que ainda não era o melhor momento para trabalhar com toda a força o drama da personagem e souberam usar ele de forma pontual sem destonar muito do clima geral do episódio até aquele momento.
Em animes assim o melhor é mostrar primeiro algo divertido e até raso para só depois dramatizar e aprofundar histórias e personagens, mas sem esquecer de dar indicações de que há mesmo algo a ser aprofundado e de que isso deve acontecer em algum momento – coisa que o anime está fazendo muito bem, diga-se de passagem.
Outro ponto positivo do episódio foi o fanservice – sim, por incrível que pareça –, já que ele não foi gratuito, pois realmente faz todo o sentido um autor procurar referencias realistas para o seu trabalho. Se pensarmos que ambos, Itsuki e Nayuta, moram sozinhos, não é estranho um dramatizar em frente ao espelho e a outra pedir a ajuda de uma amiga para escrever algo caliente.
Claro que o anime aproveita as situações para gerar comédia e ecchi – do qual muito japonês e brasileiro gosta –, mas não deixa de haver sentido naquilo. Bato na tecla de que obras assim, com personagens bastante excêntricos e temas peculiares, perdem muito do seu potencial para divertir se forem sérias o tempo inteiro. Coisa que essa não é, felizmente.
A Nayuta também foi trabalhada dessa vez, só que ela deixou de ser o foco, como foi em parte do episódio passado, para dar a vez à Miyako e até dividir o tempo de tela com ela de forma leve e descontraída, interação essa que passou uma sensação de intimidade entre as personagens e deu força própria à amizade das duas – elas se conheceram por causa do Itsuki, mas não são amigas só por causa dele. No final, achei que o Itsuki é o próprio milagre ou representa um para as garotas.
Por outro lado, meio que vimos porque o Haruto é amigo do Itsuki e que ele tem nele um apoiador, um amigo e até um rival(?). Talvez, mas por ora só podemos afirmar que para ele é gratificante ver alguém sendo tocado por algo que ele criou, e ele usar isso para se motivar a seguir em frente sempre com o intuito de melhorar, e nunca de se acomodar, é uma ótima forma de encarar a vida como escritor. Assim podemos ver que o Itsuki meio que representa um milagre para ele também.
Não poderia esquecer da cena do Chihiro-chan no final. Será que ele é apaixonado pelo Itsuki? Será que ele na verdade é “ela”? Sei que a cena não descarta a possibilidade nem a embasa, mas, de toda forma, foram coisas que passaram pela minha cabeça e acredito que até por ele agora ser o personagem mais “apagado” da história até aqui é que deve ser melhor trabalhado em um momento futuro. Confesso que quero saber se o Itsuki também representa um milagre para ele.
Foi bom ter um episódio focado na universitária, mas que ainda assim deu um bom tempo de tela para a escritora pervertida e para o escritor de sucesso. Digo isso porque essa era a melhor forma de dar profundidade àquele final, onde a reflexão do Itsuki se ligou perfeitamente bem ao que foi apresentado nos vinte minutos anteriores e deu vida a um ótimo momento, momento esse que incrementado pelo belíssimo encerramento não poderia me deixar mais feliz por ter visto mais um episódio desse anime divertido, aparentemente verossímil quanto a produção de light novels e tocante por passar uma bela mensagem enquanto entrega algo que pode tanto ser visto tanto como raso quanto pode ser visto como profundo. Basta ao telespectador escolher como quer encarar o anime.
Acho que por hoje é só! Por último, só queria dizer que adorei a abertura e o encerramento desse anime, e que gosto ainda mais de sua história, de seus momentos engraçados e de seu potencial para ser mais que uma piada, sem, contudo, deixar de ter a piada como um de seus pontos fortes.
Até a próxima pessoal!