Bom dia!

No primeiro episódio eu não esperava ver, tão cedo e tão pungente, um conflito entre as heroínas. E certamente não esperava que fosse muito menos sério do que aparentava. No segundo episódio eu não esperava que se estivesse em um futuro tão distante. E o que eu não esperava nesse terceiro? Essa é fácil, tenta!

Não esperava ver outro ser humano. Pois é, pegadinha nenhuma, era a coisa óbvia ululante do episódio mesmo, hehe. A coisa de Girls’ Last Tour é que em todas as vezes que ele me surpreendeu, se me contasse antes qual era a surpresa eu iria pensar “não, não pode ser, não me estraguem o anime!”, e mesmo assim achei cada episódio melhor do que o anterior. As garotas vão subindo os níveis da cidade infinita e o anime vai subindo no meu apreço.

Acredita se eu disser que quando vi isso logo pensei em derrubar um prédio pra fazer uma ponte? Ainda bem que não sou engenheiro, suponho

E por que eu achava ruim a ideia de ter outros seres humanos vivos, antes desse episódio? Eu havia me agarrado ao conceito que construí após assistir o segundo episódio, de que elas estão metaforicamente no fim do mundo. Se é o fim do mundo, não pode haver mais ninguém. Mas há. Há o cartógrafo desse episódio, e pode muito bem haver mais pessoas. E ao contrário das minhas expectativas, isso tornou a história melhor ao mesmo tempo em que não desautorizou a minha interpretação escatológica. O autor de Girls’ Last Tour é muito habilidoso em construir o mundo sem descuidar de suas personagens, que são o que importa nessa história afinal de contas.

Inocentes sim, mas as heroínas também possuem um nível saudável de desconfiança

O mundo não parece nem um pouco menos desolado só porque encontraram uma pessoa, nem mesmo que se considere que a probabilidade de que haja muitas outras pessoas por aí deva ser grande, porque se em um lugar tão gigantesco conseguiram encontrar aleatoriamente uma alma viva, a chance de que existam várias outras é grande afinal. Mesmo assim elas não parecem menos sozinhas no mundo. E é bom que não se sintam assim (e parecem não ter mudado mesmo), porque ao fim e ao cabo Chito e Yuuri só têm uma a outra. Aliás, essa foi a resposta implícita que o anime deu quando o cartógrafo falava sobre o motivo dele para viver, o que ele tem que, se não tivesse, faria a sua vida perder o sentido (no caso dele, os mapas).

E isso por sua vez foi continuação do tema lançado pelas garotas logo no começo do episódio: por que elas estão vivas? No final das contas elas não responderam isso. Ou melhor, responderam sim: elas vivem para ver o dia seguinte. Vivem para a próxima maravilha, para as próximas luzes brilhantes, para a próxima chuva de meteoros, para a próxima refeição, para o próximo abraço.

Em um mundo duro, frio e quase estático, as garotas são tão fofas, literalmente (são feitas de gelatina, já disse), que se tocarem, quicarem e pularem erraticamente por aí, é o sinal visual que as caracteriza como humanas. O cartógrafo certamente era humano também, mas embora não mecanicamente rígido quanto o ambiente que o cerca, era visivelmente menos “macio” do que elas. Chito e Yuuri estão no fim do mundo e levaram consigo algo que aparentemente não existe mais em lugar nenhum, nem mesmo com as eventuais outras pessoas que ainda estejam vivas.

Apesar do medo de altura, Chito foi a primeira que pulou para salvar o fulano; a Yuuri que o zombou e apontou uma arma pra ele também não pensou duas vezes

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