Bom dia!

Karakai Jouzu no Takagi-san é uma comédia romântica, muito mais comédia do que romântica.

A fórmula básica é quase sempre a mesma: o Nishikata está cansado de ser zombado ou de perder para a Takagi, então ele bola um plano para “ganhar” dela. A Takagi enxerga através do plano do Nishikata, vira a mesa a seu favor, e o garoto sai envergonhado e com raiva por ter perdido de novo.

Com efeito, é uma fórmula tão simples e reusada tantas vezes que não há a menor necessidade de assistir à primeira temporada antes, caso ainda não tenha assistido. O formato de esquetes garante que o vínculo cronológico entre os acontecimentos dentro da história é fraco, de todo modo. Não importa o que veio antes ou depois. Quase tudo pode ter vindo antes ou depois.

Claro que, como fã de Takagi-san, eu recomendo que assista a primeira temporada também. Mas à rigor provavelmente você pode assisti-la depois da segunda que deve mudar bem pouco.

Só assista 😊

 

 

No começo da primeira temporada Takagi-san era só uma comédia com dois pré-adolescentes que gostam de zombar um do outro: a garota-título Takagi e o garoto Nishikata.

É uma comédia, por qualquer ângulo que se analise, e tem alguns personagens secundários que acrescentam um pouco de variedade às piadas.

Gradualmente, o apego da Takagi ao Nishikata começa a se revelar mais complexo. De forma resumida: ela gosta dele. É o primeiro amor de uma garota que até um dia atrás ainda era só uma criança, só sabia brincar e não entendia as diferenças entre meninos e meninas.

E o Nishikata, do jeito dele, também segue por esse caminho. Ele começa a se perguntar se a Takagi gosta dele, e pelas suas reações ele parece gostar dessa ideia. Em particular, ele começa a se exercitar e fica feliz (e bobo) quando Takagi o elogia por estar ficando “mais forte”.

Não obstante, eles continuam zombando um do outro – sempre com vantagem para a Takagi. É essa comédia romântica peculiar que volta com tudo na segunda temporada.

 

 

Com efeito, a situação já foi tão longe que dá vontade de agarrar os dois e forçá-los a se declararem logo. Mas eles parecem felizes com o arranjo atual, então quem somos nós para reclamar, não é?

A Takagi, sempre mais provocante, sempre mais esperta, não obstante sempre recua quando insinua para o Nishikata que talvez sinta algo especial por ele. Ela sente, está óbvio para quem os veja. Mas ela sempre torna tudo em mais uma brincadeira.

O Nishikata fica visivelmente constrangido quando pensa na ideia da Takagi gostar dele. Talvez a Takagi também fique envergonhada quando pensa nisso?

 

 

Não é um tipo de relação incomum em animes de todo modo, e tampouco é incomum na vida real. É fácil associar com a juventude, e de fato a inocência e falta de experiência dos dois têm papel importante, mas pode acontecer com adultos também.

É aquela amizade que começa a virar algo mais e os dois nem percebem quando foi que as coisas mudaram. Pode ser fonte de inúmeros conflitos, mas Takagi-san é uma comédia leve, então não vou entrar nesse tema.

E por mais que, para quem de fora, como para os espectadores do anime, pareça tão dolorosamente óbvio, nem sempre essa relação passa para outro nível.

Às vezes os dois nunca percebem mesmo e por circunstâncias da vida eles se separam. Às vezes os dois até percebem, mas acreditam que não vá dar certo então evitam. E às vezes um ou ambos simplesmente não estão prontos para uma relação romântica.

O episódio 14 de Fruits Basket toca breve, mas de forma brilhante, nesse ponto. Hanajima e Uotani, as duas melhores amigas da protagonista Tohru, estão conversando sobre como ela e os dois garotos, Kyon e Yuki, estão mais próximos, e sobre como está ficando óbvio que os rapazes gostam dela. Então Hanajima diz que ela não poderia permitir que a Tohru entrasse em um relacionamento com nenhum deles, pois eles parecem esmagados por problemas pessoais e não estão prontos para uma relação romântica.

Fruits Basket é originalmente um mangá shoujo antigo, de 1998. Hoje em dia são comuns histórias em que a protagonista “salva” o garoto “com o poder do amor”, como Ookami Shoujo to Kuro Ouji, Ao Haru Ride e Orange. Prefiro Fruits Basket.

 

 

Enfim, isso não vem ao caso em Takagi-san. Os dois são jovens e até onde se sabe bem resolvidos para a idade. E inocentes de dar dó.

É engraçado assistir a Takagi-san na mesma temporada em que estreou Araburu Kisetsu no Otome-domo yo. Em Araburu a inocência passou longe. Ou melhor: é uma história sobre o fim da inocência – não no mal sentido, é bom destacar.

Enquanto em Takagi-san os dois estão obviamente enamorados mas são inocentes demais para dar um passo adiante, em Araburu os sentimentos importam menos, o que está em ação são os hormônios em ebulição da puberdade. As personagens começam a sentir, fisicamente, coisas que não sentiam antes, e essa é a fonte do conflito.

Mas Takagi-san não é sobre isso também. É realmente apenas uma comédia romântica inocente, e muito mais comédia do que romântica.

Se for para comparar, Takagi-san é mais próximo de Kaguya-sama wa Kokurasetai. Os protagonistas estão apaixonados mas, esquete após esquete até o final do anime, nada vai mudar.

Kaguya-sama é muito mais absurdo, claro. E, na minha opinião, pior, pois o casal chega a experimentar progresso (pequeno), apenas para recuar em seguida, o que é frustrante demais.

Takagi-san nunca me frustrou em toda sua primeira temporada, muito pelo contrário, e já começou bem nessa segunda temporada.