Shirobako e Demi-chan wa Kataritai (Interviews With Monster Girls) são animes em que o trabalho surge como um dos temas e/ou pano de fundo, seja explorando o processo de produção – no caso de Shirobako temos ainda a metalinguagem, indo fundo na concepção e resultados de um anime – ou a maneira que o labor pode tornar a vida de outros melhor – na pesquisa e tentativa de compreensão do professor das meninas monstro em Demi-chan wa Kataritai, um belo exemplar de mix de slice of life, sobrenatural e comédia. O trabalho (a forma como nos relacionamos com ele e suas regras) passou por muitas mudanças ao longo dos séculos. Porém, sentimentos e sonhos são algo que sempre estiveram presentes nas progressões e regressos que o trabalho sofreu a cada nova alteração promovida em algum período da história.

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O ser humano é um animal dotado de pensamentos, que carrega consigo um conjunto de crenças, por isso apresenta uma complexidade em que ciência, ética, estética e política não dão conta de explicar e atenuar problemas tão difíceis, que parecem irresolúveis, como desigualdade, fome, ganância, guerra, incomunicabilidade… O sociólogo Edgar Morin disse que “É preciso ensinar a compreensão humana, porque é um mal do qual todos sofrem em graus diferentes”.

Compreender o outro é um passo para lidar melhor com as incertezas e os perigos da vida. Num mundo incerto, prolifera-se mais irrefletidamente discursos demagógicos, nos quais defesa de um modo de vida, liberdade e segurança alicerçam o apego às virtudes nacionais, a criação de inimigos e a intolerância ao diferente. Nisso, o auto-sacrifício e a morte do outro são o “fim último” de um discurso ideológico que lança mão de elementos totalitários ou encobre a verdade convocando todos à imolação do  heroísmo. No episódio 3 de Zona de Atrito: Cross Ange: Tenshi to Ryuu no Rondo (Cross Ange: Rondo of Angel and Dragon) e a franquia Yuuki Yuuna Wa Yuusha de Aru (Yuki Yuna is a Hero).

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Nesta seção de Zona de Atrito (que também pode ser chamada de episódio), trataremos de um gênero bastante comum, que alguns não veem com bons olhos, sendo que muitas vezes recebe o certificado de “chato”, com o argumento básico de que é constituído por animes nos quais nada acontece. Esse gênero é o slice of life, ou fatia de vida. O slice of life, como o nome já evidencia, é um gênero que tem como foco o cotidiano. Ou seja, acompanha a vida – dramas e peripécias – de uma personagem, um grupo de amigos/amigas ou de uma comunidade. O slice of life pode se sustentar (ou tentar) sozinho como gênero ou trabalhar ao lado de outros, de estirpes distintas, como o drama, a comédia e mesmo a magia. Em foco, teremos os animes Non Non Biyori (slice of life, comédia e vida escolar) e Flying Witch (slice of life e magia), que têm como local eleito para suas “narrativas” o interior, possuem meninas como protagonistas e, certa medida, são odes a uma passagem de tempo em que prevalece o bucólico, e as relações humanas, a natureza e a memória (principalmente a que construímos para eternizar uma fase ou um encontro) são regidas pelo equilíbrio entre ação e contemplação.

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Esta é a coluna Zona de Atrito. Nela, o real e a fantasia (seja aventura, ficção científica, magia ou terror), dois territórios da criação artística, serão os temas. Tratadas juntas ou separadamente. Atrito, pois as fronteiras entre a realidade e a imaginação nem sempre são evidentes. Às vezes são abolidas, em outras, misturam-se ao ponto da indistinção. Como disse o escritor Eduardo Spohr, “A fantasia é muito mais real que a própria realidade porque a fantasia faz metáforas com coisas que são verdadeiras e isso que é importante destacar”. A fantasia fala do que vivemos e do que poderemos viver, e também abre espaço para a possibilidade de discutir novos modos de perceber a vida. Hoje, dois animes que falam da mulher (não só japonesa) na contemporaneidade: a fábula Kanojo to Kanojo no Neko: Everything Flows e o conto sobre uma NEET Netojuu No Susume (Recovery Of An MMO Junkie).

O sociólogo polonês Zygmunt Bauman, em A Arte da Vida, logo no título da introdução lança uma pergunta desconcertante: “O que há de errado com a felicidade?”. Em tempos de individualismo e consumismo exacerbados, culto à beleza, crises econômicas e o ter se sobrepondo ao ser (ainda que tenhamos focos de resistência), uma questão que nos leva a refletir sobre quem somos e o que queremos, tem o poder de expor nossas fragilidades e causar danos às nossas convicções. Ser adulto é lidar com inúmeros problemas, que, dependendo do rumo que se toma, transformam-se em perigos dos mais ardilosos. Sombras disso podem ser encontradas em dois animes adultos, com jovens adultos que nos revelam que crescer, parar e voltar a crescer são movimentos carregados de alegrias e frustrações, aqui, acolá e no Japão.

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