Um episódio em ritmo lento que mostrou praticamente todos os personagens importantes da história até agora – todos os com poder, pelo menos. E que mostrou o que acontece quando alguém tem convicções demais e idade de menos.

Os demônios estão vivos! Pela primeira metade do anime a impressão é que todos haviam sido dizimados ou capturados, restando uma pequena resistência no subterrâneo de Anatae, além do Azazel como vigilante enfaixado solitário. Embora provavelmente seja verdade que a maioria dos demônios devam mesmo ter sido mortos ou capturados, a maior parte da estrutura de comando permanece intacta. O fato dos demônios se organizarem em tribos provavelmente ajuda, mas mais do que isso, o próprio Lúcifer está vivo e passa muito bem, obrigado. O plano dele é bastante simples: o poder dos humanos (de Charioce, na prática) é maior do que eles podem lidar. Eventualmente perderão o controle sobre ele e aí será a hora de agir. Não é preciso fazer nada antes. Em certa medida e por outro aspecto, isso guarda relação com o que eu escrevi sobre uma arma poderosa demais para um simples humano (mesmo um do calibre de Charioce) no artigo do episódio 13.

Lúcifer decide apenas esperar enquanto deuses e humanos se matam

Mas os líderes de algumas tribos não compareceram. Estão dizimadas? Pensam diferente de Lúcifer? Azazel está preso, junto com todas as demais dezenas, centenas, milhares talvez (?) de demônios em Anatae. Por fim, há aqueles que fazem parte do Exército Demoníaco que o Charioce criou. Como todos esses irão reagir, e como influenciarão na história? E só para não esquecer, tem a Cérbero e seu cabaré de garotas demônio, que acredito que continuará apenas como alívio cômico até o final do anime, mas nunca se sabe.

O que resta a Azazel?

Os humanos estão em uma corrida contra o tempo para poder controlar novamente a super-arma de destruição em massa que conseguiram. E não é só uma questão de tomar o controle ou não, aparentemente, se não conseguirem fazer isso a tempo algo muito ruim irá acontecer. Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Algumas poucas palavras sinistras trocadas entre Charioce e o líder dos Cavaleiros de Ônix dá a entender que eles não são apenas guerreiros com armas e armaduras mágicas legais, mas que talvez a vida deles esteja em jogo. Será que isso tem algo a ver com a motivação de Charioce? O suficiente para ele estar disposto a dar a própria vida?

Charioce e o capitão dos Cavaleiros de Ônix

Do outro lado, aposto que chegará o momento em que os Cavaleiros de Órleans abandonarão Charioce. Kaisar permanece preso e Dias continua fervorosamente fiel a ele – e o reencontro com Joana D’Arc inflamou a esperança em seus corações. Parcela significativa da população do reino não é a favor da guerra de Charioce contra os deuses, ainda que estivessem plenamente felizes com todas as suas políticas militaristas até então. Os Cavaleiros de Órleans não ficarão sozinhos na oposição a Charioce caso esse dia realmente chegue. O povo-dragão mora longe e isolado, me pergunto se conseguirão ficar de fora dos grandes eventos que se desenham. Todos os seus homens adultos estão fora do vilarejo e isso é preocupante – mesmo que suas mulheres sejam tão poderosas.

E finalmente os deuses, o grande destaque desse episódio. Provavelmente nunca passaram por uma crise tão grave quanto essa. Há meros dez anos muitos de seus melhores guerreiros morreram na luta contra o Bahamut (e que se lhes reconheça: no final humanos, deuses e demônios lutaram juntos, mas no começo os deuses estiveram sozinhos na linha de frente contra a besta-fera, provavelmente sofreram menos baixas apenas que os humanos, cujo mundo foi bombardeado pelo Bahamut enquanto ele despertava). Agora outros tantos morreram na Batalha de Anatae. Os Céus continuam belos, mas para onde quer que se olhe só se veem velhos e crianças (elas são os “guardas de fronteira!”).

Em cenário desolador, não seria inesperado que surgisse oposição e insatisfação contra Gabriel, a governante suprema. O chocante é que ela tenha vindo de onde veio, e da forma que veio: El basicamente declarou não reconhecer mais sua autoridade e quer agir por conta própria. Com que exército? Pretende usar apenas sua luz brilhante contra a arma de Charioce – o que já falhou uma vez, aliás? Gabriel não é alguém que eu defenda ou julgue de forma positiva normalmente, mas parece que El se esqueceu que a culpa dos deuses terem sofrido tantas baixas foi dele: Gabriel havia ordenado o recuo, ele que o abortou para enfrentar de frente o Dromo. E foi fragorosamente derrotado. Poderia ter perdido a vida. Ele não é mais sábio e não soa menos ridículo que a jovem anjinha que guiou Joana e Nina que considera que apenas os deuses sofreram baixas na luta contra o Bahamut. Ignorância típica de jovens.

Você nunca vai estar errado enquanto estiver desconfiando que Gabriel tem segundas intenções

No meio de tudo isso, Nina. Ela tem trânsito quase livre por todas as facções, ou pelo menos possui contatos importantes nelas. Também é jovem, também é impulsiva, mas talvez tendo vindo de onde veio, com a mãe que tem e a criação que recebeu, ela consiga tomar as decisões certas.

Baco e Hamsa também estão lá, e continuam sendo fonte de piadas

  1. Este episódio de Bahamut foi meio lento, mas ainda assim muito bom, como já é costume. Começando pelo irmão do Azazel o famigerado Lúcifer, ele não mudou nada desde da primeira temporada, ele continua a raposa esperta. Tanto que ele prefere esperar e ver os deuses e os humanos a matarem-se uns aos outros (e aqui está a grande diferença entre o Azazel e o seu irmão Lúcifer, se o Azazel tivesse um pouco do sangue frio do Lúcifer,os amigos e aliados deles ainda poderiam estar vivos).
    A parte da arena, foi boa, o Azazel e o Kaisar, sabem como simular uma boa luta. Era bem previsível que o Kaisar, com aquele jeito de cavaleiro honrado, nunca iria matar o Azazel e o Azazel pouco ânimo tinha para matar o Kaisar. Depois apareceu o mestre dos disfarces e burlas em geral, para salvar os dois. Não consegui aguentar o riso, quando o Favaro, numa versão burguesa, com roupas caras e gordo, vê que a situação está preta para o lado do Kaisar e do Azazel e decide agir, aquelas bombas de fumo são muito úteis (o Favaro nunca perde o jeito de usar o seu truque mor). Eu tenho a ligeira sensação, que aquele capitão dos cavaleiros de Ônix é tudo menos leal ao Charioce. Ao tempo que o Charioce parece aborrecido a todo o momento e só pensa em aniquilar os deuses (e a pensar na Nina quem sabe), o capitão dos cavaleiros de Ônix parece agir nas sombras (tal como se via na primeira temporada, com aquele general que se fez passar pelo pai da Amira).
    Agora passando à parte mais importante do episódio, os céus. O céu, lugar nos deuses, como se notou neste episódio, está na sua pior fase, continua belo, mas os deuses que lá viviam já são poucos. Depois da grande batalha contra o Bahamut, os melhores deuses morreram (inclusive o antigo líder deles Miguel) ai os céus devem ter ficado enfraquecidos, mas agora que as últimas forças capazes de enfrentar os humanos, foram derrotados pelos cavaleiros negros e pelo Dromo, os céus ficaram ainda mais desfasados. E isso notou-se bem neste episódio, quando crianças estavam a patrulhar as fronteiras e deram de caras com a Nina. A que ponto a loucura e segundas intenções da Gabriel enfraqueceram o reino dos deuses, um reino belo, onde outrora vagueavam os mais ilustres e poderosos deuses, agora apenas velhos e crianças vagam pela cidade . As crianças que deram de caras com a Nina, nem se podem considerar soldados, são apenas forças da milícia, elas ainda são demasiado novas para lutar. Gostei da líder das deusas que patrulhavam as fronteiras, ela parece ser bem simpática (mas cega pela lealdade para com a cínica da Gabriel) ela até teve direito a uma imagem linda no final do episódio. Passando outra vez à Gabriel, ela ficou louca de vez, não dá para confiar em alguém que diz uma coisa e ao mesmo tempo solta um sorriso falso, cheio de segundas intenções. Ela é tão falsa que até o El percebeu que estava a ser manipulado por ela, ao ponto deste se recusar a seguir as ordens dela (o pequeno snobe não é parvo).
    Agora a parte mais feliz do episódio, a Nina nunca muda, ela continua enérgica como sempre, a cara de felicidade ao reencontrar o El, foi muito linda. Já o Baco e o Hamsa, também queriam um abraço da Nina, mas esta estava mais interessada em abraçar o El (mas valeu a pena pela cara de pena do Baco, quando notou que não ia receber um abraço da Nina).
    Como, sempre, mais um excelente artigo de Bahamut Fábio.

    • Fábio "Mexicano" Godoy

      Estou até agora esperando Lúcifer ser relevante na história. Aliás, desde a primeira temporada, né?

      Não sei se Kaisar e Azazel estavam apenas “simulando”. Era mais o caso de um não querer matar o outro – O Kaisar por bondade, o Azazel porque ele é que queria morrer. No geral, foi apenas uma cena muito conveniente para que eles fossem resgatados – de qualquer outra forma teria sido necessário mais um arco de fuga da prisão, com o detalhe do Azazel estar preso sabe-se lá onde (provavelmente no porão da arena, como nas arenas romanas?). Fazer um lutar contra o outro facilitou para a história.

      A Gabriel é provavelmente a pior líder que o Céu poderia ter nesse momento. Não é como se outros poderiam ter feito muito melhor, o Charioce está na ofensiva afinal de contas, mas a Gabriel nunca tentou se defender, limitando-se a protestar silenciosamente contra os ataques até que conseguiu por as mãos na criança sagrada, El, quando o usou inescrupulosamente em uma batalha frontal contra os seres humanos sem conhecer ou buscar descobrir a verdadeira extensão de seu poder. Deu no que deu.

      Obrigado pela visita e pelo comentário =)

      • O Lúcifer não quer fazer nada, ele só gosta de espalhar o seu charme e conhecimento para os que o rodeiam. Pedir mais que isso, já é abusar da sorte.
        Aquela arena do anime é muito estranha, por um lado parece uma espécie de coliseu, mas depois olhas para a disposição das bancadas parece um teatro grego. Só espero que o porão da arena seja tipo os porões do coliseu de Roma, onde os gladiadores se juntavam e animais exóticos também.

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