Bom dia!

Temporada vai, temporada vem, já nos despedimos de Violet Evergarden e o Café com Anime segue forte! Eu, o Vinícius Marino do Finisgeekis, o Gato de Ulthar do Dissidência Pop, e o Diego do É Só Um Desenho, vamos conversar sobre os episódios de alguns animes e publicar esses artigos transcrevendo nossos bate-papos.

Dissidência Pop irá publicar nossos bate-papos sobre Mahou Shoujo Site, o Finisgeekis continuará publicando os bate-papos de Sakura Cardcaptor: Clear Card, o É Só Um Desenho publicará os bate-papos de Sword Art Online Alternative: Gun Gale Online e Legend of The Galactic Heroes: Die Neue These, e o Anime21 publicará os bate-papos de Hisone to Masotan!

Leia a seguir o que achamos sobre seu episódio 1!

Fábio "Mexicano":
Finalmente a estreia! Bom, em inglês, porque até o momento em que inicio essa discussão (madrugada de segunda-feira, dia 16/04), nenhum fansub em português lançou o anime e, por óbvio, sequestrado pela Netflix que está, também ninguém o licenciou. Mas melhor assim do que nem assim.

O estilo artístico é único, e acho que está sendo feito bom uso dele. Ele é fofo quando precisa ser, mas as cenas mais emotivas da Hisone não deixam de entregar – os personagens são todos muito expressivos (inclusive o dragão). Falando no dragão, achei interessante como justificaram a sua existência: ele é só um dos dragões orientais dos mitos (embora seja fisicamente mais parecido com nossos dragões ocidentais), que foi escondido desde sempre para que ninguém roubasse – ele é poderoso mas é um só! Quero dizer, eles devem ter mais dragões lá, mas mesmo assim não espero que existam muitos. Assim, Hisone to Masotan evita ter um mundo completamente diferente do nosso – na verdade, ele se vende como sendo exatamente o nosso, mas dragões existem e o governo está escondendo isso da gente.

Engraçadíssimo, ri quase o episódio inteiro, quase a cada cena, quase de cada cara que a Hisone fez. Inclusive e principalmente quando ela foi devorada. E de novo. E de novo. Mas confesso que a ideia de pilotar dragões de dentro de seus estômagos não me agrade muito, o anime fica parecendo meio … nojento? Mas ok, que seja. A velha empurrando um carrinho de Yakult também é ao mesmo tempo engraçado e constrangedor.

Agora a Hisone. Acharam-na uma personagem interessante? Ela pensa demais, e por isso acaba falando demais, e com medo da reação das pessoas se retraiu. Com isso, a vida só meio que carregou ela, e me pareceu que até no momento em que ela escolheu ir trabalhar na Força Aérea de Auto Defesa do Japão ela não estava falando sério, mas a coisa acabou se tornando séria. E agora, adulta, preparada para isso ou não, ela vai ter que ser séria e tomar as rédeas da própria vida. Seus pais podem a apoiar, mas não podem mais fazer escolhas por ela e certamente não a poderiam sustentar para sempre. Hisone precisa conhecer e lidar com outras pessoas, de todos os tipos, por conta própria. E se dar bem com seu dragão.

Vinícius Marino:
Acho que nunca antes para mim um anime foi tão surpreendente e ao mesmo tempo tão dentro das minhas expectativas. Hisomaso (o eye catch já dá o apelido, quem sou eu para não usar?) entrega tudo o que eu esperava, mas o faz tão bem que parece outra coisa. As personagens são pouco óbvias. A piloto estressada não é sua típica tsundere (e, pela prévia do que está por vir, parece ter sua cota de questões pessoais). A Hisone não é sua típica boboca. Aquele seu monólogo diante do batalhão é um dos melhores diálogos que já vi em qualquer anime. O drama está presente, mas sutil, temperado pelo humor. Jura que foi a Mari Okada que escreveu isso? Ela melhorou – e muito.

Minha estreia favorita da temporada – e de longe.

Diego:
Foi uma ótima estreia, de fato. E realmente a quebra de expectativa mais para o final foi ótima, naquele discurso da Hisone – e olha que esse lado da personalidade dela já tinha sido mostrado quando ele murmura uma contra-resposta no escritório, mais no começo do episódio. Já a esquentadinha… Alguém deita ela na porrada, por favor.

Toda a lore daquele mundo foi interessante, justificando a existência de dragões. Mas eu gostaria que víssemos mais deles por ai – haver apenas um após toda aquela explicação seria meio decepcionante. Ah, e gostei de como o Maso-tan acaba se transformando em um jato mesmo – torna a camuflagem bem mais crível kkkkkk

E vou dizer: a velhinha do Yakult foi o product placement mais inesperado que eu já vi kkkkkkkkkkk

Fábio "Mexicano":
Lembrei da minha infância e das vendedoras de Yakult no condomínio onde eu morava…
Gato de Ulthar:
Bem, bem, por onde devo começar? Acho que foi uma experiência completamente única! Quem poderia esperar aquele monólogo no final? O mais incrível é que ele faz todo o sentido. A Hisone apenas foi sendo levada pela história do dragão sem nem poder ter conseguido dar sua opinião. Que estreia bacanuda.
Vinícius Marino:
Vou bater na tecla desse monólogo, pois é uma coisa bem rara de se achar. Animes costumam ser uma mídia muito visual, quiçá por conta dos mangás, que preterem longos diálogos em favor de imagens expressivas. Seu próprio estilo de desenho, inspirado na Era de Ouro da Disney, é feito para dizer muito com pouco.

Agora reparem como sua fala não só é hilária, como vai além da exposição. Hisone não está nos passando informação. Em seu próprio jeito de falar, na entonação, na construção das frases nós conseguimos vislumbrar que tipo de pessoa ela é. E isso sem falar na linguagem corporal. Vejam a cena quando ela manda a outra piloto “sentar lá”. Isto parece um teatro, ou um filme live-action. Muitos dos diálogos de animes são estáticos, com meras tomadas em panning disfarçando personagens que mal se movimentam.

Gato de Ulthar:
Foi lindo ela enquadrando a metida a delinquente no seu devido lugar. O Fábio disse que a Hisone pensa demais, e por isso fala demais. No meu ver, ela pensa demais e fala pouco, aqueles cochichos para ela mesmo não é uma forma definitiva de se expressar. A Hisone guarda muito para si mesma, até o ponto que não aguenta mais e resolve jogar a merda no ventilador e chutar o balde, soltando todos os sapos que estavam presos em sua garganta.
Fábio "Mexicano":
Aquele monólogo disse muito sobre a personagem mesmo. Muito já havia sido dito de outras formas no resto do episódio, mas aquele monólogo consolidou e confirmou tudo de uma só vez em uma cena tão boa quanto inesperada – em anime e na vida real. Eu tive uma interpretação dela a partir dela, outros tiveram outra, e agora estou incerto. Cada vez que penso eu imagino uma coisa diferente. Acho que parte da graça do anime vai ser descobrir quem, afinal, é a Hisone – bem como ela está tendo que descobrir quem é seu dragão, que ainda não se chama Masotan.
Vinícius Marino:
Também gostei do bom humor com que a própria lore foi tratada. Há pouco aqui daquela solenidade engessada com que dragões são tratados na ficção. A montagem que mostrou um deles escondido na bandeira foi hilária.

Eu sei que o Fábio achou nojento o negócio do vômito, mas rachei de rir ao ver que isso tudo já era esperado. Eles possuíam até umas agulhas tamanho família para induzir a náusea.

Melodramas geralmente fracassam quando tentam ser sérios demais. Acho que não teremos esse problema aqui.

Fábio "Mexicano":
Ah, achei nojento porque é nojento, mas ainda está dentro do “nojento engraçado”. Não me incomoda.
Diego:
Vou dizer que ela ser engolida e vomitada foi uma ótima quebra de expectativa: eu tinha certeza que o dragão não comeria ela, mas aí eis que após uma ótima explicação da lore daquele mundo, como o Vinicius apontou, temos a Hisone absolutamente poker face absorvendo que ela acabou de ser engolida e vomitada – 10/10. Ela controlar o dragão por dentro, porém, eu achei sim um pouco nojento, e fico feliz que ao menos normalmente veremos uma projeção de um interior mais “normal”. Dito isso: espero que eventualmente expliquem por que diabos o dragão precisa engolir alguém pra voar 😛
Gato de Ulthar:
A Okada está aloprando nesse anime. O que é bom, já que ele entrega tudo do que gosto neste tipo de anime, momentos emocionantes com um bom toque de humor. Quanto a necessidade de se engolir o piloto? Acho que é mais uma questão de controlá-lo do que qualquer outra coisa.
Fábio "Mexicano":
Suponho que no passado tenham tentado montar os dragões e tenham fracassado de forma fatal mais de uma vez 😃 Ao mesmo tempo, no passado não havia tecnologia pra visualizar o exterior de dentro do dragão, então, quem liga? Não é pra se levar muito a sério…
Diego:
Eu me pergunto que raios de caminho evolutivo levou a uma criatura com asas, que ainda precisa voar para não morrer com o próprio calor, mas que só o consegue fazer se houver outra criatura dentro de si. E essa outra ainda precisa ter a anatomia adequada para “pressionar” as partes certas e estabilizar o voo.
Fábio "Mexicano":
Acho que ela consegue fazer mesmo sem ninguém dentro dela, mas foi domesticada. Daí que o dragão queria porque queria voar, então engoliu a Hisone e saiu voando porque sim, porque deu vontade, porque foi condicionado a agir assim, talvez desde a nascença.
Gato de Ulthar:
A necessidade de engolir se resume em controlar o bicho. Ele pode voar sozinho ao meu ver.
Fábio "Mexicano":
Foi como eu entendi. Suponho que se eu tivesse uma criatura dentro do meu estômago dando pontadas eu também me moveria conforme ela desejasse.
Gato de Ulthar:
É quase como no filme da Pixar Ratatouille, onde o rato controla o humano de dentro do chapéu ☺ puxando o cabelo dele.
Fábio "Mexicano":
Acabo de pescar uma crítica aqui: gente dizendo que o episódio foi “corrido”. Eu absolutamente não tive essa impressão e acho que quem diz isso o faz apenas para conseguir criticar alguma coisa, talvez sentindo que se não criticar nada não irá parecer uma pessoa tão legal assim. Mas posso estar errado: o episódio foi corrido?
Diego:
O episódio foi corrido sim. E isso é ótimo. Apresentou o mundo, boa parte dos personagens, e a personalidade da Hisone e do Maso-tan muito bem. Foi ágil e divertido de assistir, e se fosse mais lento talvez tivesse soado bastante arrastado.
Fábio "Mexicano":
Acha que aconteceu realmente muita coisa? Pra mim, é o esperado de um episódio inicial, apresentaram o ambiente, a protagonista, o deuteragonista (supondo que o dragão que ainda não se chama Masotan será o deuteragonista), e alguns personagens a mais por conveniência – não apresentaram todo mundo ainda.

O que foi “corrido” foi a narração da lore, mas pra mim que isso está ali só pra ser tirado logo do caminho, porque não importa. O ritmo do episódio foi ágil,mas não aconteceu muita coisa, e é isso que eu chamaria de corrido, e essa foi a crítica que eu vi. Disseram literalmente que o que aconteceu em um episódio era coisa para três. Cruz credo se demorasse três episódios pra chegar nesse ponto!

Vinícius Marino:
Foi corrido tal como certos episódios de Tatami Galaxy são corridos. As personagens falam e se movimentam rápido para efeito cômico. E graças a Deus que é corrido! Depois de Kokkoku eu já não aguentaria outro anime com passo de lesma.

Bom, e sobre a questão de ser pilotado pelas entranhas, eu consigo forçar a barra e supor que os dragões desenvolveram uma relação de simbiose com outra espécie que vivia na sua barriga. Já vi coisas similares em hard sci-fi. Claro, Hisomaso é tudo menos isto

Gato de Ulthar:
Não me pareceu um episódio corrido, o que seria “corrido” é a própria Hisone! Suas ideias e ações fluem na velocidade da luz, e isso dá uma sensação de imediatismo e de excesso de informação ou de ações. Como o Fábio disse, o que aconteceu no episódio? Fomos apresentados à Hisone, ficamos sabendo que ela entrou na Força Aérea do Japão, e que foi designada para um propósito secreto do governo para ter de pilotar um dragão. Sim, dragões existem e são camuflados para ninguém saber de suas existências. Hisone é engolida, Hisone é vomitada, Hisone fica atônita, e Hisone descobre que terá que ser engolida e vomitada diversas vezes em virtude de seu novo cargo de piloto de dragão. Ela faz um monólogo de indignação, mas no final acaba aceitando sua nova condição. Também somos apresentados a uma personagem que pode vir a ser revelante, a delinquente desbocada. Para um primeiro episódio é o suficiente para nos situar de maneira eficiente.
Fábio "Mexicano":
Mas Hisone não teve uma estreia sem defeitos, né? O maior problema do episódio é que foi tão bom que a gente mal arranja assunto pra falar 😛

Ou acham que teve sim algum problema, ou algo sobrando que ficaria melhor em outro momento ou removido completamente, ou…?

Diego:
Pra mim a parte mais fraca do episódio foi a garota briguenta. Eu disse mais cedo que alguém devia deitar ela na porrada e… é, seria ótimo de ver. Pra começo de conversa eu me pergunto como uma pessoa assim sequer conseguiu ser aprovada para serviço militar, que dirá então fazer parte da equipe responsável por um freaking dragão! Mas acima de tudo, eu só não gosto desse tipo de personagem mesmo. É, ela provavelmente tem alguma história triste que a faz agir assim, mas pelo menos por agora, mesmo que seja o caso, eu não ligo e não me importaria de não ver ela nunca mais.
Vinícius Marino:
Ah, tanta coisa boa no mundo. Tanto humor, sentimento e alegria e você quer me falar de defeitos? Não, não vou partir para o nitpick. Hisomaso é um daqueles animes que pedem para que você deixe no sofá, ligue a TV e se entregue a magia. E é isso o que eu fiz.
Fábio "Mexicano":
Gato de Ulthar:
Defeitos? Que defeitos? Não conheci nenhum. Uma ótima história para o que propõe ser.
Vinícius Marino:
Digo mais: se as pessoas passassem mais tempo apreciando arte e menos tempo procurando defeito o mundo seria um lugar melhor.
Fábio "Mexicano":
E não faltou o que apreciar nesse primeiro episódio, né?
Gato de Ulthar:
Super apreciável, um verdadeiro deleite.
Diego:
De fato, foi um episódio recheado de positivos.
Fábio "Mexicano":
Então está decidido, foi uma estreia muito boa! Até o próximo episódio ☺

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