Bom dia!

Já bem dentro da temporada (mas nem terminaram de estrear os animes todos, então isso não é um problema … eu acho) publico aqui as expectativas para essa temporada que temos no projeto Café com Anime.

Participamos do Café com Anime eu, desse blog Anime21 que você está lendo, bem como o Diego do É Só Um Desenho, o Gato de Ulthar do Dissidência Pop, e o Vinicius do Finisgeekis. Nós conversamos todas as semanas sobre alguns dos animes da temporada, e a transcrição da conversa é publicada nos nossos blogs – um anime por blog.

Nessa temporada o Finisgeekis irá publicar Happy Sugar Life, o Dissidência Pop irá publicar Hanebado!, o É Só Um Desenho irá publicar Shoujo Kageki Revue Starlight, e aqui no Anime21 publicarei Banana Fish.

No primeiro bate-papo explicamos as nossas escolhas e o que esperamos dos nossos animes.

Fábio "Mexicano":
Bem-vindos à quarta edição do Café com Anime! Eu sou Fábio Godoy, o Mexicano do blog Anime21, e talvez esteja mais empolgado do que devia para essa temporada de animes que estrearão agora em Julho/2018.

Para quem já conhece e para quem é novo, no Café com Anime debatemos sobre os episódios de alguns animes da temporada. Cada participante é o anfitrião da discussão sobre um anime diferente e hospeda as transcrições das nossas conversas em seu blog.

Eu já disse o meu blog e já escolhi meu anime. Todos já escolhemos nossos animes, mas antes de chegarmos a eles peço que os colegas se apresentem.

Vinícius Marino:
Olá a todos! Eu sou o Vinicius Marino do Finisgeekis.
Gato de Ulthar:
Opa, tudo bem? Sou o Gato de Ulthar do Dissidência Pop.
Diego:
Olá a todos mais uma vez. Diego, do “É Só Um Desenho” o/
Fábio "Mexicano":
Querem partir direto para o que importa ou vamos engajar em conversa fiada antes um pouco? Escolho conversa fiada! Sucintamente, o que acham do Café com Anime até agora, e de quais animes já se arrependeram de ter escolhido, ou quais se arrependeram de não ter escolhido? Ou estão satisfeitos com tudo? A gente nunca fez um bate-papo de fim de temporada, vamos passar por isso rapidinho ☺️
Diego:
Eu me arrependo muito de ter pego Kokkoku na temporada de janeiro ao invés de Sora Yori. Quem poderia imaginar que garotinhas indo pra Antártida seria uma história melhor do que mistérios em um mundo onde o tempo está parado? 😃
Fábio "Mexicano":
Sora yori mo Tooi Basho foi muito bom. Ainda acho que ele foi o melhor anime do ano até agora. Até eu queria ter trocado meu Violet Evergarden por ele – maldita hora pra ser fanboy.
Vinícius Marino:
Sempre tem um ou outro que escapa ao nosso radar. Houseki no Kuni foi um exemplo. After the Rain na temporada passada foi outro. Excelente anime, com polêmica para inflar qualquer discussão. Mas, considerando tudo, acho que estou satisfeito com nossa aventura até agora. Claro, eu tive a sorte de pegar duas séries muito boas: Sakura: Clear Card e Girls’ Last Tour.
Fábio "Mexicano":
Houseki no Kuni, eu teria trocado meus DOIS de então por esse 😛

Ou, sei lá, por um pacote de Trakinas.

Ok, Animegataris é legal, estou sendo injusto. Mas puxa vida, Kujira no Kora foi vandalismo…

Diego:
Animegataris foi divertido pacas, pena que pelo visto nós 4 fomos praticamente a única audiência dessa coisa 😃 Já Kujira foi mesmo nosso maior erro até aqui… (Embora acho que o Vinicius diria que SAO Alternativa disputa essa posição, não? XD)
Gato de Ulthar:
Eu não tenho do que reclamar, estou bastante feliz com minhas escolhas até agora. Começando por Mahoutsukai no Yome que foi um anime consistente em sua qualidade, mesmo que não tenha se tornado nada excepcional. Depois tivemos o anime do Junji Ito, que mesmo sendo uma vergonha em termos técnicos, foi muito divertido de acompanhar (menos para o Diego). E por último, tive uma grata e prazerosa surpresa com Mahou Shoujo Site, que se mostrou um anime muito bom, e até o Diego gostou dele, e isso vale muito né? Falando das decepções, sei que é chover no molhado, mas Kujira foi o pior até agora.
Fábio "Mexicano":
Eu achei que fosse gostar de Kujira, o começo foi promissor, mas o anime começou a tropeçar rápido, e não parou. Aquilo foi um desastre. Animegataris foi divertido mas nada demais. Daquela temporada eu teria sido mais feliz com Houseki no Kuni – ou com Girls’ Last Tour, mas esse não era meu. Na seguinte, Violet Evergarden não foi ruim, e se qualquer coisa o formato episódico garantia que sempre tínhamos assunto, e sempre assunto fresco. Mas aquele final eu não engoli até hoje. Já de Hisone to Masotan não tenho nada o que reclamar, pelo contrário, foi uma delícia!

Será que seguirei o padrão e meu anime da próxima temporada será ainda melhor? Bem que eu queria, mas duvido que vá ser o caso. Acho que será bom sim, mas … bom, depois eu falo sobre ele. Vamos por ordem, hmm… alfabética? Quer começar e falar sobre o seu anime escolhido, Diego?

Diego:
Mas é claro, deixa só eu ver aqui qual é 😛
Fábio "Mexicano":
Mas como assim? 😛
Fábio "Mexicano":
Eu acabei de dizer que todo mundo já escolheu e você me vem com essa, assim você me faz passar vergonha 😛

Shoujo Kageki Revue Starlight

 

Diego:
Bom, piadas de lado, trata-se de Shoujo Kageki Revue Starlight! Título original do estúdio Kinema Citrus (de Made in Abyss e Barakamon), com direção de Furukawa Tomohiro (aparentemente em seu primeiro trabalho como diretor de uma série inteira).

A história aparentemente se centra em duas garotas tentando entrar para o grupo Starlight, ao que tudo indica um grupo que mescla dança, música e atuação em suas apresentações.

Infelizmente, por ser um título original não temos lá muito mais informação a seu respeito 😛

Fábio "Mexicano":
Gosto de títulos originais! E esse parece ter uma história original também, ou pelo menos uma que não assistimos todas as temporadas…
Diego:
As músicas pelo menos parecem promissoras 😃

Fábio "Mexicano":
A música de abertura se chama “Prólogo”? Isso dá o que especular sobre o que os produtores pretendem com a marca… Mas bom, estou só falando bobagem aqui por enquanto, o que te fez escolher esse anime? Antes de eu dizer o que eu espero dele, o que você espera dele, Diego?
Diego:
Eu acho que todo o álbum se chama “prólogo”. Agora, sobre porque porque escolhi este anime, sendo bem franco foi por conta dessas imagens:

E mais alguns momentos do trailer.

Mesmo sendo o primeiro trabalho de direção de série desse diretor, o trailer já apresentou algumas composições visualmente muito interessantes. E com uma temática que parece mesclar teatro e idol parece que será uma obra bem interessante de se assistir nesse sentido.

Fábio "Mexicano":
Se entendi a sinopse, é algo que pode ser resumido como “amigas de infância fazem uma promessa; anos depois se reencontram, mas …”
Gato de Ulthar:
Não era para ser uma espécie de torneio entre “idols”, um tipo de “battle-royale” artístico? Não sei bem o que pensar, o trailer é bonito sem dúvidas, mas espero que seja algo divertido, com momentos interessantes de comédia e outros de drama, tudo permeado com belas apresentações artísticas. Se apresentar isso, fico feliz.
Fábio "Mexicano":
Se entendi, e não sei o quanto eu acertei, parece ser uma audição para entrar no grupo de teatro que elas prometeram que entrariam quando crianças, o tal do Revue Starlight.
Gato de Ulthar:
Seria interessante que uma conseguisse entrar e a outra não, ficando rancorosa com isso e nutrindo sentimentos de vingança. Depois de um tempo ela poderia matar cada membro do grupo 😛
Diego:
Ok, primeiro: WHAT THE FUCK?! Segundo: aparentemente, somente uma das candidatas poderá entrar para a trupe, então já temos ai o motivo de tensão da série 😛
Gato de Ulthar:
Eu não disse? ☺️
Vinícius Marino:
Não morro de paixão por histórias de idols, mas a música de fato é legal, e os visuais, nem se fala. Não me incomodo em ver um bom espetáculo, mesmo que não tenha substância. Nem todo anime precisa ser um Perfect Blue.

Ah, e também lida com dança. Gosto muito de dança. Minha esposa faz ballet, e eu até já fiz consultoria para uma escola, então isto é música para meus ouvidos. Pelo que o trailer dá a entender, o ensaio das meninas é algo mais contemporâneo (Jazz, talvez?), mas pareceu legal do mesmo jeito. Aliás, é aqui que uma produção de qualidade brilha. Ver uma cena de dança bem animada é um verdadeiro colírio. Não é sempre que encontramos isto em anime.

Fábio "Mexicano":
Pelo menos no trailer parece que vai ser o caso, né? Espetáculos sempre empolgam, quem liga pra história quando se está diante de uma produção fenomenal 😃

O gênero idol em particular costuma NÃO entregar bons espetáculos. Não que eu assista muitos animes do gênero, mas todos os que eu assisti tem suas apresentações feitas naquele 3D sofrível que vocês devem se lembrar de ter visto na animação de encerramento de Animegataris.

Revue Starlight não é exatamente idol, mas na falta de um gênero “teatro” parece ser a comparação mais próxima.

Diego:
De fato, Fábio, mas pelo menos o trailer impressiona. A movimentação está bem fluida e detalhada. Pode ser só o primeiro episódio? Pode, mas pelo menos será um episódio muito bom 😃
Fábio "Mexicano":
É eu não queria comentar isso, mas quase sempre animes do gênero idol impressionam nos trailers e decepcionam no anime. Os poucos que assisti, pelo menos. Mas vamos torcer para estarmos diante de algo realmente inovador, né? Eu pessoalmente posso passar com uma animação ruim se a história for boa, mas sei que eu não sou todo mundo nesse particular.
Diego:
Mudando um pouco o assunto, uma coisa talvez interessante desse anime é que ele já surgiu como um projeto multimídia. Já tivemos um musical lançado e três mangás em publicação desde janeiro. E talvez o dado mais curioso: a empresa por trás da franquia é a Bushiroad, uma empresa de cardgames (um dos mais famosos deles sendo Cardfight!! Vanguard). Inclusive, dois dos mangás lançados são seriados na revista da Bushiroad.
Fábio "Mexicano":
Eu nem sempre acho isso tão “interessante” assim porque não raro cada componente do projeto em si fica “incompleto”, dependente dos demais. Daí a gente não entende porque caralhos elas estão fazendo algo mas “tudo bem”, porque um mangá de volume único que saiu só lá no Japão já “explicou”, entende? Esse tipo de coisa. Mas ser multimídia não garante que vá ser esse o caso de todo modo, então por enquanto estou apenas neutro.

Algo que dá para ter certeza, contudo, é que a ambição nesses casos é grande e isso tende a se refletir em investimentos, o que costuma ser perceptível na qualidade da produção.

Gato de Ulthar:
No mínimo estou curioso com sua estreia, eu nunca vi um anime de idols, nem nada parecido, nem sou lá muito fã desta vertente artística, embora eu escute algumas bandas idols de vez em quando, como BISH. O anime parece ser bem produzido, pelo menos no trailer, vamos esperar para ver né?
Vinícius Marino:
Estou com o Gato. Nunca vi um anime de idols. Quer dizer, Perfect Blue conta como anime de idols? Acho que não, né. Confesso que não curto muito toda a “cultura idol”, mas estou disposto a colocar meus preconceitos de lado. Se eu fosse contar nos dedos quantas vezes me surpreendi positivamente com um anime, precisaria de umas quatro mãos, tipo um Deus indiano!
Gato de Ulthar:
No meu caso eu precisaria de mais, mãos, tipo umas 20!

Espero ser surpreendido positivamente. Gosto de animes de garotas seguindo o seu sonho. Não dá para chamar de um “slice-of-life” esse anime que acompanharemos, mas espero que saiba dosar momentos de drama e comédia de uma maneira bem feita, como K-on! E claro, com muita música (e dança).

Diego:
Eu também não curto muito essa cultura de idols, diria mesmo que é nojenta em muitos aspectos, e justamente por isso fico com um pé atrás com obras que a romantizem. Porém, Revue Starlight não é exatamente idol, não é? Está muito mais para teatro, mais próximo do que vemos em algo como o grupo feminino de teatro Takarazuka.
Fábio "Mexicano":
A gente continua falando “idol” por falta de termo melhor.
Diego:
Isso é verdade, mas não deixa de ser um detalhe importante a ideia de que este anime provavelmente está mais próximo de um Kaleido Star do que de um Love Live ou iDOLM@STER – ou pelo menos é o que eu espero, para ser franco 😛
Fábio "Mexicano":
Kaleido Star é outro anime que eu não sei classificar. Anime sobre circo, é sério? Enfim, se Revue Starlight for do nível de Kaleido Star já estará muito bom.
Gato de Ulthar:
Eu nem conhecia Kaleido Star!

Sei que é um tanto impossível, mas eu não desgostaria que a trama de Revue Starlight virasse algo ao nível de Perfect Blue, com bastantes transtornos mentais e lutas para ficarem no grupo de dança.

Diego:
Olha… aparentemente esse diretor teve algum envolvimento com Yuri Kuma Arashi, que eu não assisti, mas é do Ikuhara, então deve ser um mindfuck total 😛 Não que isso signifique qualquer coisa, mas quem sabe não sai algo de interessante? XD

Mas bom, vamos então passar para o próximo? Fábio, acredito que seja a sua vez agora. O que tem a nos dizer sobre o anime que escolheu? 😃

Banana Fish

 

Fábio "Mexicano":
Adoro bananas, não gosto muito de peixe, que mistura será que isso dá?

Quero dizer, estou louco pra descobrir porque Banana Fish se chama Banana Fish, e é só por isso que vou assistir. Vamos discutir isso todas as semanas até descobrir!

Brincadeira (mas fico curioso com o nome sim), claro que não é por isso. Parece ser uma série complexa com personagens complexos, e eu adoro personagens complexos. Se eles forem complexos em um mundo de merda que parece que está o tempo todo contra eles melhor ainda.

Acho que vocês todos aqui já sabem, ou já têm uma noção boa o bastante, mas vou jogar aqui a sinopse para o leitor que talvez ainda não saiba:

“A natureza fez de Ash Lynx belo; a criação fez dele um assassino frio e implacável. Um fugitivo criado como herdeiro adotivo e brinquedo sexual por ‘Papa’ Dino Golzine, Ash, agora um adolescente rebelde de 17 anos, abandona o inferno governado pelo demônio que o criou. Mas um segredo hediondo que levou o irmão mais velho de Ash à loucura no Vietnã cai nas mãos ambiciosas do Papa – e exatamente no momento em que Eiji Okamura, um fotógrafo japonês de bom coração mas na hora errada, no lugar errado, torna-se conhecido de Ash.”

Vietnã, assassinos mirins, escravos sexuais, essa banana parece podre. O que acham?

Diego:
Acho que não sei o que achar 😛 Minha opinião vai depender muito de como o anime irá lidar com seus assuntos, mas a princípio me parece uma história de ação e aventura bem ao estilo de algum filme da Sessão da Tarde – com talvez apenas um pouquinho mais de escravos sexuais do que a média 😃
Fábio "Mexicano":
Diego, em qual canal que passa escravos sexuais na sessão da tarde? 😮 Acho que você anda assistindo os canais errados. Aposto que é por isso que sua conta no pay-per-view sempre vem alta e você nunca percebeu…
Vinícius Marino:
No Multishow, Fábio. Se bem que aí não é bem tarde. Então esquece 😛

Bom, seja como for, faço eco ao Diego. Não sei o que esperar. Aliás, essa é uma das estreias mais bizarras dos últimos tempos. Confesso que parte de mim quer assistir a Banana Fish só pela exotismo da premissa. Ajude-nos aqui, Fábio. O que levou você a escolher essa série? Não me diga que foi só por conta da complexidade das personagens. Nem pelo seu gosto por bananas. 😛

Fábio "Mexicano":
Eu espero que eles sejam complexos. Não sei se vão ser. No mínimo tá fácil de ser uma história polêmica, e isso é divertido também. Ou “darker & edgier”. De todos os animes que eu estou interessado em assistir, achei que esse daria as melhores discussões por aqui, não foi nada muito complexo 😃

Se eu for falar em coisas que estou curioso para descobrir quando assistir, e que podem justificar essa escolha no final das contas, vejamos.

1) Parece que tem relacionamento entre homens na história? Não pesquisei demais, mas acho que “escutei” isso por aqui ou por ali. 2) Saber se vai ser “só” ação, se vai misturar drama, se vai ser basicamente ação mas ela vai fazer parte de algo maior. 3) Como serão tratadas, se forem tratadas, as questões morais.

Acho que é isso.

Diego:
Vendo o trailer, a “vibe” dele me lembrou um pouco algo como 91 Days, que para todos os efeitos foi bem divertido de acompanhar.
Fábio "Mexicano":
Eu espero algo entre 91 Days e Gangsta (sem superpoderes), mesmo.

Gangsta é forma (e não teve um fim), eu não saberia definir seu conteúdo – mas com certeza é VIOLENTO, e cheio de personagens fodidos na vida. Já 91 Days pegou seu tema (vingança) e montou nele do começo até o fim, não foi nada inovador no gênero, mas foi muito bem executado.

Gato de Ulthar:
Olha, espero que mantenha a vibe anos 80 do anime, mesmo com a atualização do character design, seria interessante ver algo no estilo de Miami Vice, com bastante ação, drogas e romance.

Dizem que tem conteúdo BL, mas em nenhum lugar encontrei confirmação disto. No máximo que o protagonista era escravo sexual do Papa sei lá o que.

Fábio "Mexicano":
Vamos só especular sobre cada ponto então:

O que vocês esperam ver, e o que gostariam de ver, se o anime realmente tiver romance gay, considerando as circunstâncias ditadas pela própria sinopse? Ou era melhor não ter em qualquer caso?

Vinícius Marino:
Acho que tem potencial para ser levado tanto na vibe satírica (pensem Pulp Fiction) como na mais séria. Náo é incomum que uma história de crime envolva submissão amorosa ou sexual de um subordinado por um líder. Sobretudo se a história envolve drogas. Dito isso, as personagens são bastante bishounen, então não excluo uma medida de fanservice independente do rumo tomado. Talvez ficaremos apenas na provocação mesmo.
Gato de Ulthar:
Se tem romance gay ou não, isso não me é muito relevante, o problema é se descambar em pura fetichização do tema. O que acho que não é o caso, mas não conheço o original para afirmar. E falar no original, Banana Fish não é um mangá muito famoso, além de ser dos anos 80. Me pergunto qual a motivação para ressuscitar essa obra em formato de animação.
Diego:
Do que li nesse artigo do Sakugablog, aparentemente o projeto vem por desejo da produtora do anime, Kyouko Uryuu, que tem o mangá original como um dos seus favoritos.
Fábio "Mexicano":
Não é a primeira vez que um mangá encerrado há muito tempo se torna anime. De cabeça, lembro de Parasyte, mangá dos anos 1980 que virou anime em 2014/2015, e Ushio to Tora, mangá dos anos 1990 que virou anime em 2015/2016. Dois bons animes, aliás, Banana Fish está em boa companhia.
Gato de Ulthar:
Ushio to Tora eu não vi, mas Parasyte sim, e foi um anime bom até. Uma das principais críticas a esta adaptação foi justamente a renovação do character design, e essa é também uma das críticas mais comuns feita ao Banana Fish.
Fábio "Mexicano":
Não dá pra fazer anime hoje com design de anime velho. Dá pra fazer algo que remeta ao “antigo”, como Megalo Box fez nessa temporada, ou como Koutetsujou no Kabaneri, do ano retrasado, que teve o mesmo character design do Macross original. Mesmo assim, eram designes sem dúvida atuais. Até Legend of The Galactic Heroes, que acabamos de cobrir, atualizou seu character design, em alguns casos mudando completamente os personagens.
Gato de Ulthar:
Também entendo como necessária essa atualização, mas isso é maior terror dos saudosistas…
Fábio "Mexicano":
Finalizando Banana Fish, quero perguntar não o que vocês esperam que seja, porque essa pergunta já está muito gasta 😛 Vou perguntar, ao invés, o que vocês gostariam que seja, tendo em vista as informações limitadas de que já dispomos?
Gato de Ulthar:
Quero uma aventura cheia de ação, certo drama e mais um pouco de bang bang. Se tiver cenas bem animadas de ação bem animadas é melhor ainda.
Vinícius Marino:
Um sucessor espiritual de 91 Days, com uma paleta de cor mais agressiva e um passo frenético!
Diego:
Acho que vou fazer coro com o Vinicius. Dada as informações que temos, algo nessa linha seria o mais interessante para mim.
Fábio "Mexicano":
Já eu quero que seja sim algo na linha de 91 Days, mas com algum elemento que choque, só pra apimentar mesmo. Pode ser algo relacionado à sexualidade ou qualquer outra coisa, mas talvez sexualidade seja a melhor escolha.

E é isso para Banana Fish. Seguindo o rodízio alfabético, agora é a vez do Gato introduzir seu anime escolhido para que discutamos 🙂

Aguu: Tensai Ningyou

 

Gato de Ulthar:
Quem eu? Agora? Bem, vejamos…

Acho que o anime que escolhi é um dos mais misteriosos da temporada, Aguu: Tensai Ningyou, que é baseado em uma web novel chinesa e que possui um visual bem diferenciado.

Só o que sei é que este é um anime de terror, e bem, do que ele fala? Nem eu entendi direito. Eu sei que há uma protagonista que é dançarina, mas não é muito talentosa, ela tem uma amiga que é um gênio da dança. Ocorre que as pessoas consideradas gênios não o são por suas habilidades, mas por intermédio de criaturas do tamanho da palma da mão que concedem habilidades. Onde esta premissa quer chegar? Não faço a mínima ideia, estou super curioso.

Fábio "Mexicano":
É algo sobre inveja e sobre usar meios sórdidos para obter vantagens. Por ser sobrenatural, tem a possibilidade de ter tanto horror gráfico quanto psicológico. E a arte do material de divulgação chama muito a atenção, com contraste alto, uma paleta de cores opressiva, e um traço que que é só o suficiente para não passar por normal, algo que você poderia ver em qualquer anime de qualquer gênero.
Diego:
Sinceramente, eu também não sei o que pensar. A sinopse foi um pouco estranha, e a própria ideia de que pessoas altamente talentosas basicamente possuem o equivalente a um pacto com o diabo me é um tanto quanto… “oi?” Pode render um mistério legal ou não, tudo vai depender de como a história for conduzida (e para onde ela for conduzida).
Gato de Ulthar:
Pessoas talentosas que receberam seu talento de forças obscuras ou pactos com o diabo é um tropo até bem comum e bem trabalhado, como no caso do Fausto de Goethe, onde o protagonista faz um pacto com o domênio Mefistóteles.
Fábio "Mexicano":
Mas no caso de Aguu são … fadinhas que você costura? Não entendi bem o conceito ainda 😃
Gato de Ulthar:
São seres pequeninos, tipo duendes? O Vinicius vai concordar comigo, lembra o Povo Pequenino, seres que exercem um papel bastante importante na série de livros 1Q84 do Murakami.
Diego:
Tem também as fadas de Jinrui wa Suita Shimashita, seres pequenos mas dotados de tecnologias incríveis (e nem um pingo de bom senso na hora de usá-las).
Gato de Ulthar:
Um bom exemplo também. Geralmente seres pequenos são mais astutos!
Vinícius Marino:
Olha, Gato, se seguir por esse caminho estarei bem feliz. O anime fala sobre ballet, uma arte que me interessa sobremaneira, então estou feliz. No trailer, temos várias bailarinas com fios de marionete. Talvez seja uma referência a ballets como Copellia ou Petruchka, que envolvem bonecos (ou pessoas que agem como bonecos)?

Vejo também uma bailarina “branca” e outra “preta”, o que remete na lata a Odile e Odette de O Lago dos Cisnes. E essa fábula de obsessão e rivalidade, vale lembrar, foi o tema do filme Cisne Negro do Aronofsky, ele próprio uma releitura de Perfect Blue do Satoshi Kon.

Tema interessante, mas já bastante batido. A não ser que Aguu dê uma de Princess Tutu e reinvente a roda, acho que o enredo corre o risco de parecer derivativo. Vamos torcer para que a produção dê conta do recado, embora a arte me parece um tanto deficitária para o meu gosto.

Fábio "Mexicano":
Sério? Gostei da arte! Ok que parece saída de um guia Como Desenhar Mangá, como quase todos os animes chineses que já vi, mas alguma coisa ali me chamou a atenção. Talvez seja só todo o resto mesmo, a ambientação, as cores, etc
Vinícius Marino:
Sim, a direção de arte está de parabéns. Mas o traço é feio que doi. E eu sou um cara fútil: julgo muito animes pelo traço. 😛
Gato de Ulthar:
E nunca havia visto um desenho oriundo de uma obra chinesa, mas pelo o que ando vendo, muitos animes “chineses” estão vindo a cada temporada. Será que é uma tendência duradoura? Além disso, também pelo o que dizem por aí, geralmente os animes chineses não são lá grande coisa, não tendo nenhum ainda que se destaque.
Vinícius Marino:
Exato, é a mesma coisa que eu ouvi. Animes “chineses” chegaram para ficar, mas a qualidade ainda deixa a desejar. Bom, eu sou super a favor de experiências. Quem sabe somos surpreendidos? Não faz muito tempo que ninguém sabia o que era um webtoon. E hoje em dia essa mídia já se tornou celebrada (sobretudo na Coreia)
Diego:
Vou dizer que não achei o traço feio não, e nem mesmo genérico (como o Fábio deu a entender ao citar os famosos livrinhos de Como Desenha Mangá). Os personagens, porém, parecem um tanto quanto “plásticos”. Mas considerando que o trailer apresenta diversas cenas de figurantes dependurados por cordas como marionetes, vai que esse visual não tem algum significado dentro da história que o anime quer contar.
Fábio "Mexicano":
Quem ainda não viu, veja o character design com os próprios olhos.

Em particular, as duas garotas parecem idênticas, apenas com roupas (extravagantes) diferentes. Claro que isso em particular tem grande chance de ser proposital, mas iguais ou não, são personagens que chamam menos atenção que suas roupas. Mas isso nem me incomoda, de verdade. O que achei curioso, mudando de assunto, lendo essa mesma notícia, é que cada personagem tem uma “especialidade”. Da forma como foi escrito isso parece querer dizer algo sobre o enredo.

Gato de Ulthar:
De fato, não é o character design mais inovador do mundo, mas também não me incomoda. E sim, penso que essa “especialidade” é bem proposital, por acaso não lemos que há criaturinhas que dão “habilidades” para os gênios? Esse é um anime bem misterioso, espero pelo menos me surpreender com essa obra.

Passando a bola de mãos, só falta nosso amigo Vinicius comentar sobre o seu anime escolhido. E já adianto que ele é, talvez, o que mais conhece sobre a obra selecionada, por até ter lido o seu mangá. Mas deixemos ele próprio falar sobre ele!

Happy Sugar Life

 

Vinícius Marino:
Deixamos o mais polêmico para o final, é isso mesmo?

Pois bem. O anime que eu cobrirei é o Happy Sugar Life, que promete ser uma das obras mais controversas da temporada!

É isso mesmo que vocês escutaram. Não se deixem enganar pelo nome fofo. Happy Sugar Life é a história de Sato, uma adolescente libertina que se apaixona por Shio, uma menina na primeira infância.

Isso por si só já seria dark o suficiente, mas o buraco é mais fundo. Com o passar do tempo, nós descobrimos que Shio foi sequestrada por Sato, que começa a desenvolver uma obsessão pela menina. E alguém que não pensa duas vezes em sequestrar uma criança é alguém que fará de tudo para impedir que a separem dela.

Os trailers são bastante vagos, mas os interessados podem conferir a resenha que fiz do mangá em andamento.

Fábio "Mexicano":
Depois de Mahou Shoujo Site, tava todo mundo aqui querendo esse 😂

Mas segundo o Vinicius Happy Sugar Life não é explícito em momento algum, o que na verdade o torna ainda mais assustador. E bem, não tem magia, super poderes, nada disso. É só um mergulho sufocante na mentalidade de uma garota quebrada e perigosa

Gato de Ulthar:
Receio que sofra do mesmo problema de recepção de Mahou Shoujo Site pelas massas, pois por exibir temas tão drásticos e chocantes não é difícil que seja acusado de ser apenas um anime feito para “chocar”, sem conteúdo substancial. Mahou Shoujo Site provou que essa é uma análise muito equivocada. Claro que tudo depende da maneira que Happy Sugar Life irá tratar os seus temas e como será o primeiro episódio. Eu estou bastante animado com esse anime.
Fábio "Mexicano":
Mahou Shoujo Site teve um primeiro episódio chocante. Se Happy Sugar Life não for gráfico, já fica bem mais difícil causar o mesmo efeito. Porém, o simples fato de vir após Mahou Shoujo Site pode provocar uma reação defensiva por parte daqueles que rejeitaram o anime.
Vinícius Marino:
Estou curiosíssimo para saber qual será o caso. De fato, Happy Sugar Life não tem um início gráfico, e seu horror aparece em conta-gotas. Por outro lado, a natureza dos temas que aborda são tão ou mais depravados. Por exemplo: há várias menções de abuso sexual infantil cometido por figuras maternas (mães, tias, irmãs mais velhas). Não só pela protagonista, que é uma pedófila óbvia, mas no passado de várias personagens da trama. Virtualmente todo mundo que aparece em cena tem algum histórico de abuso.

Confesso que não é todo dia que eu vejo isso em animes. O último caso de mãe abusadora que me vem à mente é Shigatsu wa Kimi no Uso, e mesmo assim naquela obra o abuso não tem qualquer contexto sexual. Vamos ver como as almas sensíveis dos nossos tempos aceitarão esse retrato.

Fábio "Mexicano":
Eu fiquei tão chocado com Shigatsu wa Kimi no Uso que isso atrapalhou minha experiência. Quero dizer, ela era tão obviamente uma mulher violenta, horrível, mas o anime só colocou ela ali para dar um passado triste para o protagonista. Um dia quero rever o anime, com o estômago mais forte.

Em Happy Sugar Life esse parece ser o tema central, não um pretexto, então espero algo muito melhor. Se embrulhar meu estômago, eu sei que o anime estará fazendo isso de propósito querendo dizer alguma coisa com isso – nem que talvez seja só uma mensagem niilista.

Diego:
Tem alguns outros exemplos de mães abusivas nos animes em tempos recentes. Em Boku Dake ga Inai Machi tivemos a mãe da Kayo, por exemplo. E embora isso seja um leve spoiler, em Ansatsu Kyoshitsu tivemos a mãe do Nagisa. Mas de fato, mesmo nesses casos não vemos nada sexual.
Gato de Ulthar:
Vejamos, é um mangá, mas em Berserk a princesa Charlotte quase foi estuprada pelo próprio pai, o rei de Midland. Tem um mangá bem conhecido até, Bitter Virgin, sobre uma menina que foi abusada sexualmente pelo padrasto. No anime Uta Kata, que eu e o Vinicius gostamos bastante, há uma personagem que foi abusada pelo pai. Elfen Lied também tem um caso famoso de uma personagem abusada sexualmente pelo padastro.

Tirando poucos casos, na maioria das obras citadas, esse abuso geralmente não é foco do mangá/anime, mas como parece ser um dos temas centrais de Happy Sugar Life, fico curioso em ver como o anime lidará com isso.

Vinícius Marino:
Sim, abuso por pai/padrastro é comum (e, corrijam-me se estiver errado, é o mais frequente na vida real também). Ver isto vindo de figuras maternas, no entanto, é como o Fábio falou: algo que nos pega de surpresa. O que mais me deixou chocado ao começar a ler Happy Sugar Life foi justamente isso. Chega um ponto em que não sabemos mais de onde pode vir a violência, e começamos a ficar paranoicos com cada nova personagem, cada novo twist. É um efeito perturbador, mas também criativo, pois nos coloca na mesma wavelength da própria Sato. Ela também, afinal, vê potenciais inimigos em cada sombra.
Gato de Ulthar:
A protagonista parece levar até o máximo a frase célebre de Thomas Hobbes: “O homem é o lobo do homem.” Visto que o ser humano é capaz de qualquer atrocidade contra seus semelhantes, e não se sabe de onde esperar o próximo “ataque”.
Diego:
Pior que com toda essa conversa eu só consegui me lembrar da Yuno, de Mirai Nikki 😛 Que é também uma stalker, psicopata, maluca e tudo mais, mas que o é por conta de um histórico de abuso dos pais, que viviam prendendo ela em uma jaula por dias a fio como castigo (spoilers? Alguém realmente se importa com spoilers de Mirai Nikki?).
Fábio "Mexicano":
Isso é algo que a gente só descobre muito dentro já da história em Mirai Nikki (por isso é spoiler inclusive). E francamente? Soou como um pretexto inventado naquele momento pelo autor, não algo que ele tivesse planejado desde o começo.
Vinícius Marino:
Seja como for, Happy Sugar Life parece contar com uma produção bastante decente. Isto é sempre um bom sinal para séries controversas ou de terror, que às vezes pecam pela simplicidade e transformam o sério em estapafúrdio.

Hanebado!

 

Gato de Ulthar:
Pessoal, tenho que fazer um comunicado um pouco triste ☹

Por um infortúnio do destino, não conseguiremos cobrir Aguu nesta temporada, o anime que eu havia escolhido para esta edição do Café com Anime. Acontece que nenhum fansub de língua inglesa pegou o anime para legendá-lo, muito menos um em português, o que inviabilizou o referido anime.

Mas nem tudo está perdido, para substituir Aguu, escolhi outro anime, que creio que também nos trará muitas felicidades: Hanebado! O anime sobre badminton da temporada.

Fábio "Mexicano":
Só encontramos em chinês – o que faz sentido, o anime é chinês. Acho que achamos o primeiro episódio em indonésio e árabe também …
Gato de Ulthar:
Sim, em indonésio, o que não ajuda muito né? Mas vida que segue, acho que o anime das petecas será uma boa obra a se acompanhar, se não até melhor do que Aguu.
Fábio "Mexicano":
Teve uma recepção muito boa pelo menos, então vamos ver como é que se joga peteca esportivamente.

Então, Hanebado! vai ser o anime do Dissidência Pop, ao invés de Aguu. Vamos só confirmar os demais para encerrar a conversa?

No Anime21 vamos publicar Banana Fish.

Vinícius Marino:
No Finisgeekis, cobriremos Happy Sugar Life
Diego:
No É Só Um Desenho, teremos Shoujo Kageki Revue Starlight
Fábio "Mexicano":
E é isso aí. Aguardamos você em nossos respectivos blogs para conversar sobre esses animes, na quarta edição do Café com Anime!

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