Bom dia!

Com Magical Girl Spec-Ops Asuka (Mahou Shoujo Tokushusen Asuka) eu fecho a lista de animes que cobrirei nessa temporada no Anime21. Além de Asuka, vou continuar com o anime de maratona Kaze ga Tsuyoku Fuiteiru, que começou na temporada passada, além de Kouya no Kotobuki Hikoutai, ação aérea com garotas pilotas com aviões dos anos 1940 em um cenário que lembra o Velho Oeste, Kemurikusa, o novo anime do diretor de Kemono Friends em uma distopia pós-apocalíptica, e Dororo, remake do clássico de Osamu Tezuka sobre um homem que teve o corpo devorado por demônios no Japão feudal e precisa matá-los para recuperar cada pedaço e conquistar sua humanidade.

E esses são só os meus animes! Seguindo a tradição, a equipe inteira está cobrindo mais de 20 animes nessa temporada, entre estreias e continuações.

O que está achando da garota mágica dark da temporada?

 

Mia, a garota mágica americana

 

No terceiro episódio o inimigo da humanidade e das garotas mágicas ganha um nome: Brigada de Babel. Ainda não sabe-se quem eles são ou o que eles pretendem, nem questões mais práticas como de onde eles obtém seus recursos, especialmente sua magia, mas já ficou claro que eles são uma ameaça mundial.

Ou pelo menos é o que concluo dado que tanto o terrorista capturado no Japão e torturado durante dias quanto um pobre diabo que parecia cativo de um cartel de drogas no México mencionaram o mesmo nome.

Tal Brigada é, no mínimo, uma ameaça trans-pacífica, estando presente tanto no Japão quanto na vizinhança dos Estados Unidos. A intervenção de uma garota mágica americana, Mia (que é “americana” até não mais poder, do modo de falar até na arma mágica de sua escolha), indica que eles provavelmente têm presença no país e uma investigação levou-os até o México.

Isso é o que eu concluiria como um espectador desse mundo fictício. Como um telespectador de um anime, acredito que esses são sinais mais do que suficientes para decidir que Brigada de Babel é uma ameaça global.

 

Um disa e uma garota mágica da Brigada de Babel

 

E eles possuem “garotas mágicas ilegais”. Aquela loira de tranças parece ser um caso, e suponho que a quem ela chama de “Rainha” também seja. É fácil criar garotas mágicas? Quem é que domina essa tecnologia?

Os seres de outro mundo que ensinaram os humanos a fazer isso ensinaram só para os governos, ou para mais alguém? Ou são eles mesmos de volta agora, talvez para “reaver” sua tecnologia? As garotas mágicas “oficiais” são o alvo, afinal.

Qualquer que seja o caso, trata-se da pior hipótese possível para a humanidade. O pesadelo dos governos do nosso mundo, não importa a quem se aliem, é que grupos não governamentais, terroristas, milícias ou guerrilheiros, se apossem da arma mais poderosa que temos: a bomba atômica.

Se uma dessas cai nas mãos de um grupo desses, mesmo se for uma versão incompleta e não tão destrutiva chamada de “bomba suja”, o desastre já estará encomendado. Se forem várias, tanto pior. E a pior hipótese possível é que eles dominem a tecnologia e os meios para a produção de suas próprias bombas.

Em Magical Girl Asuka, a arma mais poderosa da humanidade são as garotas mágicas. E a Brigada de Babel as possui. Não apenas elas, mas disas também, o terrível inimigo que precisou das garotas mágicas para ser derrotado em primeiro lugar. E, tudo indica, são capazes de criar suas próprias garotas mágicas e aprimorar os disas. Eles dominam a tecnologia da “Bomba M”.

 

Sayaka tem um ataque de pânico

 

Nem precisaram de tanto para causar dezenas de mortes no primeiro episódio e deixar Sayaka traumatizada. É compreensível que um sobrevivente de uma situação daquelas fique traumatizado.

Em particular, o que mais parece perturbar Sayaka, ou pelo menos a forma como ela racionalizou seu medo, é que enquanto pessoas morriam ao seu redor ela nem por um instante sequer cogitou tentar salvar alguém. Ela se culpa por isso.

É irracional, claro. Não havia nada que ela pudesse fazer. Mas traumas não são coisas racionais em primeiro lugar. Ela ficou com medo, se sente culpada, e se considera fraca.

Reconhecer a própria fraqueza, agir com covardia e fugir é o que todos deveriam fazer, segundo a Asuka. Por isso ela cumprimenta Sayaka por se considerar fraca.

Na verdade, descobriremos adiante, Asuka está dizendo essas palavras para si mesma.

Asuka também está traumatizada, sabe-se muito bem. Perdeu os pais, perdeu companheiras, e viu incontáveis militares e civis morrerem durante a guerra. É compreensível que ela se sinta com medo de perder mais coisas, de perder mais pessoas, de testemunhar mais mortes.

 

Kurumi entra para a mesma turma da protagonista e suas amigas

 

Kurumi, a garota mágica Enfermeira de Guerra, também está traumatizada. Certamente a guerra não fez bem a ela, mas Kurumi já era uma menina quebrada desde antes.

Ela sofreu bullying violento na escola, o anime revela, e, suponho, Asuka tenha intercedido em sua defesa em algum momento. Asuka tinha Kurumi em mente quando elogiou Sayaka por reconhecer sua fraqueza, e imagino quantas vezes a Kurumi não deve ter fugido e se acovardado para evitar sofrer nas mãos daquelas garotas.

Mas aquilo parou em algum momento, e deve ter sido graças à Asuka, e deve ser por isso que Kurumi é tão apegada a ela. Romanticamente inclusive, pelo que parece. Uma coisa deve ter levado à outra. Por enquanto a possessividade da Kurumi pela Asuka é usada para efeito cômico, mas que não se descarte a possibilidade de coisa bem mais séria no futuro.

Sayaka, Asuka, Kurumi, todas traumatizadas. Provavelmente todo mundo ou quase todo mundo está traumatizado em algum grau nesse anime. Todas as garotas mágicas sobreviventes, é possível. As pessoas nas ruas, que parecem estar levando vidas tão normais agora, viveram uma guerra pelo destino da raça humana há meros três anos.

Não se sabe ainda a escala dessa guerra, apenas que era potencialmente apocalíptica. Quero dizer, não sabe-se por exemplo se o povo japonês sofreu diretamente durante a guerra, mas acredito ser seguro supor que sim, afinal pelo menos duas garotas mágicas são japonesas, os disas estiveram no Japão pelo menos para matar os pais da Asuka, e a batalha final foi no Japão, ainda que em lugar desabitado.

Com isso estou tentando dizer que as cicatrizes da guerra devem ser ainda bem vivas e doloridas para muita gente que agora só está preocupada em como fechar as contas do mês ou outras questões comezinhas. O mundo deve estar traumatizado. Com medo. Mas o mundo não pode se acovardar e fugir.

Não pôde fazer isso na invasão dos disas, e não pode fazer agora. O mundo não pode resignar-se à fraqueza.

 

Kurumi percebe a contradição de Asuka, mas não diz nada

 

Essa é a essência do que é a força em Magical Girl Spec-Ops Asuka: superar os próprios medos e, apesar deles, seguir em frente, fazer o que precisa ser feito. A Kurumi com certeza está fazendo isso. Quando a Asuka diz que ela é forte não está apenas tentando agradar ou acalmar o coração da amiga, está sendo sincera.

Asuka admira Kurumi pela sua força. Mesmo que a Asuka tenha desistido, mesmo que tenha traído a promessa que fez para Kurumi, mesmo que a Enfermeira de Guerra seja fisicamente fraca e o disa do episódio 2 tenha literalmente feito ela quicar no chão, Kurumi nunca fugiu. Kurumi é forte.

No caso dela isso provavelmente é facilitado pelos anos que a separam de seu trauma e do quanto se apegou não apenas à Asuka em si, mas à ideia da Asuka. A Asuka só irá protegê-la enquanto ela estiver em risco, afinal, então não faz sentido fugir para a segurança. O importante aqui é que quando Kurumi precisou, Asuka esteve lá para ela, e agora ela acredita que a Asuka sempre estará lá por ela. Fizeram uma promessa, afinal.

Sayaka não conta com uma garota mágica para chamar de sua, mas a Nozomi tem o coração maior do que a seringa mágica da Kurumi e mais poderoso que a karambit mágica da Asuka. Sua empatia produz barreiras maiores do que qualquer magia.

Ela se esforçou para integrar Asuka na turma quando viu a garota sempre sozinha, e não está poupando esforços para tentar reanimar a Sayaka depois do ataque terrorista do qual ela sobreviveu por um triz.

 

O maior sorriso do anime

 

Talvez por isso Sayaka tenha conseguido reunir forças para enfrentar seu medo. Obviamente ela não pode enfrentar terroristas (e que bom que ela não precisa fazer isso!), mas ela pôde enfrentar outro medo seu: o de altura. Fazer isso deu a ela um senso de que ela consegue seguir em frente, se ela quiser e se esforçar, e ela estava precisando disso.

Sayaka mergulhou do mais alto trampolim. Sayaka é forte também.

No final do episódio Nozomi foi sequestrada. Está claro que o objetivo é atrair a Asuka. Pela prévia do próximo episódio e pelo tratamento que disas e terroristas têm dispensado às pessoas que sequestram, o prognóstico para a Nozomi é sinistro. Mesmo se ela sobreviver, ela irá sofrer bastante antes disso. Talvez quebrem para sempre o espírito da garota mais animada e otimista da série. Ver isso seria de partir o coração, talvez mais do que vê-la morrer.

E o que será que a Asuka fará? Como ela irá se sentir?

Ao contrário de Kurumi e Sayaka, Asuka é fraca. Ela é mais uma garota traumatizada, está com medo e por isso está fugindo. Ela se convenceu de que fazer isso é para o bem dos que estão ao seu redor, o que vai contra o que ela mesma disse à Kurumi quando a convenceu a se tornar uma garota mágica.

A Kurumi, lógico, percebeu a hipocrisia da amiga, mas não disse nada. Frustração ou gentileza?

Quando Asuka irá ter coragem e mergulhar metaforicamente na piscina do novo conflito?

 

O reencontro de Asuka e Kurumi

 

Comentários