Gunjou no Magmel ou Magmel of The Sea Blue é um mangá chinês que está sendo publicado desde 2014 e fora trazido ao japão pela Shounen Jump+, logo no ano seguinte. O anime de fantasia comandado pela Pierrot Plus – calma, não se assustem ainda – lida com a exploração de um novo continente conhecido como Magmel, repleto de cenários e formas de vida desconhecidas que agora captam a atenção de todos.

Pra esquentar um pouco as coisas, já presenciamos a eliminação de um esquadrão inteiro por parte de uma das criaturas medonhas que existem lá. Sendo prático, era algo que eu já esperava dado o excesso de confiança do time em um terreno sobre o qual eles não tinham domínio algum – mas ok, essa cena é necessária porque mostra o risco que qualquer uma das espécies lá pode oferecer, independente do seu “preparo”.

Na sequência somos apresentados ao protagonista que observa a conclusão da chacina e se apresenta como um Angler – um tipo de pesquisador e especialista daquele mundo desconhecido. Pelo que a abertura nos mostra, Magmel parece se localizar num ponto que fica entre os continentes asiático, oceânico e americano – quanto tempo será que leva para chegarmos lá? Parece mais perto que ir para a Europa, fica a dica.

O protagonista Inyou, é do tipo de pessoa que só se move caso extremamente necessário ou se pago para tal, mas ainda assim é excelente no que faz. Gosto do ar inteligente e sarcástico que ele possui, mesmo os seus devaneios tem uma lógica – ele também não demonstra, mas tem um bom coração.

Sua companheira Zero tem uma feição estóica, mas é bem gentil e prestativa, gerenciando a vida dele a todo instante e auxiliando na parte tática do serviço. Não entendi claramente o motivo para ela chamar ele de mestre, mas apesar do tratamento dá pra ver que eles ficam mais como dois irmãos convivendo juntos.

Nesse primeiro momento o protagonista lida com um problema menor trazido por uma criança chamada Kurikusu. O garotinho estava com algum tipo de doença terminal e tinha o corpo fragilizado, contudo o desejo de salvar seu irmão perdido em Magmel era maior do que sua enfermidade e seus recursos – o que faz com que automaticamente Inyou o desencoraje.

A família de Kurikusu tinha ido até Magmel em busca de uma fruta que o levaria a cura, contudo o resultado não foi positivo e apenas seu irmão retorna. A tragédia torna o irmão mais velho focado e obstinado em tentar o sucesso, a medida em que também o deixa mais transtornado – a cena em que ele se despede reforça o sentimento de afastamento até para o menino, que percebe o afetamento dele.

Depois de ouvir a história Inyou acaba cedendo e aceitando, sem que o garoto perceba suas reais intenções de ajudá-lo – com um empurrãozinho da Zero, claro.

Eu gostei bastante das questões de transporte e localização que Magmel começa trabalhando, isso confere mais realismo e limitações nesse continente. Os meios de transporte tem suas restrições de alcance, o tipo de equipamentos que pode ser transpotado também, mas dentre essas novidades o que de longe mais me chamou atenção foi o sistema de fortalezas – cidades cercadas por altas muralhas maçiças, bem similar ao que vemos em animes como Attack on Titan.

Durante a caminhada de resgate, Inyou ouve mais a cerca de Kurikusu e seu irmão e acho interessante que mesmo não falando nada sobre, dá para perceber que ele sacou que algo errado não estava certo.

Algumas curiosidades já vão nos sendo reveladas nessa conversa, como por exemplo o fato de que as criaturas “híbridas” que existiam ali possuíam habilidades fora do comum zumbificar é uma delas, os aventureiros que desbravam Magmel também se dividem em uma série de “profissões”, sendo já citados os Anglers e os Lectors – certamente devem existir outras que conheceremos mais a frente.

Uma outra questão é a fruta que o garotinho precisava, a Epona, que apenas nascia no meio de sangue e cadáveres. Fico me perguntando que outros tipos de frutas e vegetais malígnos como esse devem existir e se de fato sua conquista vale o preço cobrado.

Enfim, perambulando pela floresta sob a orientação cautelosa de Zero, chega um momento em que o protagonista precisa se afastar por um curto período de tempo, sendo esses minutos mais do que o necessário para que o garotinho encontrasse seu irmão.

Nessa hora a direção do anime me convenceu de que Magmel oferece um risco muito maior do que sua própria estrutura física, mostrando o verdadeiro horror do qual Inyou falava: o coração humano preenchido de ambição e sem escrúpulos.

O pobre Kurikusu fez tanto por seu irmão, apenas para descobrir o quão cruel e perdido ele era, o que tinha feito a seus pais e companheiros em nome de sua ganância pessoal, por fim impalando o inocente – que apenas pediu pela salvação dele.

Inyou faz o que se espera de um protagonista firme e resoluto e cumpre a vontade de seu cliente, salvando o irmão como lhe era possível – no caso o jeito foi a eliminação mesmo e que eu achei merecida pela audácia e falta de compaixão dele.

O ato de crueldade do inimigo serviu para confirmar que nossos protagonistas não são meros “mercenários” e pessoas sem sentimentos, eles também absorvem o que acontece ao seu redor, sentem a aflição do próximo e correspondem a isso – ver o choro da Zero partiu meu coração.

Se notarmos também, Inyou aparenta ter traumas pessoais no meio de sua jornada e Zero é o seu porto seguro – fora que não é preciso ser um gênio para concluir que seu vasto conhecimento é consequências de muitas batalhas, quem sabe até perdidas.

No geral foi uma estréia da qual gostei bastante, apesar dos protagonistas serem bem eficientes e parecerem “overpower”. Consegui sentir a tensão que Magmel pode oferecer em seu território desconhecido e vejo uma gama de possibilidades na exploração desse continente tão vasto e exótico.

A animação fez o básico na maior parte das cenas, mas percebi um certo capricho nas cenas de combate – o que é bom e espero que de algum modo se mantenha. Enfim, Gunjou no Magmel começou bem e tem potencial para ir longe, vou apostar nesse potencial.

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