Esse anime é para aqueles que apreciam um mergulho nas especificidades da cultura oriental e nesse caso, a obra trabalha elementos do budismo – no caso os seus protagonistas, que são divindades. Namu Amida Butsu traz ao público uma história sobre a luta dos treze budas contra a força do mal conhecida como Mara, que tem ligação com os vícios terrenos e pecados.

Quem comanda a animação é o Asahi Productions e posso dizer que a introdução feita dividiu muitas opiniões acerca do potencial de entretenimento da obra, mas acho que ela tem seus méritos.

Nos primeiros três minutos de tela temos uma cena bem interessante, onde um vício – aquela lama preta nojenta – captura um rapaz indignado e revoltado pelos maltratos que sofria no trabalho. Depois de conseguir, dois dos guardiões divinos chegam e rapidamente dizimam a ameaça numa sequência de ação bem legal e que já mostra que aparentemente a produção está bem encaminhada.

Passado esse primeiro momento, somos jogados em um cenário completamente diferente, numa coisa mais cotidiana e que vai introduzindo os personagens que farão parte dessa equipe de elite que protege a humanidade.

Quando chegou nesse pedaço, eu não precisei de mais que 1 minuto para sacar que o anime poderia seguir uma vibe bem similar a de Touken Ranbu: Hanamaru. Os protagonistas de ambos os lados tem a missão de salvar o mundo, mas o que de fato acaba sendo mais focado é o cotidiano desses indivíduos, as suas relações, macaquices e afins – talvez esteja errado, mas nesse momento é o que fica parecendo.

O elenco de bishounens – que não vou citar os nomes todos agora – impressiona pela qualidade da arte e todos tem personalidades simpáticas e divertidas, que devem conquistar ainda mais o público que gostar do gênero e aqueles que derem uma chance real a obra.

De modo geral não acontece nenhum evento muito importante ao longo do episódio, mas temos alguns elementos que dão uma movimentada por explicar um pouco de como deve funcionar a vida deles no plano terreno.

Taishakuten e Bonten são os dois poderosos guerreiros que apareceram no começo e agora eles fazem parte do grupo devido a ausência de um dos outros guardiões. Eu imaginava que para um ser elevado, ter que vir ao mundo material seria um fardo, mas não é o que a dupla transparece por conta de Shaka Nyouran – eu fiquei curioso pelo tipo de influência que ele exerce sobre os demais, já que todos tem uma atenção diferente com ele.

Apesar de estarem de bom grado ali, para os recém chegados o maior problema era o fato de que os vícios não apareciam com muita frequência, isso gera como consequência a diminuição da carga de trabalho deles, fazendo assim com que passem mais tempo “bestando” pelo templo – e isso os deixa bem preocupados, mas no lugar deles eu adoraria ter tempo livre sobrando, só para constar.

É interessante o cuidado que as deidades tem que ter quando andam em meio a multidão comum, precisando se ocultar com um poder que muda como as pessoas os enxergam. Eles até explicam que andar a olho nu pode causar confusão, por conta da forte aura sagrada que emitem quando não disfarçados – essa escolha levou a uma cena bem divertida na rua.

Enquanto os novatos só se atrapalham pela falta de traquejo e conhecimento, os mais antigos já são mais modernizados, graças ao tempo que tem circulando na cidade e aproveitam bem essa experiência para otimizar as atividades – achei verossímil porque de fato nenhum ser normal vive sem absorver ao menos um pouco das novidades que surgem, mesmo os mais atrasados.

Ver a questão das diferenças culturais e científicas serem abordadas nesse tipo de enredo também é bem legal, porque além de gerar uma comédia menos forçada e mais simples, abre um leque maior de situações do cotidiano que podem ser exploradas – caso a obra de fato não invista mais na ação, o que não me parece ser o caso.

Fora os momentos slice e tranquilos, o único trecho onde tivemos um pouco mais de tensão e drama, foi quando mencionaram Ashura e minutos depois ele se apresenta. Pelo que fica notório, ele fazia parte do grupo de divindades e acabou traindo a todos – Taishakuten é claramente o que mais guarda rancor, por ter algum tipo de ligação direta com o inimigo que fica implicita numa conversa com Bonten.

O mistério que ronda Ashura e os treze guardiões consegue despertar curiosidade, torço por uma boa história, ação e creio que a obra tem material pra trabalhar entre seus gêneros. A parte técnica como eu disse antes me impressionou positivamente pela qualidade – já que eu nem me lembrava mais desse estúdio ou de algum anime relevante dele -, se preservarem ela até o fim será ótimo.

Enfim, Namu Amida Butsu está aí minha gente e acho que foi uma estréia ok dentro do que apresentou, vale o teste dos três episódios.

Um inimigo poderoso e familiar, parece ter dado as caras

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