Kimi to Boku no Uta World’s End é uma light novel, mas não exatamente um livro e sim um conto de autoria de Tsugumu Hashimoto e ilustrações de Otohiko Takano. Em pouco mais de 20 páginas nos é mostrado um mundo pós-apocalíptico em que o ser humano deve lidar com a companhia da solidão.

Talvez um dos ditados mais precisos da vida é o que diz que você só dá valor a algo quando perde, ou que só sente falta nessas circunstâncias. A verdade é que o ser humano não é uma criatura feita para viver sozinho. A sociedade nos transforma em algo e sem ela esse algo fica deslocado – é incompleto.

Claro que há exceções, tem gente que quer e vive “só”, mas repare que recorrentemente abordam o tema solidão na ficção e que muitas vezes é no sentido de se aproximar dela para evitar a perda ou a sua repetição.

Não que outra forma de explorar o tema não seja interessante, mas, por que a solidão costuma ser tão instigante e ao mesmo tempo tão aterrorizante? Será que um dia sentimos mesmo a verdadeira solidão? Uma total ausência de companhia, capaz de nos fazer questionar até a realidade.

Temos medo da solidão e temos medo de tocar no tema de uma forma que não seja o abraçando na intenção de fugir de algo ainda pior, o que no final das contas é uma aproximação falsa, conveniente, ou é válida como qualquer outra?

Eu creio no segundo caso, afinal, a ficção é como uma repercussão da realidade, quer a extrapole ou diminua, então tratar a solidão assim não deixa de ser sim honesto.

É isso que é feito nessa mini light novel, onde vemos o protagonista tentando fugir da companhia por medo de perdê-la, abraçando uma solidão que, na teoria, parecia ser melhor, mas na prática não era.

Por quê? Porque a dor da perda é horrível, mas ela é alguma dor, ela é um safanão que nos avisa que estamos vivos.

Não perder nada, não fazer nada, não compartilhar nada nos consome, porque somos seres criados em sociedade acostumados a depender dos outros e que os outros dependam de nós, o que não é exatamente um problema. Mas isso muda se o mundo estiver praticamente inabitado, né?

É disso que essa simples e fofa historinha trata. O sobrevivente e Snow acabam criando um vínculo e a origem da garota pouco importa, mas sim que ele entendeu que prefere correr o risco de sofrer de novo a estar sozinho.

A solidão para ele nunca foi uma opção, não uma que ele aceitaria. Assim que a possibilidade bateu a porta ele a recusou, porque somos humanos e tememos a solidão. Não por não amarmos a nós mesmos o suficiente, mas porque somos condicionados a amar aqueles à nossa volta.

Isso é ruim? Isso é bom? Acho que um pouco dos dois e o melhor a se fazer é conviver com isso, caso seja do interesse da pessoa, claro, se ela conseguir. Se não fosse ruim não sentiríamos a dor da perda e se não fosse bom não sentiríamos coisa alguma. Sentir é viver e viver é questionar o que é solidão…

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