Em sua segunda semana de exibição, Kimetsu no Yaiba nos presenteou com outro excelente episódio. Foi o tortuoso início de uma jornada de experiências e aprendizados necessários para que Tanjiro e a irmã consigam alcançar seus objetivos. Ainda com cheiro de sangue é hora de Kimetsu no Anime21!

A cena inicial pode até parecer boba, apenas um alivio cômico após uma estreia tão tensa, mas é nas interações com os outros que são reforçados os trejeitos de personalidade do protagonista – o que é importante para percebermos o que ele pode mudar em si e como.

Tanjiro não quer incomodar ninguém e esse é um jeito tolo, mas bonito de se viver.

Tanjiro é extremamente honesto, alguém que dificilmente se aproveitaria da gentileza alheia e que se preocupa com a família mais que tudo. Não à toa ele pensa em como facilitar a viagem com a irmã enquanto ganha tempo. Há aí certa flexibilidade entre a personalidade dele e os esforços que precisa fazer para concretizar o que deseja.

No meio disto há a relação com a irmã transformada e a oportunidade de suavizar o drama da série, algo que é bem aproveitado sem forçar uma situação incoerente, afinal, se Nezuko consegue crescer, por que não seria capaz de diminuir?

Quando a heroína principal é boa tem em todas as versões.

Aliás, se a garota tem controle sobre sua sede de sangue, não é de se estranhar que maneje seus, ainda bem desconhecidos, poderes com certa desenvoltura. Posso fazer um adendo? A Nezuko é muito fofa, e a cena seguinte torna ainda mais fácil simpatizar com ela.

Depois de andarem por tanto tempo, não foi tão estranho que à noite, na floresta, cruzassem com um oni. Não a maquiavélica criatura que dizimou a família e maculou a irmã, mas um oni errante, criatura que vivia de mãos dadas com a violência e abraçava a fome mantendo o rosto e a forma semelhantes aos de um humano.

Isso sacia a curiosidade do público sobre o rosto dos inimigos e, de quebra, serve para adicionar mais experiência a esse início da jornada de Tanjiro e Nezuko. Além disso, a saliva que escorre da boca da garota oni mostra o tamanho de seu autocontrole ao mesmo tempo que o perigo de sua existência.

Onis não são assim tão diferentes dos humanos, afinal…

Isso consterna Nezuko e, agravado pelo risco a vida do irmão, a faz ir atrás de lutar, o que me leva a questionar o quão consciente ela fica nesse estado e se isso é mesmo suficiente para que ela não acabe atacando gente. Tópico retomado pelo novo personagem que aparece após a luta.

Luta que não poderia deixar de comentar, pois, apesar de ter sido rápida e dinâmica, a qualidade das cenas de ação se manteve.

Mas diria que o trecho foi mais importante pelo que foi revelado sobre os onis: que eles não morrem assim tão fácil e tais quais os vampiros dos contos perecem à luz do sol, o que justificou todo o esforço do Tanjiro e reforça a linha tênue sobre a qual se desenrolará a jornada.

Há muitas cosias a se considerar, muitos percalços, mas um dos primeiros, sem dúvidas, é a mudança de postura que Tanjiro precisa ter. Sakonji Urokodaki – aquele que treinará o aspirante a Espadachim Executor – chega na trama e a primeira coisa que faz é testar a coragem, a determinação, a resolução do garoto.

Nada mais apropriado para o caminho tortuoso que ele está trilhando, mas foi preciso que o sol nascesse para que o oni morresse em definitivo, pois o gentil mocinho foi incapaz de executá-lo.

É verdade que o olfato também extremamente apurado de Sakonji é algo que o aproxima de Tanjiro, só que a bondade e empatia de um, nada tem a ver com a experiência e severidade do outro.

O mestre duro, mas gentil, de Tanjiro.

E não é como se o lado de qualquer um deles estivesse errado, é que Tanjiro simpatiza, não odeia e só odeia, tendo um ótimo motivo: a irmã é um oni. Não enxergar humanidade nela seria pior que abandoná-la.

Unindo a experiência pessoal à bondade de sua natureza dá para entender porque ele “amolece” na hora de matar o oni, mas é essa hesitação que pode custar a vida de uma pessoa, então, o tapão que o garoto toma é sim necessário. Para que Tanjiro se torne mais consciente sobre o peso das escolhas que deve fazer ele levou esse puxão de orelha.

Até então ele deu sorte, mas nem sempre será o caso. Seu condicionamento será crucial para o sucesso dessa empreitada e por causa disso se tornar pupilo de Sakonji com a intenção de receber treinamento formal como Espadachim Executor era o caminho.

Mais um choque de realidade para o nosso herói.

O teste para ser aceito começou desde que se conheceram, mas é no enfrentamento das armadilhas dispostas na floresta inóspita que a primeira prova de fogo ganha molde. Se Tanjiro não conseguisse superar essa primeira dificuldade, como conseguiria lutar em meio a condições das mais imprevistas?

Fica claro que onis são inteligentes, fortes e duros de matar; então o teste antes das reais provações foi adequado. Sem o mínimo de desenvoltura para lidar com a natureza no entorno o caçador viraria a presa.

Tanjiro percebe o que tem que fazer e logo define um tipo de atitude mais verossímil que só escapar de tudo e sair sem ter um arranhão. O menino tem olfato apurado, não um deus ex machina.

O verdadeiro treinamento está apenas começando!

Enfim, Tanjiro supera esses primeiros obstáculos e esse é apenas o fim do início de sua dura jornada. É verdade, é um início com direito a momentos mais descontraídos, mas sem abrir mão da seriedade com a qual a obra lida com seu tema.

Kimetsu no Yaiba é um anime sério, e com uma trama madura, mas nada o proíbe de mostrar um protagonista que proporciona alivio cômico em momentos tensos devido às suas reações ou um trecho mais descontraído depois do belíssimo encerramento, também cantado pela intérprete LISA.

Uma coisa não atrapalha a outra e é compreendendo isso que o retrato da história de Tanjiro e Nezuko se mantém encantador. É impossível não torcer para que o garoto dê à irmã a felicidade que queria dar a sua família, uma felicidade que também é sua.

Até a próxima vez!

A Nezuko emburrada sou eu tendo que esperar mais alguns dias pelo próximo episódio…

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