É engraçado como esse anime tenta se reinventar e crescer, trazendo coisas que acrescentam à sua história para além da mera comédia espacial e sinceramente, acho que eles conseguem fazer um trabalho bem bacana.

O episódio três nos revela curiosidades, traz algumas pistas sobre detalhes desse universo onde Robi e Hachi estão e ainda indica algumas outras que podem potencializar de forma positiva o que virá pela frente.

Desde que o anime começou o aparecimento do Hizakuriger me deixou encucado, porque imaginei ele como uma referência aos diversos mechas que vemos por aí, mas ao mesmo tempo não parecia ser algo óbvio e eu via que em cada episódio a direção fazia questão de chamar atenção para detalhes que induziam isso.

Nesse terceiro não foi diferente, logo com a primeira cena contando um pouco sobre o que é o Hizakuriger de RobiHachi e ficando instigado, dei uma pesquisada e acabei encontrando algo legal. Existe uma série antiquíssima de novels chamada Tokaidochu Hizakurige, escrita por Jippensha Ikku – as referências já começam aqui para quem lembra do nome do nosso robozinho inteligente.

A história em si trata da jornada de dois aventureiros chamados Yajirobe e Kitahachi – juntem as metades finais e olha aí os nomes de novo -, que viajaram de Edo a Kyoto, vivendo várias situações inusitadas, cômicas e que relatam particularidades que se relacionam ao turismo das cidades por onde passam, informações essas que serviram como guia para os visitantes.

Não sei se de fato existe essa ligação entre as duas obras, mas sinceramente são muitas referências pra se ignorar. Se inclusive considerarmos o pano de fundo em que eles lidam com essa questão do lado turístico nos planetas, tudo faz mais sentido ainda, mas vamos adiante.

Avançando um pouco através do salto temporal, eles acabam indo parar em Plutão por conta de um defeito na nave no meio do processo e é aqui que catamos mais algumas coisas bem interessantes sobre o anime e seu enredo.

Plutão é um planetóide (planeta menor ou anão) e diferente de Marte – onde os protagonistas estiveram – que era um deserto de areia, o local é um mar de gelo e achei curioso ver como esses planetas tão diferentes e distantes se relacionam pela mesma problemática, com o adendo de que os gelados almejavam evoluir para planeta e alçar melhorias no seu calendário não sei para quê.

Para quem lembra, a sociedade marciana estava sob o estigma de serem vistos como polvos graças ao “apoio” terráqueo, reproduzindo em seus costumes tudo que se ligava a essa espécie, sendo que a realidade era bem diferente.

O que aconteceu é que a interferência causada por Robi e Hachi, acabou mudando a ideologia da secretaria de turismo do planeta que preferiu investir nas belezas naturais e peculiaridades exclusivas daquele ambiente, e já pondo isso em prática, criando assim uma nova visão e modo de vida para aquela população e seus visitantes.

O planeta menor vive de forma similar, apelando para internalizar uma visão que não pertence a seu povo, mais uma vez captando o que vem da Terra. Na conversa entre Robi e o líder do lugar, consegui captar um elemento que até então não tinha chamado minha atenção, sendo esse a “terraformação” pela qual vários planetas desse sistema solar estavam passando.

Os terráqueos têm uma espécie de conselho publicitário que sai por aí coordenando e manipulando a visibilidade cultural externa, se baseando em referências do nosso planeta para tal. Com isso comecei a pensar até que ponto os terráqueos estão expandindo sua influência e qual o interesse deles nesse controle universal? Os outros planetas são de fato tão poucos autossuficientes a ponto de permitir essa interferência? – São pontos ainda obscuros, mas que vejo potencial para se explorar, até mesmo linkando com essa misteriosa e imponente Isekandar.

Gosto da fala de Robi, já que mais uma vez ele questiona a razão de o povo delegar a terceiros tarefas as quais eles estão habilitados a fazer, enquanto conhecedores legítimos do que o planeta tem a oferecer.

Entendo esse diálogo como um reforço à crítica social que penso existir nessa série, especialmente no que tange à promoção/manipulação midiática e os seus reflexos na sociedade. Marte já avançou, tomou as rédeas de seu sistema e Yang, em uma de suas perseguições, já comprovou o resultado do efeito RobiHachi em primeira mão, vamos ver no restante.

Quando os plutões estavam trabalhando no plano de marketing da dupla, apareceram os dois membros da agência de publicidade e achei cômico a forma como Robi os desmascara e desafia, com eles entrando na batalha apenas para não perder o investimento e o prestígio.

Logo de cara eu já não levei eles a sério pelo visual charlatão e os nomes bizarros, que faziam referência a Mori Yuki e Kodai Susumu – protagonistas da série Uchuu Senkan Yamato, também espacial.

A luta em si foi criativa e uma onda, ainda digo que foi o ápice do episódio com os ataques que não surtiam efeito e a construção vagabunda dos dois mechas, sendo que o da agência ainda era pior porque tinha complexidade interna, mas era mal executado.

Enfim, a liderança de Plutão agora já sabe que caminho seguir, nossos heróis seguiram rumo a um novo sistema solar, mas sob a cuidadosa supervisão de um grupo que não é o de Yang. Deu para sacar que eles estão vigiando Hachi e existe uma forte preocupação que ele vá longe, o que me deixa curioso para saber quem são e qual a utilidade do garoto para eles.

Teriam eles ligação com as lideranças da Terra que tanto influenciam nos planetas externos, ou são algum grupo com objetivos ainda maiores? Só acompanhando para saber e eu estarei aqui firme e forte, vendo essa divertida história ir adiante.

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