Esse episódio trouxe de volta um pouco da pegada mais densa e pesada que esse anime tenta passar, acho também que foi interessante a história trabalhada, já que através dela pudemos ver um pouco do outro lado da vida em Magmel, onde nem tudo pende para o terrível ou maravilhoso.

O bem e o mal são forças que se antagonizam desde que o mundo é mundo, contudo sua definição é muito relativa se considerarmos as particularidades de cada indíviduo em seu julgamento do que é mau ou bom em cada situação. Nem tudo o que é bom para a pessoa A é bom para a B, existem algumas concepções nossas que fazem parte de um senso comum e daí isso ser aplicado na sociedade em geral, mas é necessário entender que cada caso é um caso.

O que chama atenção aqui é exatamente a forma como o anime passa essa mensagem através da vida de Verena. Ela é uma mulher que é vista como uma santa, se comporta como tal e cativa quem se aproxima ou fica ciente de seus atos de bondade para com as crianças necessitadas.

De início fiquei intrigado com a posição ofensiva de Inyou em relação a ela, porque me perguntava como a trabalhariam enquanto uma potencial vilã do episódio, ou qual seria esse defeito oculto dela de ciência exclusiva dele, uma vez que a mesma mostrou uma compaixão genuína com os órfãos, só que ao mesmo tempo parecia esperta demais – como Zero bem pôde observar.

O episódio também usou a “santa” e seus mistérios para abrir uma brecha que explorou melhor a personalidade da Zero e o passado dela e de Inyou. Em poucos segundos vimos um flashback rápido onde a menina parece uma sobrevivente e prisioneira de alguém – não de forma igual, mas me lembrou de imediato a Raphtalia em Tate no Yuusha.

Imagino que pelas habilidades extraordinárias que possui, ela passou alguma dificuldade como cobaia ou algo do tipo, espero que o anime consiga um tempo pra explicar melhor o background dela e seu encontro com o protagonista – além do porquê de ambos terem os mesmos poderes estranhos sem ter nenhuma conexão aparente. Inyou por sua vez se recorda do tempo com Shuin, os ensinamentos dele e como conheceu a “Bloody Mary” Verena.

Quando as pessoas invadiram o escritório, eu consegui simpatizar com as observações que ele faz, primeiro porque ele estava agindo conforme a sua convicção do que era certo e todos queriam simplesmente imbuir sua vontade nele e exigir coisas.

O fato de ele ter ferramentas para ajudar a exploradora não o obriga a agir em prol dela, e foi bom isso ser colocado porque é algo que está entranhado na sociedade, a necessidade de ver as coisas do seu modo e cobrar dos outros ações que você quer ver tomadas, sem mover um músculo para tentar – por isso gosto da postura prática dele em recusar e questionar os folgados, mesmo Zero discordando.

Diferente de Inyou que é mais realista e vivido, Zero é inocente e boa, o apesar de preocupante é de certo modo bom, porque ajuda a equilibrar o time. Ambos são humanos nos dois sentidos da palavra, mas o protagonista tem marcas e experiências que o fazem ser mais analítico do que deve, evitando várias situações – ainda que até agora ele tenha acertado em cheio com todos os clientes e alvos.

Voltando a Verena, devo dizer que particularmente a achei uma personagem muito interessante justamente pelas reflexões que levanta e pela certeza que ela tem em seus atos. Ela age pelo bem estar das crianças, porém para isso se comporta de uma forma covarde, vil e traiçoeira. Isso a torna um monstro? Eu acho que depende do ponto de vista, mas de modo geral não completamente.

A “santa” usava pessoas para se defender e fazer o serviço pesado em seu lugar, sendo uma responsável direta pelas suas mortes, ainda se aproveitava de animais inconscientes ou sem condições de reagir, para extrair seus órgãos e ganhar dinheiro. Apesar de criticável, a consequência e o objetivo disso são louváveis, porque comparada aos outros indivíduos que pisaram em Magmel, ela não age por egoísmo e ganância pessoal – e como ela mesma explicou, eles se sacrificavam por livre e espontânea vontade na devoção cega que tinham.

E então se pararmos para analisar a resposta de Inyou e Zero ao problema dela, pensamos: ela poderia talvez ter sido salva de algum modo, mas eles não o fizeram e ela pagou com a vida, isso os torna cruéis também? Acho que não, assim como na situação da mulher – existem variáveis que justificam ambos os lados, tudo é questão de interpretação pessoal.

É dessa reflexão que Shuin no passado explica a seu companheiro que na humanidade não existe nada absoluto, bom ou mal, assim como não cabe a ninguém julgar, mas responder ao próximo conforme a necessidade da situação – com Zero também aprendendo essa lição através de Verena.

No próximo episódio vai aparecer o último dos personagens que está na abertura e me parece que com ele virão mais alguns esclarecimentos sobre as zonas de Magmel, vamos ver no que vai dar. Obrigado a todos os que leram e até o próximo artigo!

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