Samurai 8: Hachimaru Den é o novo mangá do mestre Masashi Kishimoto, o autor por trás de Naruto que entregou a Akira Ookubo o traço de sua nova série e, diferente do grande sucesso mundial que o consagrou, essa não é a vez dos ninjas, mas dos samurais! O que esperar de bom – e de ruim – de um autor de mangás shonen consagrado? Se está pensando em ler Samurai 8 indico que leia meu artigo!

Você não precisa ter lido, nem visto, Naruto religiosamente para saber qual é o plot central da obra e uma sorte de outras coisas, pois a história do ninja de cabelo loiro é conhecida internacionalmente, e é ainda mais debatida e replicada no meio otaku.

Então não é surpresa que, anos após o final da obra que tornou Kishimoto um fenômeno, Samurai 8, sua nova empreitada, seja cercado por expectativas, sejam elas de fãs do seu trabalho ou de novos leitores, como eu, que se interessam por ele.

Eu nem li Boruto ainda, estou apenas assistindo o anime, mas não consegui deixar de lado Samurai 8 muito por causa da sinopse ter me interessado, mas, claro, por ter uma noção do que esperar dele. Contudo, se deixar de lado minha expectativa, ainda assim, o primeiro capítulo deixou uma impressão meia boca!

E por quê? Antes de mais nada, preciso fazer uma observação sobre o visual da obra. Quando foca no protagonista, Hachimaru, os designs e os cenários são mais simples, mas, quando aparecem samurais e os cenários em geral que a coisa complica.

Desejo me tornar um samurai é o “Desejo me tornar Hokage” dessa geração?

São cenários muito detalhados. Isso confunde a visão do leitor, de um leitor de battle shonen que está acostumado a um traço menos detalhado e que ele leia com maior dinamismo, mais velocidade. Não achei o traço exatamente feio, mas a poluição visual em algumas páginas mais trabalhou contra o mangá que a favor dele.

Espero que melhore nesse quesito, mas duvido já que o primeiro capítulo já saiu desse jeito.

Quanto a história, ela tem umas qualidades, mas, principalmente, defeitos. Vamos focar primeiro no protagonista. Você não se sente incomodado pelo fato de todos os problemas de saúde dele terem sido resolvidos em um passe de mágica?

Eu sei que sair da estaca zero logo no primeiro capítulo não significa necessariamente que ele é ruim; leia o primeiro capítulo de Boku no Hero, se ainda não tiver lido, e talvez concorde comigo; mas precisa ser feito de uma maneira menos conveniente, mostrando que mudanças vêm com consequências, o que não pôde ser visto de imediato em Boku no Hero, é verdade, mas lá a “mudança” não é explorada no primeiro capítulo.

Em Samurai 8 o desenrolar dá a entender que o novo “corpo” do protagonista está livre de todas as mazelas que antes o acometiam e a partir daí ele poderá trilhar sua jornada a fim de encontrar a Caixa de Pandora e assim salvar todo o universo da extinção. Grandioso, né? O esperado, mas isso não justifica a conveniência da situação. Enfim, e as lutas? E o drama? E o desenvolvimento?

Isso foi uma referência?

Das duas lutas do capitulo, uma foi prejudicada pela poluição visual que citei mais acima e a outra foi muito rápida, passando longe de empolgar. Isso foi uma pena. Tem potencial para mais? Mesmo que não seja o Kishimoto desenhando acredito que ele deva guiar bem Ookubo, então eu não duvido que o mangá melhore nesse sentido.

O drama me convenceu? Um pouquinho. Ao menos o pai não morre logo no primeiro capítulo. Acho que ficaria um dramalhão desse jeito e o que rola no fim não passa a sensação de que o mangá vai tentar forçar as lágrimas no leitor, que não apelará tanto para isso, e se fosse fazê-lo mesmo já perdeu uma baita oportunidade ao dar o upgrade em Hachimaru, tornando-o o samurai que ele queria ser.

E isso nem aconteceu de maneira exatamente ruim, pois teve o mínimo de desenvolvimento, mas por ter ocorrido tão rápido desperdiçou a chance de desenvolver o menino em meio as adversidades que ele teria para realizar seu sonho.

A cena dele cometendo seppuku para salvar o pai até que foi bonitinha, mas achei “estranho” usar o elemento do suicídio logo no primeiro capítulo, o que na verdade acaba passando batido pelo que ocorre com o garoto, como explicam isso relacionando aos samurais.

Os testes de coragem de hoje em dia estão cada vez mais perigosos…

Aliás, aquele que vai ser o mestre do garoto me pareceu um personagem interessante e com um tom peculiar, mas o cachorro encontrá-lo e trazê-lo do nada foi mais uma das conveniências desse início.

Uma que não incomoda muito, mas preocupa, pois, a forma como o autor dispõe os elementos em sua obra, justificando o motivo para eles estarem ali ou não, diz muito sobre o empenho que ele depositará para que os elementos se encaixem, e ressoem, façam sentido juntos.

Isso me preocupa. Eu confesso que não vi nada demais no roteiro desse capítulo e não teve nada que me deixasse empolgado para ler o próximo. É bonita a relação de pai e filho – assim como é poético o que o mestre de Hachimaru fala sobre os samurais –, mas, a sinopse deixa claro que a história não vai se desenrolar em um lugar só e com o advento da jornada duvido que o pai vá com eles.

Hachimaru é alguém que nunca saiu de onde morava e não conhece o mundo, então o menino deve encontrar uns companheiros para seguirem ao seu lado. Daí as relações do grupo devem aprofundar o protagonista e esses personagens. Espero que eles apareçam, porque com a dinâmica se concentrando em apenas três personagens, dois de fato, logo deve se desgastar. Não à toa Naruto é cheio de personagens, né!

A relação de pai e filho foi legal vai!

Por fim, acho que o mangá tem potencial, e gostei do garoto ter virado um samurai, mas também um ciborgue. Porém, seus problemas, que são mais de forma, também atrapalharam no conteúdo que se mostrou ainda bem pouco, bem raso, para um mangá tão aguardado no mundo todo.

Não criticarei o fato do garoto ter medo de lâminas e lutar com uma espada no final, pois ele poderia estar sob efeito da adrenalina no momento em que rola tudo, mas, esse foi mais um detalhe peculiar que até poderia chamar de falha se estivesse sendo mais estrito.

Mesmo com toda a minha boa vontade, o capítulo é, para não dizer ruim, medíocre. A obra pode melhorar se fizerem ajustes, mas ela não me convenceu!

Um sci-fi, que mais parece pura fantasia, sobre samurais, que também são ciborgues, e uma jornada, com um motivo ainda a ser devidamente definido, tem tudo para dar certo, né? Apesar de seu início pouco promissor acredito no potencial de recuperação do Kishimoto, darei uma chance a jornada de Hachimaru e espero não me arrepender.

E você? Indico que leia por sua conta e risco, né. Você pode ver menos problemas que eu, ou ver novos, só peço que dê uma chance a Samurai 8 se ele o divertir.

A página mais bonita do início da jornada do oitavo samurai!

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