Vinland Saga – ep 6 – O menino morreu
Bom dia!
Thorfinn cresceu.
Os anos se passaram. Agora Thorfinn tem um cabelo grande e desgrenhado, com a fisionomia endurecida, cicatrizes pelo corpo e sua voz está ficando mais grossa (para o que o personagem teve o dublador trocado).
Ele ainda vai mudar mais.
Como leitor do mangá (parei faz tempo, mas li provavelmente mais do que o anime irá adaptar), devo dizer que achei muito melhor o começo da história no anime do que foi no mangá.
O mangá começa com uma batalha aleatória e inconsequente com o Thorfinn já crescido que no anime somos apresentados apenas nesse episódio, daí ele conta a história do Thors como um flashback, e volta de supetão para o presente.
A única crítica possível à escolha criativa da produção do anime é que pode ter passado a alguns a impressão inicial errada de que o protagonista fosse o Thors. Mas mesmo a quem esse tenha sido o caso, creio que o desfecho do personagem foi muito bem resolvido.
Vinland Saga, o anime, faz com Thors e Thorfinn semelhante ao que faz Gurren Lagann com Kamina e Simon.
Acompanhar o crescimento e a mudança do Thorfinn foi impagável. No mangá isso tudo fica meio nublado, escondido dentro de um flashback que é bom, mas se vai e se volta dele muito rápido para que se note a sutileza.
E o anime acrescentou mais história também, claro. Alguns olhariam para isso e diriam “filler!”, e eu olharia para alguns e diria “vai procurar o que fazer da vida”.
As adições do anime foram fundamentais. Thorfinn é mais do que um adolescente rabugento querendo vingar o pai, e vê-lo assustado em suas primeiras batalhas, treinando e aprendendo na prática as formas mais eficientes de matar pessoas revela isso.
Ele é só um menino assustado que faz a única coisa que pode fazer e tem vontade de ferro para isso. A motivação, claro, continua sendo a vingança, e nem poderia ser diferente. Mas não é qualquer um que sobreviveria em seu lugar.
O bando do Askeladd aprende a usá-lo de forma eficiente, como um batedor. As vantagens são várias: ele é só uma criança, então atrai menos atenção, ele é ágil, ele é bom no que faz, e ele é descartável.
Thorfinn está ciente disso tudo. Ele nunca se torna parte integral do bando, ele cresce mas continua sendo aquele moleque arredio que fica sozinho no canto e não conversa com ninguém.
Com a habilidade que adquire, talvez sua vida fosse mais fácil se ele aceitasse ser parte do bando pirata de corpo e alma, mas ele não pode fazer isso porque ainda tem um coração imaculado apesar de todas as atrocidades das quais passa a ser cúmplice.
Thorfinn não se isola apenas para não se misturar aos assassinos de seu pai, mas para se esconder de si mesmo, agora um assassino tão vil quanto eles. Não se esqueça que para Thorfinn a honra de seu pai era tão importante que ele sequer conseguiu atacar Askeladd enquanto ele dormia (ou assim lhe parecia).
Em respeito ao sangue que corre em suas veias, ele teve que desafiar Askeladd para um combate justo, senão estaria sujando o nome do pai. Agora, no entanto, está se banhando no mesmo sangue que eles.
Ainda resta consciência à Thorfinn, e é por essa razão que ele alerta desesperado sobre o ataque iminente de Askeladd à família que o acolheu e o tratou, e que depois o protegeu de soldados inimigos.
Mas precisamente por causa daquela mulher que o acolheu como se fosse seu filho, que cuidou dele, que arriscou a vida por ele, e que no final foi traída por ele, algo mudou em Thorfinn naquela noite.
O caminho que ele escolheu é o da vingança, é o caminho da violência, e ele pode se esconder de si mesmo, pode tentar se enganar, mas o que ele faz é matar e trair pessoas.
A tristeza nos olhos daquela mulher matou Thorfinn.
O menino Thorfinn, aquele que acreditava em honra acima de tudo. No corpo em que ele vivia, outro Thorfinn nasceu.
Um Thorfinn que sabe que é um assassino e que vive e faz parte de um mundo sem honra, obedecendo apenas a regras de arbitrárias para continuar vivo e para avançar seus próprios objetivos mesquinhos.
Quanto tempo esse Thorfinn irá viver?