Made in Abyss – ep 2 – Vertical
Seguir em frente sem olhar para trás superando todos os obstáculos até alcançar um objetivo que está além do horizonte faz parte de qualquer jornada, quer seja aventureira, espiritual ou até mesmo pessoal. Todavia, para um explorador de cavernas, nesse anime, a situação é um pouquinho diferente devido a não ter horizonte, pois o seu mundo é vertical. Seguir em frente para um aventureiro significa descer, mas nesse tipo de aventura voltar atrás (retornar à superfície) é fundamental para sua sobrevivência.
Analisando o mundo onde se passa a história de forma geral, a aventura de um explorador consiste em subir e descer o abismo em busca de relíquias, o que implica dizer que o perigo faz parte da vida do aventureiro (em maior ou menor grau dependendo de qual classe o explorador pertence). Para um explorador de cavernas os desafios impostos não são resolvidos de uma vez por todas, pois enquanto ele explorar o lugar chamado “Abyss”, sempre ele irá se deparar com os mesmos riscos, ou com riscos maiores dependendo do quão fundo ele for. Num sentindo metafórico, subir e descer é uma batalha constante entre a morte e a sobrevivência.
Se repararmos em detalhes, como a divisão de classes entre os exploradores (ou até mesmo a sala de aula do orfanato), podemos ver sinais de “verticalização”. No caso da divisão que se dá pela cor do apito, existe uma hierarquia onde as classes mais altas são reverenciadas e respeitadas pelas classes inferiores. Vale lembrar que todas as classes têm sua importância e que há uma mobilidade ascendente, ou seja, um explorador de classe mais baixa pode chegar a mais alta.
Entre subir e descer existem diversas coisas importantes como relíquias, glória, riquezas, conhecimento e, principalmente, a sobrevivência. De forma irônica, o apogeu para um explorador é quando ele desce o mais profundo possível, pois quanto mais fundo, maior é a chance de encontrar relíquias únicas que lhe darão glória e fortuna.
Se existe um símbolo de quem chegou ao topo explorando as profundidades do abismo, essa pessoa é a Lyza, a Aniquiladora (nada mais nada menos que a mãe da Riko). Seu nome se tornou uma lenda, sendo conhecida por todos, desde os velhos até as crianças. Se não bastasse suas proezas, ela é uma pessoa digna e de caráter ilibado, pois ela escolheu sua filha ao invés de uma relíquia valiosíssima, se bem que ela conseguiu a tal relíquia depois, a tornando mais fantástica ainda.
As idas e vindas ao abismo de forma constante é só uma forma de aprendizado para a nossa simpática protagonista, pois aos poucos a tendência é só descer cada vez mais fundo, ou seja, os dias aparentemente pacíficos de Riko devem chegar ao fim, pois o abismo e a aventura a chamam. Em algum lugar muito profundo do “Abyss” existe algo muito precioso à sua espera.
Alguns pontos do conceito da Jornada do Herói ou Monomito de Joseph Campbell, estão inclusos nesse começo de história, como o “mundo comum”, que é basicamente o mundo normal do herói antes da história começar, e o “Chamado para a aventura”, que é algo que está relacionado ao problema que é apresentado ao herói. Essa fase marca o início da jornada e indica que o personagem agora tem um objetivo a ser alcançado deixando a sua vida comum para trás. Existem ainda muitas etapas desse famoso conceito narrativo, como, por exemplo, a inserção de um mentor. Não sei se Riko encontrará um, mas pode-se dizer que ela nunca estará sozinha na sua aventura pelo “Abyss”.
O último estágio do ciclo da Jornada do Herói é o retorno, onde o herói chega ao seu local de origem amadurecido e tendo alcançado seus objetivos. No caso dessa história, o retorno (no sentido literal) é um elemento fundamental e até mais importante do que a própria descida ao abismo. Afinal, para um explorador, descer é mais fácil que subir. Pode-se fazer uma comparação entre um mergulho nas profundezas do oceano com a exploração do “Abyss”, pois quanto mais profundo, a pressão e os gases nocivos ao corpo humano irão afetar o explorador. A chamada “Maldição do Abismo” não é algo místico como o nome pode sugerir, e sim é um fenômeno natural que é comparável a chamada “Doença da Descompressão” que afeta os mergulhadores. Vale ressaltar que a Riko tem problemas oculares devido a sua subida quando mais nova.
Ao que tudo indica o menino robô é um presente da lendária Lyza, a Aniquiladora, para a sua filha, cuja sua principal função é dar suporte e proteção para a garotinha.
Antes de encerrar este artigo, eu queria destacar uma última coisa que é a maneira como foram explicados as classes de aventureiros e a lenda da Lyza, que foi na forma de teatrinho para as crianças, o que deu um tom de naturalidade para a explicação.
Muito obrigado a todos que leram este artigo, e até a próxima!
Kondou-san
O que dizer do segundo episódio de Made in Abyss, estou encantado com este anime de modo geral. Ainda bem que o meu hype está a ser correspondido com valor, a cada episódio de Made In Abyss. Adorei este segundo episódio, gostei bastante da forma como o anime explicou a hierarquia sem ser de forma chata.
Aquilo que mais me fascina em Made In Abyss, é a forma como ele expõe a história daquele abismo de forma tão simples, mas altamente eficaz. Em momento algum, eu fiquei com a sensação que as explicações são chatas, a parte do teatro de marionetas, para mim foi excelente, pois ele explicou de forma simplista os grandes feito da Lyza a Aniquiladora e a importância dos apitos brancos, naquele mundo.
Deixando de lado o meu super entusiasmo, com este anime em geral, vou passar a comentar os acontecimentos deste segundo episódio de Made In Abyss.
O episódio começa, num tom bem alegre, com a Riko e os amigos a explorar o Compêndio das Relíquias do Abismo, até aqui tudo bem, até, que a Riko começa a especificar as experiências que fez no Reg, enquanto este estava apagado. Já se sabe que a Riko é muito curiosa e impulsiva, mas nunca achei que ela fosse explorar o corpo todo do pobre Reg, ao ponto da Riko quebrar uma régua no rabo do Reg. A inocência deste anime, deixa-me espantado. Por falar em inocência, cada vez mais gosto menos da directora do orfanato, aquilo que ela fez à rico no inicio deste episódio não se faz a ninguém, desde quando é normal prender uma criança em corrente e ainda por cima nua, ela é pior que uma bruxa (se bem que pela aparência bem parece uma).
Achei em engenhoso o plano que a Riko e companhia engendram, para o Reg ser aceito no orfanato. Geralmente os adultos pensam que as crianças, não são capazes de planear planos mais complexos, mas o Nat, a Riko e o Sygi provaram o contrário. Mas o Reg também teve mérito, já que conseguiu enganar o temível e respeitado líder das crianças daquele orfanato. Por falar em Reg, eu gosto bastante deste personagem, mesmo não sendo humano, ele se comporta e tem sentimentos como um humano. Ele e a Riko fazem um par bem equilibrado, sendo o Reg a voz da razão da Riko.
Eu pensava que a Riko não tinha família, mas afinal ela tem uma tia, as cenas da Riko na casa da tia dela, foram as mais agradáveis neste episódio. A a alegria da Riko é contagiante.
Outra das coisas que mais me chamou à atenção, foi o facto de existir um patamar dos apitos vermelhos, quando o Reg e o irmão do Sygi aparecem com um sino no pescoço. Aquele mundo nem perdoa as crianças quase bebés de trabalhar.
Até aqui estava tudo calmo e alegre no episódio, até que, o grupo do tio da Riko sobe à superfície vindos das entranhas do abismo. Por momentos a reacção dos populares que estavam a ver a subida do elevador, parecia tensa, mas quando os exploradores veteranos saíram do elevador a alegria e euforia foi geral. E então quando um dos populares disse que reconhecia, aquele apito branco que o Habo trazia consigo e disse que ele pertencia à lendária apito branco, Lyza a Aniquiladora, a alegria das pessoas ainda foi maior. Mas para a Riko, foi um momento mais tenso, já que a Lyza era a sua mãe e já fazia um bom tempo que a Riko não tinha noticias dela.
A forma como as pessoas reagem ao nome da Lyza, é uma prova, que ela deve ter sido de grande valor, para aquela cidade, ao ponto das pessoas fazerem um festival e comemorações em honra dela. Tal coisa, só desperta ainda mais a curiosidade de quem vê o anime, sobre tal personagem lendário.
A parte do teatro para crianças, para mim foi nota 10, como uma coisa tão simples, pode ser tão boa. A explicação das classes de exploradores, por placas com desenhos dos vários tipos de apitos, para mim foi nota 10.
Passando à parte mais séria do episódio, gostei bastante da conversa entre o líder Gilo e a Riko. O Gilo, de inicio pareceu-me ser um personagem frio, mas na verdade ele preocupa-se muito com as crianças. Com esta conversa, ficámos a saber um pouco mais sobre a mãe da Riko e como a Riko ficou com problemas de visão. Só tive pena o líder, não ter falado mais sobre o pai da Riko, se a mãe era alguém de enorme respeito, o pai dela devia ser a mesma coisa. A maldição do abismo, parece ser algo sobrenatural, que provoca problemas de saúde de quem o explora mas na verdade é um fenómeno natural, como bem referiste a Doença dos mergulhadores. A Riko ficou com problemas de visão, porque a presença de gases nocivos para o ser humano e a falta de oxigénio devia ser bem evidente naquele trajecto do abismo.
O esforço sobre humano, que a mãe da Riko fez, para trazer a sua filha para a superfície, foi algo que me deixou fã da personagem. A mãe da RIko podia bem ter trocado a vida da sua filha por uma relíquia super rara, mas não, ela preferiu deixar as riquezas para traz e salvar a sua filha, o que mostra o quanto digna de respeito a Lyza é.
A parte final do episódio, é foi a típica parte que nos prende a atenção e que faz, com quem vê o anime, desejasse que o anime já tivesse saído todo. Agora que a Riko conseguiu ver a mensagem da sua mãe, só quero ver o que ela vai fazer.
Antes de terminar o meu comentário, gostei da forma como explicaste o conceito da Jornada do Herói, foi a parte que mais li e reli neste artigo.
Como sempre, mais um excelente artigo de Made in Abyss Flávio.