Fruits Basket (2019) – ep 10 – Falso e escorregadio
Shigure, como eu o descrevi alguns episódios atrás, tem “olhos de cigano oblíquo e dissimulado”, e neste episódio mostrou como ele realmente é. Apenas Hatori sabe de sua verdadeira essência, porém só faz questão de dizer ao cão o que poderá vir das atitudes cruéis dele.
Não é à toa que Shigure está sempre sorrindo. Aquele que sabe esconder o jeito de ser age sempre com destreza, e o sorriso faz com que tudo o que tem dentro dele venha para fora como uma pontada no coração, de tão doloroso que chega a ser.
Shigure é uma criatura vil e completamente ciente do que suas atitudes podem vir a causar, porém já não consegue se desvencilhar dos seus sentimentos cruéis. Acredito que ele tenha um ponto fraco com pessoas de bom coração, assim como a Tohru, e por isso que tenta usá-la da melhor forma que consegue.
No caso, ele é o mediador entre os integrantes da família Souma que não vive na casa principal e Akito, que está sempre doente. Por conta da saúde debilitada do mancebo, Shigure se vê na obrigação de cuidar de uma forma que o faça parecer apaziguador de tudo o que aconteceu desde que a Tohru chegou em suas vidas.
Além disso, Shigure também se vê na obrigação de afastar Yuki e Kyou de Akito, e tudo está seguindo conforme a sua música. Claro que Tohru é quem os está aproximando, porém o papel do cão é ainda mais complexo que se imagina. Ele gosta de tratar as pessoas que considera inocentes e fracas de uma maneira completamente enganosa.
Shigure é totalmente escorregadio em situações que exijam a sua presença, que é o caso de quando a sua editora apareceu desesperada na porta da casa dele, porém é bem malvado quando quer ser, e foi com o cutucão que deu no Kyou que se percebe que o cão pode ser tão traiçoeiro quanto qualquer um dos doze signos.
No entanto, tirando essas cenas em que Shigure se lembra do quão vil são esses sentimentos que moram dentro dele e que não quer se livrar deles para conseguir tudo o que deseja, acabou tendo um encontro duplo entre Tohru, Yuki, Kyou e Kagura.
O fato de ter mostrado mais sobre como o cão pensa da sua vida do que o encontro duplo foi mais importante que se imagina, porque aí se pode perceber o verdadeiro caráter de alguém que, na verdade, não está nem aí para os outros. Shigure é a pessoa mais importante para si mesmo, e não se importa de dizer isso.
Ao final, o homem que tenho tanto falado acabou cuidando de Akito no lugar de Hatori. Isso era para mostrar que, mesmo longe do “deus dos doze signos”, ele ainda sente a necessidade de mostrar que não está tão distante assim, que ainda depende daquele ser tão indefeso, tão presente e tão desprotegido.
Shigure também mostra que Akito depende dele ainda mais que qualquer pessoa, e o objetivo é manter para si pessoas que pareçam depender dele, mas na verdade ele que as manipula para pensar que seja alguém bondoso.
Infelizmente, ele é um dos personagens que menos gosto em Fruits Basket por conta de sua falsidade e o que o levou a ser assim, principalmente por ser mediador entre as duas casas e Akito, porém em toda história de aceitação sempre precisa ter alguém para sair da caixinha dessa forma.
Muito obrigada por ler este artigo até o final, nos vemos no próximo! o/
Ana Pereira
O
Ana Pereira
O que eu acho mais irônico é que o cão, no caso o Shigure, símbolo de amizade, bondade e honestidade no horóscopo chinês; possa ser uma pessoa tão dissimulada, falsa e manipuladora, não medindo os meios para conseguir o que quer. Entretanto, por alguma razão , nunca consegui sentir raiva do Shigure até mesmo quando li o mangá. Eu só consigo pensar que logicamente ele não presta, mas não existe o sentimento de desgostar na verdade . Vai saber ¯\_(ツ)_/¯