Kakuriyo No Yadomeshi entregou um episódio bom, com muitas informações dos Ayakashis e explicações do passado de alguns personagens. Foi na verdade, um grande episódio para introduzir personagens e inseri-los de maneira mais relevante. Contudo, trouxe também pontos discutíveis sobre a personalidade de Aoi.

William Shakespeare diz: “Até mesmo a bondade, se em demasia, morre do próprio excesso”. Com suas sábias palavras, esse dramaturgo e poeta inglês conseguiu passar o sentimento que eu senti ao assistir a primeira parte do episódio de Kakuriyo, é possível que esse sentimento tenha surgido de maneiras distintas para outras pessoas.Mais adiante, falarei de uma forma diferente de se processar a informação com relação à Aoi.

Prosseguindo com essa primeira visão, você cuidaria de alguém que quis lhe matar? E que diz que não queria lhe ver ali, pois está atrapalhando a vida dela? Pois é, esse foi o resumo do que aconteceu. Aoi cuidou da jovem anfitriã, a qual tentou matá-la no episódio anterior e, para piorar, a dona dos Gelos passou a mandar Aoi fazer as comidas que ela queria, como se mandasse nela e nossa protagonista a obedecia como um cachorrinho treinado. A interpretação, apesar de variável, é nítida aqui: Aoi tem uma bondade que extrapola o bom senso, desde primeiro episódio ela mostra ter um coração gigante. Nesse episódio, ela mostrou novamente essa característica acompanhada de uma boa dose de falta de bom senso. Talvez Joseph Joubert tivesse razão quando disse: “Bondade é amar as pessoas mais do que elas merecem”.

A jovem anfitriã adoece fácil, muito por conta de se aproximar do calor.

Vamos ao outro campo de visão, uma outra forma de interpretação. Para não ser tendencioso para nenhum dos lados, trouxe a frase de um autor, para com suas palavras elucidar o contexto desse novo olhar. Georges Duhamel diz:“Quando nos parece que a bondade deserta do mundo, julguemos antes que desapareceu do nosso coração.” Basicamente,esse escritor francês diz que quando alguém não enxerga a bondade quer dizer que ela,antes de tudo, já deve ter sumido desse mesmo indivíduo.­É possível tomar essa situação em comparação com nossa protagonista, sendo Aoi uma pessoa extremamente bondosa, que tenta através de sua bondade (ou “estranheza” como ayakashis falam para ela) conquistar os sentimentos de todo mundo. Como se pode ver, a jovem Anfitriã passou a reconhecer e a falar com Aoi depois de ela estar servindo de sua babá.

A jovem anfitriã mesmo se questiona da bondade de Aoi.

Para fechar esse assunto sobre a interpretação da personalidade de Aoi, deixei bem definidos dois campos de visão.Lógico que é difícil, se despir completamente de uma visão para iniciar uma nova e esses são, provavelmente, os dois possíveis modos de enxergar essa cena. Caso você, caro leitor, tenha visto de outra forma ou concorda com uma das visões, pode deixar sua opinião nos comentários.

Como disse no primeiro parágrafo, esse episódio serviu para inserir os personagens secundários no contexto da história. Por conta disso, flashbacks da vida da jovem Anfitriã elucidaram o seu passado, o como e também o porquê de ela gostar e querer tanto ser reconhecida pelo mestre Tenji. Basicamente, o Rei Ogro teria salvado a mulher das neves da terrível situação que ela vivia, levando-a e dando-lhe oportunidade de construir uma vida bem melhor. Isso por si só, talvez seja o suficiente para fazer com que ela queira matar as suas concorrentes à esposa do Rei… Ou não, vou deixar a cargo da interpretação de cada um.

Um ponto de contraste entre duas obras acontece aqui, pois em Gegege no Kitarou youkais, que tem a mesma interpretação de Ayakashi, eles vivem de uma forma bastante diferente, é dito que eles não podem adoecer e coisas do gênero. Já em Kakuriyo a visão é totalmente diferente, existe uma sociedade organizada por eles e para eles, onde ayakashis podem sim adoecer e inclusive há um manual de como tratar suas doenças, que seria o equivalente a uma enciclopédia Medicinal para Youkais. Um tanto curioso notar essa diversidade de visões, de uma obra para outra, de autor para autor.

O livro para cuidar de doenças dos ayakashis.

Outros personagens que foram inseridos na obra são: Suzuran e o gerente Tsuchigomo, seu irmão. Em seu passado ambos tiveram um contato com avó de Aoi, que os teria ajudado a sair de um problema que estavam enfrentando. Por conta disso­­­­­­, Suzuran criou uma afetividade forte por Tsuchigomo, a ponto de querer ir ao reino dos humanos para tentar encontrá-lo…Mal sabe ela que ele está morto. Foi possível ver a forma/aparência real dos dois também, que seria uma espécie de aranha.

O poder da comida de Aoi foi reafirmado nesse episódio. É como se sua comida conseguisse recuperar, ou melhor dizendo,restaurar os poderes espirituais daqueles que estão comendo.Não esquecendo o fato de que todos que provaram sua comida até agora, adoraram e se deliciaram. Realmente nossa protagonista deve seguir a empreitada de ser cozinheira no Reino Oculto.

Apesar de, no final a dona dos gelos ter mudado um pouco sua atitude com Aoi, aquele jeito folgado de agir e de se aproveitar da bondade de nossa protagonista ainda me faz ter um grande desgosto por essa personagem. Talvez em um futuro próximo na obra, ela possa tentar retirar a má impressão que passou no decorrer dos episódios iniciais.

Acho que o autor quer fazer o público se estressar com essa mulher do gelo.

Bom, essa foi a análise do episódio 4 de Kakuriyo No Yadomeshi. É uma obra boa, que vem passando com tranquilidade e detalhamento o que se propôs a passar. Resumidamente, é uma obra com um potencial bem traçado.

Nunca se sabe de onde pode surgir o amor, da pessoa do lado ou de alguém que vimos pela primeira vez, até mesmo esse sentimento pode se atrelar a um ayakashi. Das profundezas do ainda misterioso mundo para os humanos, chamado de reino oculto, pode surgir um dos mais verdadeiros sentimentos…

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