Happy Sugar Life – O abismo nos olha de volta
Adaptação do mangá homônimo de Tomiyaki Kagisora, em seu oitavo volume, serializado pela revista Gangan Joker, Happy Sugar Life traduz de maneira precisa uma das mais conhecidas definições sobre o horror, o de que o gênero “se faz acompanhar de um sentimento de obscura incerteza em relação ao mal que tanto teme”. A eloquente afirmação é de Ann Radcliffe, escritora inglesa, que é uma das pioneiras do romance gótico, que tem como principais obras Os Mistérios do Castelo de Udolfo, de 1794, e Os Italianos, de 1797. Passados 200 anos, a série anime do estreante estúdio Ezόla, com direção de Keizou Kusakawa (Inukami! [2006]) e Nobuyoshi Nagayama (My Girlfriend is Shobitch [2017]) e roteiro de Touko Machida (Lucky Star [2007] e Wake Up, Girls! [2014]), surge para nos relembrar o quanto à dúvida e à ambiguidade podem ser capazes de conduzir um mistério e nos entregar o estrato mais assustador do horror: um cotidiano apavorante devido a traumas, à violência e um senso distorcido da realidade.