Bom dia!

Kotobuki chegou ao fim. O anime teve boas batalhas aéreas durante todo o seu curso, mas não na quantidade e na escala em que elas aconteceram nesses episódios finais.

A Aliança Sem Nome contra a Associação Irmandade da Liberdade de Isao levou a guerra até Ikesuka – e venceu.

 

 

O trabalho de pesquisa da equipe de produção do anime continuou incrível, e foi nesse par de episódios finais que deixaram suas maiores surpresas: o Kyushu J7W Shinden do Isao, e o primeiro avião à jato e americano do anime, o F-86D Sabre.

O próprio Shinden apareceu em sua versão jato no episódio final também, em um upgrade inverossímil de tão rápido, mas não é como se um anime em que um Dodô é o comandante de um dirigível precisasse ser exatamente verossímil o tempo todo.

O Sabre é um avião pós-Segunda Guerra, indicando que Isao teve acesso a um buraco aberto pelo menos uma vez depois do lendário buraco de 70 anos atrás. Pelo que seu mordomo dá a entender, foi um buraco que durou pouco e do qual só saiu esse avião mesmo. A Força Aérea de Auto-Defesa do Japão comprou Sabres também, então não necessariamente o buraco abriu em um lugar diferente na Terra.

Além de apreciar os aviões em particular e os dogfights, principalmente das pilotas do Kotobuki, foi impressionante a escala em que as batalhas ocorreram, principalmente a primeira, no episódio 11. Provavelmente mais de 500 aeronaves estiveram envolvidas, e não faltaram tomadas que tentassem transmitir essa noção de grandiloquência.

 

 

A oposição à Isao tinha vantagem numérica na primeira batalha e supostamente vantagem estratégica também, pelo ataque surpresa, mas uma traição debaixo do nariz do líder de Porokka virou essa vantagem do avesso.

Ele apareceu pouco no anime, mas deixou a forte impressão de homem machão que pensa primeiro com o fígado, depois com o cérebro, a ponto de ter se recusado a recuar, uma tremenda estupidez que levou ao abate de seu dirigível capitânia.

Mas até ele teve uma redenção: ao insistir na batalha, que avançou pela noite, acabou dando tempo para que as esquadrilhas que recuaram, em especial o Kotobuki, se reagrupassem, fizessem reparos em suas naves, reabastecessem e planejassem uma nova estratégia – que se provou vencedora.

 

 

Dos vários momentos que marcaram no episódio 11, o maior deles sem dúvida foi o aparecimento das Indústrias Elite. Como todos os personagens que já haviam aparecido antes no anime acabaram envolvidos nessa imensa batalha, parecia apenas questão de tempo até que eles surgissem. Mas quando? Como?

Na hora mais negra para o Hagoromo, é claro. E tocando sua inconfundível música de apresentação. Que não se entenda errado: a batalha do episódio 11 foi uma derrota retumbante para as forças anti-Isao. Mas o surgimento triunfal das Indústrias Elite, evitando a perda maior, que seria o abate do Hagoromo, deu o alívio que o episódio precisava. Foi brilhante.

As Indústrias Elite puderam experimentar o doce mel da vingança no episódio final, e eu não poderia pedir por um final melhor para eles do que o apresentado.

 

 

No final das contas, o anime não se preocupou em responder quem é que era a mente criminosa por trás dos planos do Isao. Era ele mesmo? Ou terá sido algo soprado pelo seu mordomo? No final, não importa.

E quem explica porque não importa é, ironicamente, a comandante rival, Loulou. Em conversa com Julia, Loulou explica que apenas deixa o trabalho para os profissionais.

A relação entre Isao e seu mordomo parece ser dessa natureza. Os dois são vilões. Cada um especializado em uma tarefa diferente. Eles se complementam, e, sendo Isao uma liderança nata, ele é a frente da organização. Importa de quem foi a ideia para essa ou aquela vilania?

 

 

Kotobuki não é afinal um anime sobre planos e histórias complexas. É um anime sobre personagens curiosos e batalhas de avião. Adequado, portanto, o destaque dado a todas as pilotas do Kotobuki, a esquadrilha, nesses dois episódios finais. Toda a construção de personagem que elas tiveram até agora foi para justificar suas ações nessas batalhas.

Reona tem um forte senso de honra e de responsabilidade. Ela foi abatida por Isao porque fez questão de confirmar com ele se era mesmo uma má pessoa. Claro que é. E claro que não ia contar isso – não com a boca, pelo menos, mas com as metralhadoras de seu Shinden a história é outra.

No episódio derradeiro ela mais uma vez tentou puxar toda a responsabilidade para si, como já havia feito antes, mas dessa vez Zara a alcançou e a convenceu a dividir o fardo. Reona termina abatida ao arremessar o próprio avião contra o do mordomo de Isao, deixando a batalha final para Kirie.

 

 

Zara foi só o apoio da Reona, suponho? Alguém absolutamente importante, não tenha dúvida, mas que acabou um pouco subdesenvolvida por causa disso.

Se Zara é a voz da razão, Kate é a voz da inteligência. Ou o gatilho dela. No episódio 11 apenas acompanhou o dogfight entre Kirie e Isao, abatendo o vilão no final quando ele não esperava. No episódio final ela foi a primeira abatida, mas seu conhecimento sobre o avião e o armamento inimigo (o Sabre, equipado com mísseis inteligentes) foi vital para a vitória.

 

 

Emma, acostumada a lidar com impostores tentando enganar sua família, nunca confiou no Isao. Estava particularmente furiosa nas batalhas finais, e parece capaz de extrair força do ódio.

Sua manobra sobre o lago, usando a água para frear seu avião e ir para trás de seus perseguidores, foi seu absoluto ponto alto em toda a série.

A Chika é uma Kirie sem crise de propósito, e um pouco mais raivosa e mais infantil. Caiu atirando depois de abatida no episódio 11, e ainda assim conseguiu derrubar um inimigo, e no episódio 12 ela e Kirie derrubaram o Sabre.

Seus conselhos para a protagonista foram baseados no livro ilustrado infantil de que o anime tanto fala, e de alguma forma ajudaram a Kirie.

 

 

Agora antes da protagonista quero terminar de fechar as pontas soltas mencionando os demais personagens.

A Naomi aceitou mesmo se casar com um dos nazarenos, hein? E o “casamento” foi celebrado no ar, via rádio, no meio da batalha, pelo ex-padre – ainda bem que tinham um! Estranho? Incomum? Apressado? Fosse qualquer outra personagem, eu diria que sim.

Mas a Naomi foi apresentada desde o começo como alguém que faz o que quer, quando quer, então não me parece nada inacreditável que ela tenha aceitado se “casar”. Eu sei que se e quando ela enjoar de seu parceiro, vai apenas voar para o próximo. Essa é a Naomi.

Daí tem o caso do Saneatsu e da Loulou. Forçando um pouco, dá para dizer que desde o começo o anime tem sinais de que ele goste da chefe. Quero dizer, ela não é como a Julia, mas ainda é preciso uma boa dose e paciência para aguentar a Loulou. Ele nem é das pessoas mais particularmente corajosas, e mesmo assim lá está Saneatsu na ponte do Hagoromo, que voou alegremente de batalha impossível em batalha impossível no curso de 12 episódios.

Não, o anime não havia dito com todas as letras que o Saneatsu gosta da Loulou, nem dado indícios suficientes, mas é uma conclusão verossímil. Bem como é verossímil a forma como a Loulou o trata no final.

Após a vitória, o anime termina com todos voando em direção ao Sol poente, marcando o fim de uma era, enquanto pensam em planos para o futuro.

 

Kirie quase é abatida por Isao de novo

 

E agora sim, a Kirie. Por que ela voa, afinal?

A resposta foi indireta. Desde que a Reona foi abatida no episódio 11 ela meio que deixou de pensar diretamente nisso. Estava apenas concentrada em se vingar do Isao, pela sua amiga, pelo Velho Sab, e por tudo o que ele já fez.

Foi assim que ela foi abatida no episódio 11, e assim que ela foi atingida de novo no episódio 12. Foi nessa hora que a mensagem da Chika chegou a ela: o ódio não é o caminho.

(A não ser que você seja a Emma. Se você for a Emma o ódio totalmente é o caminho.)

Zonza depois de ter sido atingida, com as palavras da Chika ainda ressoando, ela se lembrou do que lhe ensinou o Velho Sab: você não voa o avião, o avião voa sozinho e você o acompanha. Ou alguma bobagem assim.

Enfim, ela concluiu que voar a faz se sentir livre, mas precisa abandonar o ódio para não perder essa liberdade. Em resumo: a Kirie voa porque ela gosta de voar. Porque voar a faz se sentir livre.

Simples e bastante adequado para a personagem e para o clima do anime.

Quando será que sai a segunda temporada?

 

Até mais, Kirie!

 

Comentários