A primavera de 2018 traz a adaptação do mangá Tachibanakan To Lie Angle, de Merryhachi, que vem sendo publicado, desde 2014, na revista de antologias Comic Yuri Hime, da Ichijinsha. O termômetro de expectativa da transposição da história para o anime não era o dos melhores. O estúdio Creators in Pack (que, em Tachibanakan To Lie Angle, divide a produção com Studio Lings) é o responsável pela malsucedida adaptação de Netsuzou TRap (2017), e a direção do anime está a cargo do mesmo comandante de Netsuzou Trap, Hisayoshi Hirasawa, que tem no currículo, entre outros, Bernard-jou Iwaku (2016). Ambos os animes são de curta duração, variando entre 3 a 9 minutos. Hirasawa é um “especialista” no formato.

A trama nos apresenta a protagonista Hanabi Natsuno, de 15 anos, uma estudante do primeiro ano do ensino médio que retorna a sua cidade natal depois de residir em Tóquio. Entusiasmada com a experiência, logo tem sua primeira decepção, quando descobre que Tachibana-kan, o dormitório, não é nada como ela imaginou. Ao chegar vislumbra uma deidade de cabelos prateados nua na varanda (certamente, o próximo episódio apresentará Iori Takamura, um dos lados do triângulo amoroso, a garota misteriosa). Em seguida, Hanabi encontra uma menina, Konomi Fujiwara, que não consegue reconhecer (que tem todo jeito de tsundere e é o outro lado do triângulo) – um flashback (bonito, por sinal) nos revela que são amigas de infância. Depois, é a vez da gerente Yoriko Fujiwara, estudante do terceiro ano, alegre e de seios fartos, que não faz cerimônia de pressionar a cabeça de Hanabi entre eles como forma de boas-vindas. E, por último, Yuu Tsukishiro, que está sentada no corredor, de pernas abertas, exibindo sem constrangimento parte de sua anatomia.

Hanabi e o dormitório Tachibana-kan.

Em três minutos e meio, o elenco nos é apresentado em tom cômico, diálogos apressados e já evidenciando que a lascívia faz parte da casa. O que demonstra que um dos problemas a assombrar Tachibanakan To Lie Angle passa pela sua reduzida metragem. O anime deixará de parte do mangá de lado? A resposta poderá ser “sim” para quem imagina que algo mais trabalhado deveria ser extraído das 67 páginas do primeiro volume da obra de Merryhachi. O ritmo acelerado da narrativa e o tempo são fatores que trazem certo amargor. Em relação a esses tópicos, resta ficar à espera de que o humor e a formação do triângulo amoroso não tenham menos espaço que o fanservice (ou que, no caso, o serviço de fã jogue a favor do desenvolvimento do enredo).

É evidente que o anime explora as categorias do próprio mangá: é um yuri de comédia escolar com cenas ecchi. É um ponto de interesse e de preocupação. O primeiro episódio deixa uma leve sensação de desperdício (ou a de que poderia ter sido melhor explorado), já que o primeiro amor, a descoberta do desejo e a situação inusitada de se encontrar dividida em relação aos sentimentos podem render algo para além do ecchi e dos clichês de um harém. É importante frisar mais uma vez que as limitações impostas pela escolha da produção, de que cada episódio tenha pouco menos de 4 minutos de duração, mostra-se prejudicial à série.

No entanto, nem tudo está perdido. Hanabi tem sua graça, e o humor chega a funcionar (ainda que genérico). O episódio deixa um gosto de quero mais. De esperança e boa vontade no ar. A próxima semana guarda a resposta se as armadilhas serão dribladas.

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