Depois da parceria bem-sucedida entre eu (Flávio) e Kondou-san na cobertura semanal do segundo cour da terceira temporada de To Aru Majutsu no Index, agora estaremos dando continuidade à parceria nos artigos sobre esse anime.

Fairy Gone é o novo anime original do estúdio P.A. Works (ou Progressive Animation Works) que estreou nesta temporada de abril de 2019, dirigido por Kenichi Suzuki, o mesmo director de Drifters e diretor de animação dos últimos episódios de Hellsing Ultimate.

O estúdio é conhecido pela sua qualidade técnica, já fez animes originais muito bons, como Angel Beats!, Charlotte, Kuromukuro, Sakura Quest, Sirius e mais recentemente Irozuku Sekai no Ashita Kara. No entanto, o que é quase certo apesar da qualidade técnica dos animes originais que a P.A. Works trabalha, de vez em quando surgem inconsistências no roteiro e Fairy Gone pode não escapar dessas inconsistências.

O primeiro episódio de Fairy Gone correspondeu ao que prometia o trailer. A parte técnica esteve no ponto, não foi muito acima da média, mas também não foi fraca. Os cenários estão muito bem feitos e detalhados, o design dos personagens é bom, e o CG que assustou quem viu os trailers, não é tão mau como parecia. O uso da trilha sonora foi competente, em especial nas cenas mais movimentadas, a dublagem não há o que reclamar, foi bem competente também.

A história, essa começou bem e já gerou alguns focos de interesse, em especial o background de duas das protagonistas e de um dos protagonistas.

Logo no começo do episódio, é nos dado um pequeno background sobre a utilidade dos soldados fada, que segundo parece, eram um poderio bélico importante na guerra.

Foi interessante a forma, como logo após o pequeno background da guerra e dos soldados fadas, o episódio passe para o massacre de uma vila (massacres, sempre estiveram presentes na guerra). O massacre do povo do Vilarejo das Fadas e a destruição da mesma, fez imenso sentido, num meio de uma guerra, haver uma vila cheia de fadas primárias (sem contrato) e cheia de possíveis usuários, seria desvantajoso para todos os envolvidos na guerra. O facto do vilarejo das fadas ter sido destruído por ordens de um filho daquela terra (Lay Dawn), dá mais ênfase, ao perigo que o Vilarejo de Suna representava para o panorama de guerra. Claro que a decisão do Lay Dawn iria interferir com a vida dos poucos que sobreviveram ao massacre, a decisão dele gerou ódio de morte na Verónica e deu origem a uma jornada de vingança. No caso da Mariya, o motivo da sua jornada só difere num ponto, ela não quer se vingar de quem destruiu o seu vilarejo, ela apenas quer encontrar a sua amiga Verónica (ambas devem ter se separado depois da fuga).

A introdução de outro protagonista, em outro momento da guerra, serviu perfeitamente para mostrar outra realidade. Neste caso um soldado chamado Free Underbar, que lutava numa cidade que já não tinha salvação (Ledrad), cidade que após o fim da guerra foi anexada a outro país, gerando um mal estar entre o Free e o seu colega Wolfran, mal estar que com certeza terá importância ao longo do anime.

Foi meio conveniente, quando a Mariya e o Free se tenham encontrado logo de cara em Fuzan no leilão de objectos mágicos e fadas, e mais conveniente fica quando a Mariya diz que já o conhecia e tinha sido apresentado ao Free Dá a sensação que o roteiro abdicou um pouco da construção da história, só para avançar para o miolo da trama (isto será aceitável, se o anime só tiver um cour).

A parte do leilão foi muito interessante, em especial a explicação sobre as fadas que estavam presas dentro de jarros. As fadas presas dentro desses jarros, são chamadas de fadas primordiais, o que dá a entender que ainda não formaram nenhum pacto com um ser humano, e é interessante, que nenhum humano consegue ver as fadas se estas não estiverem dentro de jarros (jarros provavelmente contêm uma solução mágica, que anula a invisibilidade das fadas). Nesse mesmo segmento, é interessante ver que existem outras espécies sobrenaturais que conseguem sentir os humanos que têm contratos com fadas e também as fadas primordiais.

O ataque frontal da Verónica ao leilão do Tomo da Fada Negra, poderia ter sido muito mais elaborado, a forma como a Verónica agiu, não se adequa ao modus operandi de um ladrão, mais parece um modus operandi de um assassino. Fazer um ataque frontal, matar vários seguranças e ainda mostrar a sua fada, aqui a Verónica expô-se sem necessidade, gerando lutas que poderiam ter sido evitadas (está na cara, que isto foi feito de propósito para gerar acção). A qualidade das lutas nesta parte foram ok, houve momentos em que foi abdicado a consistência do design, para dar um pouco mais de fluidez, houveram também alguns quality drops no design dos personagens (erros que costumam ser corrigidos nas versões DVD e Blue-Ray).

Foi meio previsível, após o tempo gasto a explicar o que eram aquelas fadas dentro de jarros, que elas fossem dar poder à Mariya, isso foi meio conveniente também, mas uma destas fadas só lhe deu poder, porque a Mariya a tentou salvar de ser morta por tiros dos seguranças do leilão, dando a entender que só os justos podem se fundir com as fadas (isso, ou a Mariya tinha mais facilidade em obter esse poder, já que vinha de um Vilarejo pejado de Fadas primordiais).

O desfecho da luta entre a Verónica e o chefe da segurança mafiosa do leilão Free Underbar era esperada, a Mariya nunca que iria deixar o Free derrotar a Verónica. A Mariya aqui foi ingénua, mas uma ingenuidade compreensível, afinal ela fez de tudo para encontrar a sua amiga, não dá para criticar a personagem.

A parte final do episódio, dentre tudo o que se passou neste episódio de estreia, foi a mais interessante, o facto de existirem organizações que ainda usam soldados fadas nas suas tarefas, dá mil e uma possibilidades para a história. Faz imenso sentido os soldados fada, serem considerados ilegais, afinal que utilidade teriam eles em tempos de paz, a não ser trabalhar para o governo em algum tipo de agência secreta (como o Free faz e agora a Mariya também), trabalhar na máfia e em último caso trabalhar a solo, como a Verónica faz.

Fairy Gone poderá ser um dark horse nesta temporada, o seu primeiro episódio foi mediano, mas poderá melhorar à medida que a história for avançando, ou poderá ficar apenas como um anime para passar o tempo. Este anime é recomendado para quem goste de animes com magia, acção e fantasia. Quem procure algo mais sério, Fairy Gone não poderá ser a melhor aposta, pelo menos por enquanto.

Até à próxima semana, vemo-nos nos artigos semanais de Fairy Gone.

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