Afinal, o que é um sonho? Um sonho talvez seja construído no momento em que dormimos, e quando acordamos, pode ser que ele nunca mais retorne, ou até mesmo volte de uma maneira diferente. Pode ser também que você tenha algo para realizar e não conte para ninguém, até que consiga concretizar o que deseja.

Tem gente que fala que “não custa nada sonhar”, mas pode vir a custar muitas coisas, sim. Antes de se encontrar com Arata, o “sonho” de Chihaya era ver a irmã subindo aos palcos como a maior Top Model do Japão, esquecendo inclusive de si mesma.

Claro que na sexta série é difícil de tomar decisões sozinho. A não ser que seja um pré-adolescente com um estilo de vida diferente, assim como o Taichi foi criado para ser o vencedor em tudo, você não consegue fazer certas escolhas que faria se tivesse um raciocínio lógico mais desenvolvido.

Bom, com essas divagações, inicio aqui a sessão vintage de Chihayafuru.

Chihayafuru, se não fosse pela parte da interpretação dos poemas, que é um mais melancólico e triste que o outro, seria considerado apenas um romance adolescente. Escrevo assim para não categorizá-lo como sendo da demografia shoujo. Acredito que seria bom da mesma maneira, mas talvez não tivesse Karuta para podermos sentir como sendo apenas um jogo, e sim um esporte.

“Não apenas um jogo, e sim um esporte” é uma das principais coisas retratadas no anime, me lembrando também de Sangatsu no Lion. Enquanto várias pessoas estão dando de si em um esporte que pode trazer uma vida estável, outras pessoas veem isso como bobagem ou passatempo e correm atrás de um estilo de vida diferente, com muito esforço para algo que nem sabem se gostam.

E claro que Chihaya também demorou para considerar Karuta como um esporte, e foi o Arata que abriu os seus olhos. E claro que esse “jogo” foi fazendo parte do seu estilo de vida até hoje, mesmo que as pessoas zombem dela. E quando ela descobriu esse esporte, o seu sonho acabou sendo outro que não era viver à sombra de sua irmã.

Até hoje ela nutre o mesmo sonho.

Engraçado que Chihaya tem as mesmas motivações de quando era uma pré-adolescente, enquanto Taichi mudou totalmente o seu jeito de ser. Quando mais novo, costumava ser mesquinho e agia de forma violenta quando Chihaya ia contra a sua maneira de pensar. Claro, né, desde aquela época ele gostava dela, mas não sabia como reagir e nem fazer com tal sentimento. O que era o amor, afinal? Aposto que Taichi mal conhecia essa palavra.

O ciúme fez com que Taichi excedesse os seus limites.

E Chihaya, trocando o seu sonho de ver a sua irmã ser a maior e melhor Top Model do Japão por jogar Karuta com os seus amigos, participando de competições e se divertindo, mesmo que não seja tão boa assim no jogo e não sabendo direito os significados dos poemas, segue até hoje animada com esse objetivo, mesmo que, em determinado momento, Taichi e Arata tenham mudado de rumo, um por causa dos estudos, e o outro por causa da saúde de seu avô, que por sinal era um grande jogador de Karuta, ganhando diversos prêmios.

O último jogo juntos.

 

O poema inicial e um pouco sobre as cartas:

Eu até que poderia escrever mais sobre como joga, mas eu já escrevi um artigo assim, então só escreverei um pouco sobre os poemas.

Nani wa zuni
Baía de Naniwa

sakuya kono hana
Possui uma flor que desabrocha

Fuyu gomori
Até no inverno

Ima wo haru beto
Quando chega a primavera

sakuya kono hana
A flor torna a desabrochar

Acredito que todos que viram Chihayafuru se lembram desse poema inicial. Ele não faz parte dos cem poemas recitados durante o Karuta competitivo, porém é importante para que os jogadores se familiarizem com a voz de quem está lendo, além de tentar se acostumar com a velocidade. Lembrando que as duas últimas estrofes são lidas duas vezes.

Mas é claro que tem diversos tipos de vozes e várias maneiras que fazer com que esse poema seja recitado. O Arata, por exemplo, costuma usar um toca fitas para que tudo se inicie, e também, após a leitura, vem uma ordem aleatória de cartas a serem lidas.

Cada um tem o seu jeito!

Há dois tipos de cartas: o Yomifuda e o Torifuda.

Yomifuda: carta de quem recita. Ela vem com imagens e o início do poema.
Torifuda: carta de quem procura. Ela só vem com os dois últimos parágrafos do poema. É importante encontrar aqueles que “se casam” com o que está sendo recitado.

Diferenças entre Yomifuda (de cima) e Torifuda (de baixo).

Muito obrigada por ler este artigo até o final, e nos vemos no próximo! o/

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