YU-NO – ep 4 – Erro fatal
Estaria mentindo se não dissesse que esperava por um episódio como esse já nas primeiras semanas de YU-NO, afinal, nesse tipo de trama em que tragédias podem ser reversíveis elas se acumulam.
Sei que, dependendo do jeito que isso for trabalhado, impactar o protagonista não vai ser desperdiçado, mas ainda temos que esperar o próximo episódio para ver como o caso se resolverá.
O importante é que episódios como esse são imprescindíveis para que o protagonista amadureça. É a vez de YU-NO!
O sonho do Takuya já nos primeiros segundos do anime alertava que a situação complicada da Ayumi teria seus desdobramentos.
Não consigo tirar da minha mente que foi muito conveniente o descuido, tanto do garoto quanto da madrasta dele, com documentos tão importantes; achei isso forçado, mas o desdobramento foi o melhor possível.
Eu não queria ver ela sofrendo, longe disso, mas necessitava de alguma consequência. As atitudes suspeitas do Toyotomi foram alertas mais que suficientes disso.
Mas antes de me estender no assunto, o que o pai da Mio fez claramente foi uma tentativa de tirar a filha de jogo por saber que ela iria contra o que ele está fazendo, que poderia atrapalhar seus planos de alguma forma. Ela vai viajar para estudar fora mesmo? Duvido.
O importante é que cada vez mais ela se caracteriza como uma peça importante nos quebra cabeças do anime, como alguém que pode influenciar o estado atual das coisas mesmo sendo só alguém apaixonada por história, e pelo Takuya.
Aliás, as cenas contendo “apelo sexual” se acumulam no anime e acho que esse é um elemento bem aceitável dentro da narrativa e que dadas as situações mostradas, seja nesse ou em outros episódios, não incomoda e até faz sentido que exista.
Não acho incomum um adolescente passar por “situações constrangedoras” com a madrasta – que é um mulherão – nem a situação do Toyotomi com a Ayumi.
Infelizmente, pois chantagem com estupro não me espanta em um pais machista como é o Japão.
Eu sei que não é via de regra que isso ocorra, mas a representação desse tipo de abuso na ficção não dá para se estranhar ou achar que é irreal.
Enfim, mas comentar isso é a “cereja do bolo”, ou quase isso, desse episódio.
Antes disso, a cena do Takuya no colégio não teve tanto o propósito de descontrair o episódio mais sério que esse foi e sim mostrar o quanto ele ainda é muito imaturo para lidar com um poder como o do dispositivo.
Ela teria usado para colar no teste se tivesse tido a chance, e esse é um modo irresponsável de usar tamanho poder.
Até porque, se ele usar demais para coisas pequenas do dia a dia, nada garante que funcionará quando ele precisar, como vai precisar após o fim do episódio.
Aliás, o que a Kanna estava fazendo com aquele cara suspeito em um hotel? Envolve sexo ou foi só a sugestão a isso que ficou no ar de propósito para que nos sentíssemos enojados pelo personagem já de cara? Isso nem me incomodou tanto, só espero que não seja uma chantagem como com a Ayumi.
Entrando no tópico, desde a cena em que ele desliga o telefone para mim ficou óbvio que ela estava sendo coagida de algum jeito. Lembrando a cena do Toyotomi com os papeis roubados, a ligação da empresa e o próprio desconforto dela no trabalho; tudo encaixou perfeitamente. É, faltou entender o porquê de dele ter feito o que fez, mas o jeito como aconteceu nem estranho, não foi forçado, né.
Explicações futuras podem vir e estragar esse acontecimento, mas nesse primeiro momento entendo ter acontecido desse jeito. O problema foi a atitude do Takuya ao ver a madrasta naquela situação, e eu nem o culpo por ter desconfiado dela e ter virado as costas, pois por mais que ela fosse da família, ainda era alguém que veio de fora, que ele conhecia no máximo há alguns anos.
Eu entendo a reação dele, mas sim, foi bem imatura, pois não cogitou que ela poderia estar sendo coagida a fazer aquilo e sequer tentou impedir o progresso da situação. Eu sei que a atitude dela de tentar cuidar do vilão foi estranha em um primeiro momento, mas se coloque no lugar dela, se ela queria proteger o garoto a ação de afastá-lo daquilo para que ele não se envolvesse mais foi compreensível.
Ela não queria que ele se visse envolvido na chantagem a ela. Tentou suportar tudo sozinha, mas fraquejou. As lágrimas que ela derramou episódio passado foram o sinal de que ela já estava chegando ao seu limite e essa chantagem que desembocou em estupro foi a gota d’água.
Como julgar a atitude desesperada dela? Eu não seria capaz de fazer isso, e nem julgo os vacilos do Takuya também, o jovem é um colegial de língua solta e personalidade contundente, mas é imaturo como quem não sabe lidar com os revezes da vida ao ser tirado de sua zona de conforto.
Aliás, isso é bem legal, porque dá o espaço para que o personagem amadureça que ele precisa ter, que é comum ser visto em histórias nas quais seus erros poderão ser revertidos. De outra forma o anime seria uma tragédia.
Na verdade, o próximo episódio dá a entender que a coisa vai piorar, o que pode ser bom ou ruim, mas ainda assim, eu duvido que a morte da Ayumi não seja revertida. Seria um golpe duro que me surpreenderia muito se fosse dado!
Enfim, foi preciso que o Takuya falasse com a Kaori não uma, mas duas vezes, para que percebesse a negligência que teve com a madrasta.
Repito, não o culpo por isso, creio que ele ter errado agora foi bem compreensível, mas não dá para negar que ele não percebeu coisas que estavam a sua frente e que isso fez com que ele não fosse capaz de evitar o suicídio dela.
Não duvido que a promessa entre ele e a Kaori não exista no mundo paralelo que ele criará com o dispositivo, então a conversa deles é praticamente irrelevante agora, mas vale comentar a relação dela com o Ryuzoji, qual é exatamente?
Não acredito que seja algo escuso, mais uma troca de informações e um interesse de ambos em dar fim a construção problemática?
O Ryuzoji tem um interesse além nisso, que envolve o dispositivo, a Kaori nem deve fazer ideia de que isso existe, mas, eventualmente, as garotas devem descobrir que nosso protagonista está de posse dele e deve usá-lo para resolver os problemas que aparecerem na trama.
É o que eu espero, mas, por ora o importante é salvar a Ayumi, o que não duvido que ocorra, mas mesmo que ocorra será a base de um pouco mais de desgraça.
Vamos ver como YU-NO explora o desespero que a partir de agora deve ser normal na vida de Takuya Arima.
Só para terminar, achei esse episódio muito bom dentro daquilo que o anime se dispõe. Não foi espetacular, mas não tenho porque ter achado ruim ou mediano compreendendo e aceitando o modo como a história é contada.
YU-NO tem tudo para ser um bom anime, mas não um fora de série feito Steins;Gate. Até a próxima!