Só falta um episódio para Onihei acabar! Bom, na verdade Onihei já acabou, eu que passei a temporada inteira atrasado em uma semana. Talvez eu publique o artigo sobre o último episódio antes da quarta-feira que vem? Não vou prometer nada, mas estou considerando essa possibilidade. Se a correria das estreias me permitir (só assisti duas até agora e estou com algumas acumuladas), quem sabe?

Duas coisas chamam atenção nesse episódio, e pelo menos uma delas tem sido frequente nos episódios mais recentes do anime: o destino cármico e, como o título desse artigo, a responsabilidade.

Cataventos giram, simbolizam ciclos, coisas que vão e voltam – como o carma. Tem um catavento que vem aparecendo com frequência nos últimos episódios e, como não poderia deixar de ser, tornou a aparecer nesse episódio. Dessa vez não como apenas um item do cenário, mas como um objeto ativamente utilizado. Bom, não tanto utilizado quanto carregado pelo protagonista da vez, mas ainda assim é bem mais do que apenas aparecer em tela, mesmo que em destaque, não é? E certamente Koyanagi pretendia usá-lo (um agrado para a bebê), apenas perdeu a chance quando descobriu a terrível verdade sobre a mulher e a criança que salvara do suicídio: Otaka tentou tirar a própria vida por tristeza (e vergonha, acredito, afinal estamos falando de japoneses aqui) ao descobrir que seu marido sempre fora um ladrão e nunca havia contado isso a ela. E quem é que foi que prendeu Matahachi, o marido de Otaka? Koyanagi. As coisas são ainda mais emboladas.

Quem é que estava pensando em tirar a própria vida, ainda que não se suicidando diretamente, mas apenas agindo de forma temerária até que finalmente alguém o matasse? Koyanagi também. E por quê? Porque sua esposa e filha morreram durante o parto – e ele sequer esteve no local. Nada poderia ter feito provavelmente, mas bom, assim são as coisas. E foram enterradas exatamente um ano antes do fatídico encontro de Koyanagi e Otaka. Koyanagi que perdeu mulher e filha e queria tirar a própria vida salvou uma mulher e sua filha que tentavam tirar a própria vida no dia em que retornava da visita ao túmulo de suas próprias mulher e filha, por ocasião de um ano do sepultamento, e essa mulher que ele salvou queria suicidar-se porque descobriu que seu marido era um ladrão quando Koyanagi o prendeu. Ufa!

Tragédia na casa de Koyanagi

Depois de tanto sofrimento, depois de tanta dor sem volta ou solução, duas pessoas desesperadas (e uma inocente) se cruzam e isso salva suas vidas. Agora eles podem ser felizes? Agora eles podem viver e ter a esperança de que um dia talvez possam ser felizes, ou pelo menos conseguir suportar suas respectivas dores. Otaka pelo menos ainda tem a filha como motivo para viver, em que pese as terríveis dificuldades pelas quais ela passará, sendo uma mulher que já se casou e agora tem que cuidar sozinha de uma criança (um velho prometeu ajudá-la, mas bem, é um velho, durará o quê, cinco anos? Seis?). Koyanagi por sua vez não tem nada. Ou tem? Oh, para os padrões de sua sociedade, tem sim. E muito.

Koyanagi conta a Matahachi sobre sua esposa e faz a proposta: vê-la em troca de entregar seu cúmplice

Ele é um oficial do governo, e um que lida com segurança pública e pode empunhar uma espada, em pleno Japão da Era Edo. Ele talvez não seja um nobre, mas ainda assim está em um dos estratos superiores da sociedade e nada pode lhe tirar dali a não ser ele próprio – e até para isso ele precisaria se esforçar bastante. Mais ainda, seu chefe é o lendário Heizou Hasegawa, respeitado e famoso não apenas em Edo mas também noutras partes do país. Alguém magnânimo e capaz de enxergar no coração das pessoas e que age de acordo com sua própria noção de justiça, frequentemente mais justa que as leis escritas. Severo sim (ele prometeu executar o próprio filho caso ele cometa de novo o erro que cometeu no episódio anterior!), mas sempre justo. Ele só cobra daqueles com quem lida que sejam honrados, tão mais quanto mais importantes sejam e mais responsabilidade carreguem.

É por isso que ele pode fazer corpo-mole para um bandido, pode até mesmo deixá-lo fugir, mas por mais que lhe pese no coração ele não pode adiar para sempre a punição a um subordinado que comete uma falta grave. Por isso, agora entendo, ele ficou tão furioso com o próprio filho (mas ainda acredito que Tatsuzou só foi tão irresponsável porque o próprio Heizou o estimulou a ser assim). Koyanagi não poderia ficar impune. Koyanagi era honrado e sabia disso e estava disposto a arcar com a responsabilidade por sua própria decisão. Para a sorte dele, contudo, Matahachi também era honrado. Mais um bandido honrado no elenco de Onihei. O que quer que o tenha feito demorar seis meses para retornar, eu acredito que seja justificado. Talvez simplesmente não tenha sido assim tão fácil trazer seu comparsa à justiça. Talvez ele pertencesse a um bando e Matahachi temia pela vida de Koyanagi? Bom, não importa. Honrado ou não, ele foi cúmplice de um latrocínio e não acredito que possa ter um final feliz. Otaka precisará ser muito forte (e contar com um bocado de sorte). Já Koyanagi precisará devolver com honra e responsabilidade a confiança que recebeu do Onihei.

Matahachi se preocupa mais em defender Koyanagi do que em se defender – um bandido honrado

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