Ryuuou no Oshigoto! – A história de um jovem mestre e uma discípula mais jovem ainda
Histórias com crianças interagindo com pessoas mais velhas, quer seja um jovem adulto, idoso ou até mesmo um adolescente, podem ser interessantes dependendo da forma que é abordada. Crianças são fofas por natureza, então histórias envolvendo elas, normalmente tem um toque de delicadeza (a não ser que a obra em questão seja do gênero horror /terror, ou um drama mais maduro, pois aí é uma situação completamente diferente). Todavia se uma determinada obra envolve adultos interagindo com garotinhas, tem que haver muita sensibilidade e seriedade para não passar uma imagem distorcida.
No caso deste anime, o humor dele se baseia em piadas e situações cômicas envolvendo garotinhas (lolis), o que pode soar ofensivo para alguns, mas para outros não. Senso de humor é algo bastante pessoal (eu sei que disse algo clichês, mas é a mais pura verdade).
A sensibilidade, mencionada no primeiro parágrafo, e o tipo de humor desta série são coisas muito turvas no anime, dando margem para a interpretação de que só os lolicons se interessem por esse anime, embora este show não é somente piadas sobre lolis. A obra é voltada para esse tipo de publico, então reclamar de fanservice e paidas sugestivas com as garotinhas (o que é desconfortável para muitos, incluindo eu) é a mesma coisa de reclamar de fanservice em anime ecchi. Entretanto nem todo mundo que assistiu ao anime pertence ao seu público alvo.
No começo a o anime tem um clima descontraído e fofo graças a garotinhas que fazem parte de seu elenco. Mas da metade em diante Ryuuou no Oshigoto! surpreendentemente vai se tornando um pouco mais sério (o que é bom). Os personagens, em geral, são carismáticos, embora caiam nos clichês correspondente aos seus respectivos aspectos.
A relação mestre/ discípula estabelecida entre os personagens Yaichi e Ai Hinatsuru é algo interessante e até mesmo emocionante em alguns momentos, entretanto a pegada mais humorística do anime às vezes acaba estragando a sensibilidade desse tipo de relação, que normalmente costuma ser muito bonita.
A parte técnica é competente, principalmente nas partidas de shogi, usando os mais variados recursos para deixar as partidas mais emocionantes e dramáticas. Desde o uso de uma boa trilha sonora até uma simples onda que aparecia quando um personagem colocava uma peça no tabuleiro, passava a empolgação necessária ao público. Outro ponto positivo é que o anime é didático quanto as explicações sobre o jogo abordado, no caso o shogi.
Esse anime conseguiu ser leve, divertido e ao mesmo tempo tenso, principalmente nos episódios finais. Os momentos de drama foram tão bons quanto a parte cômica. Os personagens principais amadurecem conforme os episódios vão passando. Mesmo que o Yaichi tenha sido apresentado como um gênio do shogi, ele não é do tipo “overpower” que ganha todos os jogos com facilidade. O mais legal numa relação de mestre e discípulo (a) é que há um aprendizado mútuo, e no caso do anime em questão o Yaichi aprendeu bastante com as duas “Ai” (sim, temos duas personagens com o mesmo nome), e elas aprenderam muito com eles.
Dependendo do seu tipo de humor, esta série pode ser agradável ou desagradável (não existe meio termo), mas o anime oferece outros motivos para ver, como a fofura das personagens e o próprio jogo abordado. Se por acaso você queria uma série que aborde o mesmo jogo, só que de forma mais séria, recomendo fortemente que veja Sangatsu no Lion. Aliás comparar a abordagem das duas obras é injusto ao meu ver, pois são obras com propostas e público-alvo muito distintos. Em relação as duas séries, pode discutir parte técnica (no qual Sangatsu leva a melhor, sem sombra de dúvida), mas fora quesitos técnicos não.
Apesar do controverso estilo de humor da obra, digo que não é um anime para ser “jogado fora”, pois há quem se agrade deste tipo de anime. Se gostas de animes fofos, o anime não decepciona nesse quesito. No geral Ryuuou no Oshigoto! cumpre as expectativas de transformar um jogo aparentemente chato em algo dinâmico e divertido.
Obrigado a todos que leram este artigo!