Koe no Katachi – O bullying e a reparação

Tem dois anos que li o mangá desta obra. Posso dizer que peguei para ler em um momento de “Já me falaram bem desse mangá, mas mesmo sabendo do que se trata, estou meio aflita… Mas quer saber, vou ler mesmo assim!”, e posso dizer que nunca senti tanto ódio por metro quadrado. Não tem um personagem pelo qual não fosse a Shouko ou a irmã dela que eu tenha gostado, apesar do esforço de Shouya em reparar o seu erro.
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Porém é uma obra que trata com delicadeza do que se propôs a falar. O bullying é algo que, infelizmente, beira ao normal quando ainda estamos na escola. Atualmente vimos isso em Sangatsu no Lion, com tudo o que a Chiho sofreu em seu último período de estudos antes mesmo de sua formatura, e depois a vítima foi a Hinata. No filme chegou a acontecer a mesma coisa, assim como em diversas outras obras que eu poderia escrever um texto enorme citando muitas que conheço, porém fica para outra oportunidade.
- Por toda a crueldade feita perante às duas amigas, uma delas foi embora porque não suportava mais ouvir tanta coisa a seu respeito.
- E a Shouko ainda queria aceitar tudo com um sorriso.
O nível de bullying causado no filme foi tão catastrófico que até mesmo o protagonista teve que experimentar e comer o pão que o diabo amassou. Crianças praticando algo do tipo é normal, principalmente por causa de um simples motivo: a diferença. Shouko é uma menina surda que passou a estudar em uma escola com pessoas sem problema algum. Digamos que essas pessoas são privilegiadas por terem amigos e conseguirem estender seu nível de entendimento a ponto de zombar de quem não escuta. O que o Shouya começou por ser uma criança ele quis terminar quando adolescente, simplesmente pelo fato que, após a mudança de Shouko para outra escola, as outras crianças fizeram um bullying igual ao que ele fez com ela, e pôde sentir na pele todo aquele sentimento.
- Esta foi a gota d’água.
- E Shouya comendo o pão que o diabo amassou.
O reencontro depois de muito tempo com a Shouko o fez mudar para sempre. Shouya querer aprender a linguagem de sinal(LIBRAS) trouxe a si mesmo a questão da reparação de seus erros. Eles passaram a se ver mais vezes, e até mesmo a irmã da Shouko e a mãe que tanto o odiava entenderam que não era simplesmente uma questão de tirar vantagem, e sim de querer que as coisas mudem, que ambos não sofram mais com as coisas do passado, que não fossem inimigos e que se dessem bem à medida do possível.
- Apesar da irmã da Shouko ter tido uma má impressão dele depois de tudo o que aconteceu,
- e da mãe dela ter ficado completamente ensandecida após de tudo, a ponto de lhe dar um tapa na cara,
- com o tempo todos eles passaram a frequentar os mesmos ambientes e aprenderam a ter empatia um pelo outro.
O reencontro com os “amigos” do ensino fundamental também se tornou algo importante. A forma com que muitas pessoas pensam ainda continua a mesma com relação à Shouko, por conta do ciúmes e da inveja causados, e outras mudaram sua forma de pensar(ou quase, ainda não confio naquela menina de óculos). As mudanças causadas em cada um mostra o quanto evoluíram, e a aceitação de cada um também ajudou muito com o desenvolvimento de cada personagem, embora alguns ainda precisassem trabalhar muito nisso.
- A medida que ele ia encontrando as pessoas, um “x” aparecia na cara delas. Isso significa que ele passou a rejeitar todo e completo contato com outra pessoa por não confiar em mais ninguém, exceto sua mãe, a Maria e a Shouko.
- E este reencontro foi crucial para definir em quem ou não confiar.
- Além deste, pois as cartas sobre o passado de ambos foram todas colocadas à mesa.
O fato aqui é que a obra não trata de uma coisa que vemos apenas na ficção, como também na vida real. Vários casos de bullying acontecem ao ano, e muitos levam ao suicídio, como mostrado no início e ao fim do filme, ou em algumas vezes na realidade, dependendo do nível de maltrato sofrido. A saída mais rápida para acabar com o seu sofrimento ou até mesmo com o do próximo é desistindo de sua vida, o que é bem triste. Mas no filme, tivemos um final feliz, o que, infelizmente, não costumamos ter muitas vezes quando sofremos esse tipo de coisa.
- Apesar da tentativa de suicídio e de Shouya ter quase morrido em seu lugar, o seu coração ficou em paz com tanto apoio que recebeu.
- Ainda mais após do pedido de desculpas que ele deu. Acredito que isso foi mais que o suficiente para que os dois consigam conviver juntos após tanto tempo de desentendimentos.
- E a empatia pelas outras pessoas faz com que você enxergue o mundo de uma forma completamente diferente.