Depois de perder uma vez não é estranho você desanimar e talvez até questionar se deve desistir, não é mesmo? Contudo, a Special Week tem determinação para perceber onde pode melhorar e se esforça para isso, assim como tem coragem para encarar novos desafios, se adaptar a situações adversas e entender que uma derrota não é o fim, mas pode ser um importante passo até a vitória!

Todo o foreshadowing sobre um problema de peso da Spe-chan foi dado nos episódios anteriores – ela comer demais, a roupa não fechar, etc –, então não foi estranho ela em algum momento se tocar da situação e tentar emagrecer, o que criou novas situações em que suas companheiras de time a ajudaram e a colocou no caminho certo para espantar o baixo astral e se focar na busca pela vitória.

Até estou gostando mais dessas cenas na escola agora, porque o anime tá todo muito divertido.

No começo do episódio achei que o tema rivalidade não seria ostensivamente explorado, e ele não foi, mas a forma como ele – seja com a Seiun Sky, com a Taiki Shuttle ou com a El Condor Pasa – foi inteligentemente explorado foi bem melhor, porque todas essas garotas são sim rivais, mas também colegas de escola e, sinceramente, não saber diferenciar rivalidade de hostilidade é um problema que muitos animes têm – principalmente os que envolvem lutas e esportes – e que acaba por minar boa parte do potencial que os personagens têm para desenvolver suas rivalidade uns com os outros.

Seiun Sky é rival direta da Spe-chan no Derby Japonês, mas nem por isso não pode sentar ao lado dela para lanchar e conversar com as amigas. Taiki Shuttle corre amistosamente em um clima que é sim amistoso, mas com uma intensidade que não deve em nada a de uma corrida oficial. El Condor Pasa toma feliz a amiga como rival por ver nela alguém com quem pode competir no mesmo nível. Foram apenas alguns breves momentos, mas a ideia de que há sim rivalidade entre as garotas-cavalo, mas que ela é saudável e foca no páreo foi bem passada, o que não entrou em choque com o clima da obra e tornou muito mais agradável e madura a interação delas nesse aspecto competitivo.

Antes de falar sobre o ponto alto do episódio – como sempre uma corrida –, gostaria de compartilhar a minha curiosidade no que se refere a Silence Suzuka. Ela tem um jeito reservado e bem calmo, se preocupa com as amigas e gosta de correr, mas há algo a mais ali. Talvez ela pare de correr depois da tal Tennoushou? Ou ela tem outro segredo? Afinal, ela parece ter algum peso em seu coração – o rosto dela na imagem abaixo indica isso. Aliás, o momento em que ela fala com o técnico indicou que é exatamente como eu falava no episódio anterior, o técnico – imagino que em concordância com a corredora – decide em que corridas a garota-cavalo vai correr e a maioria deve ter classificatórias ou pré-requisitos – afinal, seria uma bagunça se qualquer uma pudesse disputar qualquer corrida, né. Os detalhes sobre esse mundo em que existem garotas-cavalo, assim como das suas corridas, ainda são poucos e creio que entender melhor o funcionamento de certas coisas seria melhor, mas não é como se o que está sendo mostrado, como estão mostrando, não fosse aceitável ou não fizesse sentido.

Qual será o segredo que Silence Suzuka calou dentro de si?

A Urara-chan pode ser um claro alivio cômico – algo não muito útil em um anime já bem engraçado –, mas é a Gold Ship com seu jeitão excêntrico e suas atitudes muitas vezes aleatórias o que mais me arranca risadas, e ter personagens que trazem esse ar cômico para o anime de formas variadas – seja com a Spe-chan sendo desastrada ou com o técnico levando uns coices, etc – o torna sim divertido. Acho desnecessário e bobo o quanto cenouras aparecem só para nos lembrar que as garotas são em parte cavalos e por isso as adoram, mas essa caracterização nada criativa não incomoda tanto devido ao clima do anime e as outras decisões felizes do roteiro – como a corrida amistosa desse episódio.

Como a sábia Gold Ship-sensei disse e repetiu, “Garotas-cavalo precisam ter coragem!”, então se é assim, a Spe-chan não pode fugir de um desafio que seu técnico a arranjou justamente por acreditar que ela pode aprender algo com isso. O técnico – que infelizmente até agora nem um nome tem – treina as garotas para melhorarem constantemente sem se apoiar tanto nos resultados ou em vias de mão única até a vitória e essa flexibilidade dele é algo interessante, pois a longo prazo deve trazer ainda mais bons resultados – no começo do episódio anterior todas já estavam vencendo – e formar corredoras ainda mais capazes. Acho uma pena o foco nesses quatro primeiros episódios ter sido praticamente todo só na Spe-chan, espero que as outras – ao menos uma vez – roubem os holofotes!

E Uma Musume precisa de Gold Ship para ser tão bom ❤!

A corrida começa e nela vemos não só que a Spe-chan é corajosa por se arriscar a perder de novo após uma dolorosa derrota, mas também é determinada a vencer quando no meio da corrida busca se adaptar as condições que a ela se apresentam. Ela mostrou que aprende rápido, conseguindo entrar no ritmo da adversária e quase a igualando; perdeu, é verdade, mas saiu ganhando por ter aprendido algo que deve ajudá-la em suas próximas corridas – usar o que estiver à disposição dela para vencer e correr mais rápido mantendo a velocidade em um ritmo mais intenso. Ela se fortalece depois de uma corrida dessas e a corrida em si foi bem cadenciada a fim de prender a atenção do telespectador e de empolgar com a aparente imprevisibilidade do resultado final. Eu já imaginava que ela fosse perder – era o mais realista –, mas perder dando combate foi bastante emocionante.

Essa foi, sem dúvidas, a melhor corrida do anime até agora!

É isso que Uma Musume precisa ser: um anime nada genial, mas que não cai na mesmice; um anime que sabe falar sério sem deixar de ser engraçado; um anime que diverte não por mostrar garotas fofas na tela, mas pela forma como a história é contada, sendo até que bem bolada e executada. Esse foi outro ótimo episódio que me deixou mais animado para o próximo. See you next SPECIAL WEEK!

É esse tipo de cara que passa confiança e faz a gente torcer ainda mais por ela!

P.S.: A título de curiosidade, Spica – o nome do time das protagonistas – é o nome da estrela mais brilhante da constelação de Virgem, que é também a décima quinta mais brilhante no céu. Contudo, são na verdade duas estrelas que rotacionam entre si, indistinguíveis a olho nu. Serão essas estrelas a Special Week e a Silence Suzuka que na abertura saltam para o céu noturno e abrilhantam a noite?

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