Quem viu o episódio anterior de “Células ao Trabalho”, viu que a Staphylococcus aureus deu um bizu de como funciona a imunidade de nosso corpo. Em resumo, é o que ela mesma disse: a primeira “linha de batalha” são os Glóbulos Brancos, também conhecidos como leucócitos. Em seguida, os macrófagos entram em cena para englobar o antígeno e reconhecê-los, passando as informações pra os dendritos. Estes, por sua vez, ativam a resposta imune adaptativa e depois mandam informações para as células T citotóxicas.

Mas é claro que tudo tem um início. Assim como os Glóbulos Brancos são oriundos da medula óssea e vão se desenvolvendo e os macrófagos são derivadas dos monócitos (também são células do sistema imunológico, que se tornam macrófagos assim que saem do sangue e vão para os tecidos), as células T são originadas na medula óssea e são maturadas no timo, e assim enviados para a circulação. No caso destas, possuem um início chamado: célula T virgem, ou seja, que não entraram em contato com antígeno algum. E é a história desse “mocinho” que vou contar hoje.

No caso, neste episódio, somos apresentados a mais tipos de células T e mais uma célula importantíssima derivada da medula óssea, assim como as outras que são do sistema imunológico: as células T citotóxicas (que já apareceram desde o primeiro episódio, porém só agora elas entraram em ação, e eu coloquei como Natural Killers, me desculpem), as células T virgens, as células T de memória (que teve uma participação ínfima, porém importante) e a célula B (também conhecida como Linfócito B, dando origem às células mieloides (eritrócitos, monócitos, plaquetas e granulócitos) e linfoides (cujos progenitores linfoides dão origem aos linfócitos T, B e células NK)).

Outra célula super importante que também foi mostrada, mas ela é da resposta imune inata (a primeira que o corpo humano apresenta): o macrófago. Inclusive, ele (ou ela q) apareceu no baço no primeiro episódio, provavelmente porque “englobou” alguns Glóbulos Vermelhos velhos para destruí-los.

Para que todo o sistema imunológico trabalhasse (ou tentasse trabalhar) com maestria, foi necessário um estímulo, e este foi provocado pelo vírus Influenza. Há três tipos de Influenza (pelo menos no Brasil):  A (com seus subtipos H1N1 e H2N3),  B e  C. A C é a mais branda, o que não causa impacto à Saúde Pública, mas a A e a B são consideradas sazonais (que vêm de acordo com a estação do ano), e as pandemias são causadas pela A. Os efeitos causados são: febre, calafrios, dores musculares, tosse, congestão nasal, coriza, dores na cabeça, fadiga e febre.

A “cara” das células atingidas pelo vírus Influenza já mostra como a pessoa fica física e mentalmente.

O que acontece é que essas células precisam ser reconhecidas de alguma forma. Não é à toa que a célula T virgem ficou tão amuada, pois o vírus Influenza – principalmente a mutação do tipo A – é muito agressivo. As células normais pareciam zumbis e, quanto mais próximas umas das outras, mais ficavam infectadas. Para se tornar uma célula T efetora, são necessários dois sinais: ligação do TCR (receptor de linfócito T) com um complexo principal de histocompatibilidade (região genômica que tem alta importância no sistema imune dos vertebrados) e interações das moléculas acessórias (que são importantes nas transduções de sinais, convertendo um estímulo em outro, como se fosse uma tradução) na superfície de células T com seus ligantes sobre as células apresentadoras de antígenos.

Como evoluir com uma grande pressão em cima de você?

No caso do episódio, para não tornar a explicação tão cheia de firulas e detalhes que podemos procurar em diversos livros mais tarde, a resposta necessária para que a célula T virgem se tornasse uma célula T efetora foi ver as fotos de seus superiores se dando mal em uma espécie de “escola preparatória do exército”, tornando-os o que são hoje. Inclusive a célula T de memória estava no balaio, e ela é super importante para que as informações de determinado antígeno fossem reforçadas (e aquele caderninho rosa deu um charme a mais a uma célula tão “musculosa” q) e que a resposta imune adaptativa, ou seja, que as células T citotóxicas e as células B entrassem em ação.

A célula dendrítica, ao invés de apresentar um antígeno, apresentou o passado dos superiores da célula T virgem.

O que me deixou mais animada no episódio foi quando a célula B (ou linfócito B) entrou em ação. O que foi explicado no anime é que ela é responsável pela criação de novas células imunológicas para atuar contra um determinado antígeno. E é isso mesmo, porém é necessário reconhecê-lo antes para poder combatê-lo.

Ao final do episódio, depois de ter todo o trabalho reconhecendo e combatendo todo o tipo de vírus Influenza (que deve ser o B), uma mutação do chamado Influenza do tipo A, muito mais agressiva, surgiu, fazendo que os esforços da célula T virgem fossem em vão, mesmo tendo se tornado efetora.

Observação: não se esqueça de verificar as datas que as vacinas contra esse tipo de gripe estão disponíveis. Se proteger é importante!

Muito obrigada por ler este artigo até o final. Nos vemos no próximo! o/

  1. O episodio foi bem engraçado (engraçado com coisa séria logico), mas não teve um final definitivo…Mas a celula T efetora no estilo JoJo foi demais!!! E Fessora Tamao Chan explicando direitinho na aula!! Brigado Fessora!!!

    • Olá, James!
      Para mim, este foi o melhor episódio de todos. Acho que teve mais pontos-chave, porém também teve muita parte estática. Mas foi bem bacana.
      Obrigada pelo elogio. Eu tinha achado o artigo meio confuso a princípio, mas ainda bem que você captou as minhas mensagens.
      Volte sempre! o/

  2. Eu fico assistindo e pausando toda hora pra pesquisar o que é o que, mas acho que vou simplesmente terminar o episódio e vir direto pra cá pra me informar kkkk

    Mas é estranho que pra mim esse foi o episódio “menos legal” até agora.

  3. O que é legal nessa comunidade toda é que temos gente que entende do babado e isso não tem preço!
    Bem quando fui ao Japão a trabalho para um zaibatsu (desses enooormes, vc com certeza já viu a marca deles na sua casa) vi um mangá (tipo daqueles que param em pé de tão grossos) que ensinavam como operar uma Termoelétrica (infelizmente eu trouxe ele ao Brasil, mas o perdi numa dessas mudanças da vida) nos minimos detalhes. O poder de ensino do mangá e do anime ainda está para ser descoberto. Vc está apenas ajudando a isso! Viva Tamao chan!!

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