ACCA – Primeiras impressões
Hello! Aqui quem fala é o seu novo redator na Anime21. Eu me chamo Alyson Silva e ficarei encarregado de escrever análises de primeiras impressões e de animes fechados mais antigos. Also, o meu “estilo” de escrever é sempre discutindo separadamente um aspecto técnico de um anime e sempre evitando ao máximo citar spoilers, exceto quando de extrema necessidade. Muito prazer.
Infelizmente, esse primeiro episódio de ACCA não foi promissor como eu esperava. Eu tive que o re-assistir para fazer uma análise de primeiras impressões mais contundente e eu percebi ainda mais falhas na estrutura do episódio. Mas tudo bem, vamos lá. Eu vou começar descrevendo e discorrendo sobre a concepção da obra, reunindo e organizando informações lançadas nesse episódio, pois eu tenho certeza que muitos de vocês, assim como eu, ficaram com a cabeça toda embaralhada com tanta informação dada em tão pouco tempo. E não se preocupe, eu não darei spoilers. Come on, let’s go.
Existe um reino chamado Dowa, onde coexistem 13 distritos autônomos. Nesse mesmo reino, foi criada uma organização independente e desvinculada do estado, chamada ACCA, que, inicialmente, era para suprimir possíveis golpes de estado, mas que, por sua vez, se subdividiu em 13 filiais autônomas, cada uma em um distrito, com o objetivo de entregar serviços essenciais à vida dos cidadãos, como polícia, bombeiros e atendimento médico. A ACCA tem uma sede, que, aparentemente, se localiza no distrito de Badon e que serve para supervisionar as 13 filiais. Dentro desta sede no distrito de Badon, há um Departamento de Inspeção, que serve para monitorar operações específicas de cada filial da ACCA diariamente. Este mesmo departamento também se subdivide em 13 subdepartamentos situados cada um dentro de uma filial dentro de um distrito, com a finalidade de monitorar diariamente a saída de dados nesses locais. Além disso, oficiais de alto escalão da ACCA fazem auditorias aleatórias nas filiais e cada distrito do reino de Dowa é composto por vários subdistritos. No meio desse chorume todo de informações cuspido na sua cara, entra o nosso (nada) carismático protagonista, Jean Otus, que é uma espécie de vice-presidente do Departamento de Inspeção e é famoso dentro da ACCA por descobrir e resolver rapidamente fraudes e corrupções dentro do reino de Dowa…
Desnecessário. Desnecessário define ACCA. Não precisavam lançar uma quantidade absurda de informações para o expectador dessa forma. Para piorar, muitas dessas informações foram dadas através de um artifício que eu odeio: auto-explicação. Isto é, significa que personagens ficam falando como as coisas são ou ocorrem naquele mundo, ao invés de simplesmente deixarem a história rolar de maneira natural, resultando, assim, em uma distribuição natural de informação ao longo do anime, coisa que também facilitaria a memorização da estrutura daquele mundo, já que, com uma quantidade maior de cenas visualizadas, proporcionaria teoricamente uma memória fotográfica ligada às informações dadas. Raras são as exceções que uma auto-explicação é necessária em uma obra e estas normalmente envolvem algum conceito científico ou literário muito específico, por exemplo. Logo, o uso de auto-explicação tornou a sequência de acontecimentos, as situações e até o comportamento dos personagens extremamente artificiais em muitos momentos.
Só mais uma coisa sobre a concepção da obra: há uma tentativa um tanto quanto repetitiva e até um pouquinho chata de aliar o protagonista Jean Otus a um certo apelido: Jean do “me dá um cigarro”. Por quê que é chato? Porque sempre parece forçado.
O enredo em si desse episódio teve uma boa linearidade, mas não teve uma sequência de acontecimentos bem construída, devido àquela coisinha que eu falei anteriormente sobre auto-explicação, ou seja, os acontecimentos foram facilmente compreensíveis, mas pecaram pela artificialidade. Outro problema foi que os conflitos gerados nesse episódio foram resolvidos quase no mesmo instante, o que significa que nós expectadores mal temos tempo para nos sentirmos envolvidos na trama. Sobre o ritmo do enredo, esse anime realmente não é pra qualquer um. O ritmo é um tanto quanto cadenciado e só ainda foi salvo por causa de outra característica da obra, que eu vou falar mais pro fim.
O roteiro do anime foi outro ponto razoavelmente defeituoso, pois também sofreu da artificialidade em certos momentos e foi recheado de informações em momentos não necessários.
Tentou-se também dar personalidade aos personagens com falas lentas, bruscas, misteriosas, etc, mas a artificialidade atrapalhou um pouco em passar a ideia de naturalidade do modo deles de ser. Fora que não conseguiram ser exatamente eficazes em mostrar a personalidade de ninguém ali. O coitado do protagonista Jean Otus parece mais um palito de dente fumando um palito de fósforo e sempre fazendo cara de quem foi zoado e não gostou da brincadeira, com aqueles olhos sempre semicerrados. Isso não é traço de personalidade. E, a nível pessoal, as cenas que eu vi como sendo de leve alívio cômico não foram nada engraçadas, afinal, como é que você faz uma pessoa rir ou se descontrair sem prepará-la para tal situação? Com a tal da artificialidade que eu já repeti mil vezes aqui, fica complicado mesmo.
A trilha sonora foi algo bem positivo nesse primeiro episódio, na minha opinião. Eu gostei bastante daquela abertura com um rock alternativo de sonoridade bem groove e com uma certa “pegada policial”, digamos assim. O encerramento eu não gostei muito. Eu definiria como um jazz para balé. Só que eu penso que deveriam ter investido não nesse tipo de jazz e sim em um jazz mais como o da primeira abertura do anime Shouwa Genroku Rakugo Shinjuu, pois uma música daquela poderia deixar o anime com mais cara de drama policial, com uma atmosfera talvez mais madura e deixar o anime, digamos, mais sexy. Oh, sim, a trilha sonora interna ou efeitos sonoros do anime foi o que ainda conseguiu salvar o ritmo do enredo, porque aquele contrabaixo bem groove e puxado pra um som blues tocando ao fundo em algumas cenas ficou uma delícia de escutar. Em muitas cenas eu acho que teve silêncio demais, mas muitas outras tinham pelo menos algum instrumento, como trompete, acordeão ou piano, seguindo uma musicalidade mais inclinada para um jazz lounge. E, pra quem não sabe (todo mundo possivelmente), groove é um termo utilizado para músicas que possuem um trabalho de ritmo que meio que te convidam a seguir o ritmo.
Sobre a animação, bem, ela teve nítida economia orçamentária em muitos momentos e focou os gastos em cenas de closes mais próximos aos rostos dos personagens, mas no geral ela até que ficou muito bonita e colorida. A abertura ficou com uma pegada policial bem legal. O encerramento, ao meu ver, ficou deslocado no anime, porque aquela bailarina dançando… WTF??? Eu não consegui ligar a ideia dela com o resto do anime. Contudo, o anime tem um design de personagens que pra mim parece uma mistura de xxxHolic com Kiznaiver. Pegaram os membros quilométricos dos personagens de xxxHolic e jogaram nos personagens coloridos de Kiznaiver e isso resultou nos personagens de ACCA. Sinceramente??? Eu adorei. Só não exploraram muuuito ainda as expressões faciais e corporais, o que contribuiu para aquela bendita artificialidade dos personagens, mas, em design, o negócio ficou 10/10.
Por fim, ACCA não é um anime para qualquer um. É preciso pelo menos um pouco de paciência pra começar. Mas eu vou recomendar pra você que busca ver algo que tenha o mínimo de potencial. Eu falei de muitas coisas negativas do anime aqui nessas primeiras impressões, porém o rumo que a história aparentemente vai tomar será envolvendo pessoas como muito poder, então há a possibilidade de a trama ficar envolvente.
E aqui eu encerro as minhas primeiras impressões de ACCA. Até uma próxima!
Bell Dheyol
Apesar de sentir que perdi uma temporada completa que abrange à formação do reino e à história de seu governante, o cenário me agradou e o protagonista parece não ter carisma propositalmente. No reino de Dowa, infelizmente, ainda existem pessoas motivadas por ganância, o suficiente para permitir que o crime aconteça de forma desenfreada. O “figurão” Grossular ainda é um mistério, chegando a enviar um helicóptero apenas para observar Jean. Certamente não sei o que ele pretende, mas sei que à animação é definitivamente expressiva e enfatiza o movimento.
Fora isto, ótimo post. Até!
Alyson Silva
A sua experiência foi bem parecida com a minha. Quiseram colocar a estrutura daquele mundo toda em um único episódio para talvez ter mais tempo de tela para se focarem em um trecho da história do mangá, mas, de certa forma, acabaram foi perdendo tempo fazendo um episódio não muito convidativo a continuar.
Bell, valeu pelo comentário! 🙂
PS: eu não li o mangá nem sei como são as coisas no nele; eu apenas fiz uma especulação. Se no mangá também tiver sido do mesmo jeito que no anime, então seria meio triste saber que na própria origem já tem os problema apresentados nesse primeiro episódio.