Em Amanchu! Advance, ainda são as férias de verão da primeira temporada, exibida em 2016. O anime iyashikei (que significa algo curativo, cicatrizante) volta com Futaba Ooki, a Teko, e Hikari Kohinata, a Pikari, sólidas em sua amizade. Mas, como nem tudo são flores, depois de superar sua solidão, falta de confiança e ansiedade social (não 100%), Teko percebe-se dependente de Pikari, que é quem promove a diversão e cria as memórias do que elas vivem em Shizuoka, tornando o temor da separação ainda mais angustiante. Além disso, Teko sente que não devolve o suficiente a tudo que já recebeu e recebe de Pikari.

Quando se trata de explorar os medos que chegam a nos paralisar, Amanchu! o faz de modo a conhecermos como isso aflige Futaba, já que seus sentimentos são informados pela narração em primeira pessoa. Cada pensamento de Teko revela/desvela o caminho que ela precisa percorrer para alcançar a segurança que lhe falta. Apesar da narração de Teko, o episódio (como a própria série) divide o foco entre as garotas e momentos em que estão juntas. O que contribui para que a empatia surja sem grandes esforços, pois que Teko e Pikari são personagens com certa complexidade e a química entre elas é bem desenvolvida pelo roteiro de Hitome Mieno e direção de Kiyoko Sayama (de Skip Beat! [2008/2009]).

Teko e Pikari: é preciso criar memórias para vencer o vazio e a tristeza.

A partir das preocupações de Teko, o primeiro episódios de Amanchu! traz poucas cenas de mergulho, mas tem uma situação cômica que ajuda na superação do novo conflito interno a atormentar Teko. Pikari está em situação complicada, quando sem perceber a proibição de entrar sem biquíni no barco-terma, após um treinamento de mergulho, retira a parte de cima da peça e um grupo de homens ocupa a terma ao lado. Mobilizando os membros do Clube de Mergulho, acaba salva por Teko.

O episódio é calmo, como Amanchu! costuma ser, com um churrasco de agradecimento a todos – os quatro participantes do Clube (além das protagonistas, os irmãos Ai e Makoto Ninomiya) e depois com Teko e Pikari fazendo confissões uma para a outra. Pikari revela ter se preocupado em estar forçando a amiga a acompanhá-la em suas aventuras, e Teko fala sobre o pavor da separação, que tem medo de se sentir vazia, por não ter aprendido a buscar diversão por conta própria. O diálogo torna palpável  esses receios, e também a conclusão a que chegam, a de que é preciso se divertir e preencher a vida com o máximo de memórias (assim não se sentindo vazia), que, afinal, é uma forma de superar a tristeza (e, mais uma vez, uma conversa termina em rostos vermelhos pelo amor declarado. Mas é tão somente amizade?).

Churrasco para agradecer aos amigos.

A comédia visual é bem eficiente e divertida, assim como na primeira temporada, mudando o design das personagens, tornando seus rostos quadrados (lembrando vagamente bonecas de pano, com olhos que parecem botões), o que ajuda a enfatizar seus sentimentos. A animação tem a mesma simplicidade e sensibilidade de 2016, sendo o oceano um dos grandes destaques. A trilha sonora é leve e tranquila.

Com duas protagonistas simpáticas (de personalidades distintas), em uma amizade que completa aspectos que consideram faltar uma na outra, Amanchu! Advance mantém seus elementos-chave: leveza, humor e sentimentos compartilhados (superação de temores e reforço de afetos) para proporcionar um slice of life genuíno e um exemplar de iyashikei que merece ser conhecido.

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