Shoujo Kageki Revue Starlight – ep 2 e 3 – O caminho para o topo
Bom dia!
Esse anime está sendo fantástico, não está? Só não digo que é uma surpresa porque eu não fui surpreendido. Se você leu o artigo de expectativas para o Café com Anime dessa temporada, sabe que eu podia não saber muito bem sobre o que se tratava a história, mas tudo indicava que estava vindo coisa boa por aí. E veio.
Shoujo Kageki Revue Starlight se junta assim a Angolmois e Banana Fish no clube dos animes que eu vou cobrir nessa temporada. Ainda falta um! E é bem fácil adivinhar. Não deixe de ler também os artigos dos meus demais companheiros de blog sobre os animes que eles estão cobrindo aqui no Anime21.
Agora, Starlight.
Um grande elenco: nove garotas. Todas elas querem a mesma coisa: ser a atriz principal. Ou mais ou menos a mesma coisa, né? Para algumas o topo é o objetivo em si, para outras é um meio para outro objetivo pessoal. Maya já está no topo e seu objetivo é mantê-lo como uma forma de auto-afirmação de seu próprio valor. Junna também deseja se auto-afirmar, mas ela é insegura e está longe do topo. Claudine almeja o topo – ou será que só almeja superar Maya? Kaoruko quer estar no topo para se manter acima da Futaba, e Futaba quer o topo para deixar de ser a sombra de Kaoruko. A relação delas não parece muito saudável. Mahiru quer chamar a atenção de Karen, que parece só ter olhos para as outras desde que a Hikari chegou. Hikari, por sua vez, quer o topo para cumprir sua promessa de infância com Karen. Banana por enquanto age como se não quisesse o topo, provavelmente para proteger Junna. Finalmente, Karen, a protagonista, de fato não queria o topo, nem pensava sobre isso, estava contente em apenas estar lá com suas amigas – até Hikari chegar. Ela é a que está mais distante do topo e a que tem o caminho objetivamente mais difícil, mas ao mesmo tempo talvez seja mais fácil para ela do que para qualquer outra? E o que ela deseja, de todo modo?
Após os primeiros episódios é importante entendermos de que tipo de história se trata Starlight. E vou dizer aqui e agora: Starlight não é um anime sobre teatro ou sobre ser a melhor atriz. É sobre amadurecimento. A não ser que toda a sua vida escolar tenha sido horrível (meus pêsames, de verdade), você já deve ter se sentido como a Karen: só queria que aquilo durasse para sempre. Aquelas pessoas que você conhecia e considerava suas amigas, aquele ambiente, aquela rotina. Não era perfeito, mas você era feliz. Não precisava ser o melhor da classe em matéria nenhuma, ou em educação física, nem ser a pessoa mais engraçada, bonita ou sociável, apenas era bom estar lá. Realisticamente você sabia que aquilo não duraria para sempre, mas ai se isso dependesse de você! Estaria lá até hoje, não é?
Essa era Karen no começo do anime. Daí a Hikari chegou, mas isso sozinho não teria sido suficiente para fazê-la mudar. O que fez Karen querer mudar foi perceber que a Hikari havia mudado. Se não mudasse também, Karen ficaria para trás. Todas as demais garotas têm seus motivos para querer mudar e por isso já vinham se esforçando sem que Karen percebesse, e enquanto isso ela estava tão satisfeita com tudo e consigo mesma que não conseguia nem o básico, nem acordar a tempo para a aula. Ah sim, a Kaoruko também não acorda (e passa o dia inteiro quase dormindo), mas ela faz isso porque sabe que pode depender da Futaba. E a Karen não depende da Mahiru também? As relações são bem diferentes. Kaoruko e Futaba são parceiras e nutrem sentimentos mútuos (de qualquer tipo, Starlight deve continuar apostando na estética yuri, como já vem fazendo, mas esse não precisa ser o caso, metaforicamente falando), enquanto embora Mahiru nutra sentimentos especiais por Karen, para a protagonista a amiga que a acorda todas as manhãs é só mais uma amiga. Uma bastante próxima, mas só mais uma.
Retornando à minha linha de raciocínio anterior, Karen estava tão contente com o pouco que tinha que nem se dava ao trabalho de se esforçar para acordar a tempo das aulas, que dirá melhorar e aprender tanto quanto as outras. Se não fosse a Mahiru, ela provavelmente chegaria todos os dias terrivelmente atrasada. E mesmo isso estaria tudo bem para ela. Mas quando ela percebeu que a Hikari já estava em outro lugar, um lugar mágico com girafas falantes e onde está tudo bem garotas adolescentes lutarem com espadas (ei, não leve isso a sério, ok?), e pretendia continuar lutando para chegar ao topo, Karen sentiu medo. Ela sentiu medo de perder Hikari. Se ela fosse derrotada e desistisse de tudo ou se ela chegasse sozinha ao topo, Karen perderia a amiga que havia recém reencontrado. Por isso ela finalmente entrou em movimento.
A jornada será bastante difícil para ela, tendo sido irresponsável por tanto tempo e largando por último nessa corrida, mas ela é a protagonista e a gente sabe que ela vai chegar lá. A graça é ver como. No segundo episódio ela lutou contra Junna, e venceu apesar de todo o preparo da adversária. Determinação e garra pura da Karen, contra a insegurança da Junna que, mesmo tendo vantagem por ser melhor, preferiu o combate astuto, estratégico, se escondendo e atacando de longe. No terceiro episódio Maya ensinou como se faz: lutando de frente, com força, dando tudo de si, porque sabe que é melhor e portanto é capaz de esmagar a adversária. Karen saiu de lá arrasada, como era de se esperar, como a Hikari já sabia que seria e o motivo pelo qual tentou impedir a amiga.
Quando se sai da zona de conforto, quando alguém se esforça, almeja algo e age para conseguir, não tem garantia nenhuma de que vai conseguir. Essa é uma lição dura e necessária. Aprender a lidar com a derrota é amadurecer um pouco mais. Karen tem que aprender isso e muito mais se quiser se tornar a grande estrela. Ela precisa aprender mais do que qualquer outra ali. Todas parecem ter apenas uma falha potencialmente fatal, enquanto Karen parece ter todas as falhas do mundo. Perceber nossos próprios defeitos nunca é fácil, e é tão mais difícil quanto melhores somos no que fazemos – e todas lá são muito boas. A ascensão da Karen provavelmente servirá para que cada uma delas aprenda algo sobre si, e assim, direta ou indiretamente, todas irão melhorar, amadurecer, crescer por causa da Karen. Todas serão grandes estrelas, e é a protagonista quem irá mostrar-lhes o caminho para o topo.