Bom dia!

Nessa temporada vou ter que aguentar a voz do Levi o tempo todo, né? Eu não gosto da voz do Levi. Posso não gostar da voz do Levi ou isso vai me fazer ser atirado aos titãs? Eu sei que (por algum motivo) ele tem muitos fãs, então fico preocupado.

Mas isso não vai me impedir de cobrir a terceira temporada de Ataque dos Titãs, assim fechando, com Angolmois, Banana Fish e Shoujo Kageki Revue Starlight, a lista dos animes que eu irei cobrir no Anime21 nessa temporada. Leia todos! Sério, todos são animes que recomendo de verdade, não estou cobrindo nenhuma tranqueira dessa vez pra tapar buraco.

E, claro, leia também os artigos dos meus companheiros de blog. Temos muitos artigos sobre muitos animes escritos por muitos redatores, não é possível que não haja nada do seu gosto.

Agora começa de verdade o artigo sobre a perda da inocência.

Como fiz nos artigos sobre meus outros animes, vou começar esse dizendo sobre o que se trata esse anime. Eu sei, é uma terceira temporada, quem chegou até aqui já sabe, né? Mas eu acho divertido pelo exercício intelectual de todo modo. E para comparar com minhas demais escolhas. Angolmois é uma história alternativa durante a primeira invasão mongol ao Japão. Banana Fish é uma história sobre vingança. Starlight é uma história sobre amadurecimento. E Ataque dos Titãs? Bom, na segunda temporada o chamei de trash, e não retiro o que disse, mas vou qualificar melhor dessa vez. Ataque dos Titãs é uma distopia pós-apocalítica com “zumbis” (que são os titãs). Nessa terceira temporada parece que chegamos no arco político, obrigatório em histórias longas do gênero.

O chato é que, como eu escrevi nas primeiras impressões, Ataque dos Titãs lida muito mal com suspense, e nesse arco em particular ele deve ser importante. Estão metralhando meias informações a cada episódio e é frustrante tentar entender o que está acontecendo. Nesse episódio foram retomados os dois “segredos” do primeiro, ambos com desenvolvimento ruim. O que o Levi tinha dito para a Mikasa, afinal de contas? Que agora teriam de lutar contra humanos. Sério? Fizeram suspense disso? Para quê!? Pra me fazer achar que talvez pudesse ser importante algo que se revelou no final das contas apenas uma pista falsa? Não que pistas falsas não tenham relevante papel em narrativas sobre suspense, mas nesse caso só serviu para irritar. Mesmo que no momento que o Levi disse isso pela primeira vez para a Mikasa você ainda não tivesse percebido que seria o caso (de ter que lutar contra humanos), no momento em que a verdade é revelada isso já está mais do que claro faz muito tempo. E nem serviu para despistar de alguma outra coisa porque, no começo da história, eu nem tinha sobre o quê especular para poder ser despistado.

O segundo “segredo” se saiu um pouco melhor: ele pelo menos é relevante. Segundo a Hange, alguém vai comer o Eren. Ela não disse ainda qual era o conteúdo da conversa que ele escutou, apenas disse isso, uma conclusão dela a partir da conversa que ele escutou e do fato de que ele foi sequestrado. Não deixa de ser incômodo que uma mensagem que está ali, na mão dela, na cabeça do Eren, seja sistematicamente negada ao espectador. Isso não é um bom suspense, os “detetives” sabem mais do que o espectador e uma das graças desse tipo de história é adivinharmos o final antes dos personagens – mas se eles sabem mais do que nós, estamos naturalmente em desvantagem. Mas houve desenvolvimento, e foi um bom desenvolvimento. Principalmente considerando como isso se entrelaça com a história da, er… com a história da Historia.

Então a família Reiss, a família dela, é a família real. Bom, o nome talvez seja uma “meta-pista” meio idiota, e o tipo de coincidência com a qual só nós, fora da história, podemos contar, porque sabemos que é tudo forjado por um criador – o autor. Acho que dessa forma Ataque dos Titãs equilibra vantagens e desvantagens de personagens e espectadores para desvendar o mistério, huh? Estou apenas divagando. O fato é que a Hange acredita que Eren será devorado porque foi capturado, e ele foi capturado e levado ao pai da Historia, que pertence à família real (inclusive, ela é a herdeira ao trono, parece), e ela deduziu isso a partir de uma conversa que Eren escutou entre a Ymir e o Bertolt, que entraram no reino murado infiltrados e agora partiram. Ufa!

O que dá para deduzir disso? Eu poderia expôr a minha linha de raciocínio inteira mas em primeiro lugar como já disse acho que especular sobre Ataque dos Titãs é pouco útil, e em segundo lugar acho que esse caso em particular nem está escondendo muito. Minha conclusão é: a família real é composta por titãs. Ou pelo menos o rei é titã. Vou dar só um argumento para isso: lembre-se da animação de encerramento da segunda temporada.

Escrevi tanto sobre especulações e sobre como não é tão legal assim especular no caso desse anime, mas mesmo assim dei uma nota alta (4 de 5), o que se passa? Bom, acho que nem preciso falar sobre como a animação foi fenomenal, preciso? Você assistiu, você sabe, você viu. Não vou dizer que dá para acreditar ou levar muito à sério a maioria dos movimentos feitos no episódio, mesmo para os padrões já bem estabelecidos de Ataque dos Titãs, mas sem dúvida foi legal de se ver, não foi? Ponto para a produção do anime, bem acima da média nas cenas de ação desde a primeira temporada. Mas isso ainda não foi tudo o que o episódio tinha a oferecer.

Eis que um bando de garotos precisa enfrentar humanos. Eles já viram muitos parceiros morrer, soldados, amigos, pessoas da família ou anônimas. Os titãs mataram. Por isso ficaram chocados quando descobriram que alguns titãs eram humanos. O único com quem convivem até hoje, porém, é o Eren, e ele não sabe nada sobre o que ele mesmo é. É um “titã com bom coração”, ou algo nesse sentido. Bem diferente dos outros titãs devoradores de gente. Os demais gentes-titãs todos fugiram (ou no caso da Annie, virou pedra) logo depois da revelação, então nunca ninguém teve tempo de perguntar a eles “por quê?” e conversar direito sobre essa história deles serem titãs. Para todos os efeitos, os titãs devoradores de gente continuam sendo apenas monstros malignos, não humanos e irracionais. Mas agora eles precisam enfrentar pessoas de carne e osso de verdade que sequer viram titãs.

Que a Mikasa, precisando salvar o Eren, se entregue quase irrefletidamente a nova realidade já era mais do que esperado. Mas e os demais? No mundo horrível em que vivem, já tendo testemunhado tantas tragédias, até poderíamos perdoá-los caso se tornassem assassinos frios sem nem pensar duas vezes. Mas é muito mais legal ver humanos de verdade, que têm dúvidas, que não querem ter que matar outras pessoas – porque pessoas normais não querem matar outras pessoas. Jean, que hesitou, e Armin, que não hesitou mas ficou profundamente abalado depois, foram os destaques. Também gostei do Levi dizendo ao Jean que ele não deveria deixar de questionar a si mesmo. Render-se ao extremo oposto de “matar pessoas é errado” só porque é conveniente na atual circunstância é tão perigoso quanto. Ele agiu não como um chefe, não como um líder, mas como um guia e um modelo para essas crianças. Acho que é a primeira vez que gosto de verdade do Levi desde o começo do anime, lá na primeira temporada. Espero que seus fãs poupem minha vida enquanto encerro esse artigo com um elogio ao personagem. Pelo menos até o final da temporada, por favor? ❤