Junte um cara na casa dos 30 sem nenhuma perspectiva de vida e um rapaz nos seus 18 anos, cheio de complexos e sabichão, qual o resultado que temos? RobiHachi. O anime se apresenta como uma comédia no estilo de Space Dandy – se passando num futuro bem longínquo também -, mas infelizmente sem o time estelar que compôs a outra série.

Se este pequeno fator elimina ou desvaloriza a qualidade da obra, eu ainda não sei, contudo RobiHachi teve um início no mínimo simpático e que mostrou o potencial que tem pra avançar seja lá para que lado ele pretende ir.

Yaji Robby é um trabalhador freelancer completamente fora de órbita, mas não no sentido de ser louco – embora ele transpareça isso -, o problema reside no fato de Robby “viajar na maionese”.

Ele vive na mais absoluta maré de azar, vendo todos os seus planos darem errado, o seu dinheiro se esvair como água que desce pelo ralo e toda uma sequência de eventos desastrosos até nos mínimos detalhes – incluindo se acidentar tentando corrigir o erro anterior, que já era uma correção falha de outro.

O que mais me choca é a imaturidade e burrice dele em continuar investindo em coisas que não dão certo, mesmo depois de já ter quebrado a cara uma porção de vezes. Ainda assim, devo dar algum crédito ao bom humor dele em meio ao infortúnio e seu espírito otimista que parece não ter limites.

Enquanto persegue um meliante que estava saqueando sua bolsa cheia de dinheiro, Robby acaba conhecendo a Hachi, que dá uma pequena mão ao azarado e resolve o problema.

A primeira coisa a pontuar é as particularidades desse mundo, onde não se utiliza mais o dinheiro físico, tudo se resolve através de umas pulseiras que contêm todos os dados, documentos e utilitários que sejam necessários.

O protagonista, além de sem noção, ainda é vintage – apesar de não ser comum e bem aceito, o dinheiro ainda era recebido e de algum modo convertido no valor adicionado à pulseira -, mas isso não o traz benefício nenhum, embora ele pense de modo contrário nos seus planos de grandeza que nunca vão dar certo diga-se de passagem.

Indo de encontro a todo esse caos e desequilíbrio, temos Hachi, um jovem superdotado que já não encontra prazeres na vida por achar tudo muito superficial e previsível para sua mente fantástica – buscando novidades no improviso e no desconhecido.

Durante o tempo que passa com Robby, o rapaz saca que ele é uma fonte de situações imprevistas e antes que ele fosse embora, aprende com ele uma lição sobre sair da zona de conforto – mesmo que o doido não fosse um retrato do sucesso nesse caso.

Em uma de suas tentativas furadas de ganhar dinheiro fácil, o freelancer acaba sendo enganado novamente e caindo nas mãos de um agiota bizarro, Yang. Não sendo suficiente, o mafioso manda uma outra figura conhecida ficar no seu encalço, Hachi – que está radiante por mais um evento inesperado, para desespero de Robby.

Tentando se livrar de seus caçadores, o protagonista faz sua nave levantar voo e se mandar, esquecendo que Hachi ficou lá dentro. Nesse momento, surge um terceiro membro, o robô da nave, que parece ser mais malandro e inteligente, falando as verdades e não dando moleza pro companheiro – e certíssimo, porque se depender de alguém lunático como ele a “vaca vai pro brejo”.

Quando as coisas estavam indo bem, o agiota reaparece e cerca a dupla, sendo vencido por um mecha combinado, que surge nos 45 do segundo tempo como a última cartada. Depois da vitória, Hachi faz uma proposta tão inesperada quanto o imprevisível que buscava, se aliando a Robby na jornada até Isekandar, a terra dos sonhos.

Pela falta de experiência e tempo de vida, era de se imaginar que o rapaz fosse mergulhar nessa aventura junto a uma pessoa louca, atrás de novidades. O fato é que Yang e sua trupe de mercenários vai voltar, o caminho até a sonhada vida de luxo e conforto sem precisar trabalhar, que Robby almeja, também está longe de ter um início.

Falando em Isekandar, fiquei curioso sobre o que de fato é esse lugar e porque ele é tão incrível – me pergunto se seria tipo uma El Dorado (Garo: Vanishing Line), mas sem os horrors. Outra coisa que achei estranha foi aquelas vinhetas com os coelhinhos cantando e mostrando alguma coisa aleatória, não fez sentido para mim. Já focando no conjunto, o anime teve um pontapé satisfatório.

A dinâmica entre os dois protagonistas e o robô é bem divertida, cada um tem características diferentes e clichês, mas que quando mescladas funcionam bem – também achei eles dois parecidos com a dupla principal de Double Decker: Doug & Kirill, só que com as personalidades invertidas.

A parte técnica não impressionou ou decepcionou, apenas cumpriu bem seu papel, porém foi uma estreia bem legal e que pode oferecer um bom resultado se souber usar os personagens ao seu favor.

Comentários